“Estamos construindo nesse país imenso uma rede de alto desempenho que conectará pontos muito especiais que podem fornecer capacidades únicas para nossa ciência e educação superior”. A declaração foi dada por Gorgonio Araújo, diretor-adjunto de relacionamento institucional da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), no painel “Rede de e-Ciência e o programa Conecta”, no primeiro dia do 25º Workshop RNP (WRNP).
Realizado no Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ), nos dias 20 e 21 de maio, o evento reuniu especialistas para discutir as principais novidades em tecnologia e seu uso na área de educação e pesquisa.
O Conecta visa ampliar a conectividade das instituições de ensino e pesquisa com mais segurança e qualidade. A rede e-Ciência é uma das frentes do programa, que permitirá o fluxo de grande volume de dados com velocidade e segurança.
“Essa é uma rede que faz parte da nossa infraestrutura, com capacidade para integrar e comunicar dispositivos, facilidades, supercomputadores, laboratórios, processadores de imagens e luz. O futuro que estamos construindo é na base do compartilhamento”, explicou Araújo.
Humberto Forsan, gerente de Engenharia de Segurança da Informação da RNP, falou sobre os mecanismos de segurança que estão sendo incluídos na rede e revelou que o processo está sendo desafiador.
“Temos que garantir que uma ameaça não se propague para dentro da rede, já que temos trocas de informações. São várias vertentes separadas que estamos unificando para ver o melhor cenário e garantir que essas informações fiquem seguras”, ressaltou.
O debate contou ainda com a participação de Jeferson Souza, especialista em suporte à rede e-Ciência da RNP, e Aluizio Abrahao Hazin Filho, coordenador de backbone da instituição.
No painel “Ciberinfraestrutura para Grandes Projetos de Pesquisa”, especialistas discutiram a ciberinfraestrutura necessária para atender a grandes projetos de pesquisa no país. Amilcar Queiroz, coordenador do projeto do radiotelescópio BINGO, o maior da América Latina, considera que um dos grandes desafios é dar prioridade às melhores iniciativas e sugeriu a criação de uma entidade responsável por essas escolhas.
“Precisamos ter a coragem de priorizar, ainda mais quando falamos de grandes projetos. E uma de nossas principais propostas é um fórum que orquestre esses grandes projetos, formado por entidades estatais, gestores públicos e representantes da sociedade civil. Eles formariam um conselho para mapear e priorizar estrategicamente os grandes projetos, além de avaliar seu nível de maturidade e assessorá-los quanto à capacitação de recursos e gestão. A RNP tem um papel a ser desempenhado nessa formação”, explicou.
Ulisses Campoi Martins Rosa, coordenador de fomento à inovação no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), falou sobre o que o governo pode fazer para apoiar a área de educação e pesquisa.
“O primeiro apoio é em pesquisa e desenvolvimento. Tecnologia e inovação são primordiais, já que internet das coisas, inteligência artificial e automação estão redefinindo a gestão das infraestruturas em grande escala. Capacitação também é importante, principalmente na área de cibersegurança. Com o aumento do volume de dados e as ameaças cibernéticas, é fundamental ter uma política de formação de recursos humanos”, afirmou.
O painel teve ainda a participação de Antonio José Roque da Silva, diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Ele mostrou alguns dos grandes projetos de pesquisa no país e falou sobre aspectos técnicos das iniciativas.
O papel da tecnologia e da divulgação científica na sociedade
Em seu último dia, o WRNP refletiu também sobre o papel da tecnologia e da divulgação científica na transformação da sociedade. “É uma missão muito importante levar para fora e conectar com o mundo o que está sendo discutido sobre ciência”, apontou Renata Feltrin, diretora-executiva da CI&T, durante o painel “Conectando Comunidades e Transformando Sociedades”.
“Vivemos em uma sociedade em rede, que estabelece uma nova dinâmica de relacionamento entre as pessoas. As informações são distribuídas muito mais rápido. Só com tecnologia e ciência de mãos dadas podemos navegar em um mundo complexo. Temos que inspirar curiosidade nessa nação, incentivar o pensamento crítico e empoderar os cidadãos. A tecnologia não é só o fim, é também um meio de disseminar de forma positiva essa informação”, ressaltou.
Divulgação aberta de dados sobre conexões de internet
O WRNP contou ainda com um palestrante internacional. Líder técnico de análise de redes no Google, Christophe Diot, abordou a avaliação de dados de tráfego de internet e a divulgação acessível dessas informações. No painel em conjunto com o SBRC (Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos), “Internet Performance Transparency and M-LAB”, o especialista também falou sobre a iniciativa MLab, que faz esse tipo de avaliação.
“Uma das razões para analisarmos a internet é garantir que os pesquisadores entendam seu uso. A internet está progredindo por causa desses dados de pesquisa. A MLab foi criada para analisar o tráfego na internet, guardar as informações e tornar esses dados disponíveis para todos”, explicou.
A palestra de Diot contou com a moderação dos professor da UFF Antonio Augusto de Aragão Rocha, do professor da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Edmundo de Souza e Silva e de Daniel José da Silva Neto, analista de sistemas no Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da RNP.
Acesse o conteúdo do 25º WRNP
Ao longo de dois dias, o 25º WRNP recebeu mais de 300 pessoas presencialmente e cerca de 3.000 online para debates sobre novas tecnologias e desafios na área de educação e pesquisa. Foram mais de 20 horas de programação que você pode ver e rever no YouTube da RNP. A próxima edição do WRNP será em Natal (RN), de 26 a 27 de maio de 2025. Até lá!