O futuro é sempre imprevisível e por mais que diferentes frentes tenham a capacidade de medir ou estimar seus resultados a longo prazo, métodos e práticas são as principais incógnitas para que o novo seja atingido com sucesso. E, se no nosso dia a dia sempre estamos considerando o que virá pela frente, na cultura organizacional de uma empresa não é diferente. Pelo menos, assim deveria, como abordado por Mario Rosa e Gino Terentim no Fórum RNP 2020: encontro com o futuro.
Afinal, existe uma forma para que o imprevisível seja descoberto? Ou melhor, de que maneira inovar pode ser o método mais assertivo da sua empresa para o futuro?
Para responder estas questões Mario Rosa elencou 6 dicas essenciais, assim como, Gino Terentim explica a nova era do “E”. Confira!
Liderança Dinâmica como o Jazz
Mario Rosa, sócio e responsável pela Echos Laboratório de inovação em Portugal, também Diretor da ABEDESIGN (Associação Brasileira das Empresas de Design), Brand Strategist e Design Thinker, analisa a forma cultural onde as empresas e sociedade se enxergam e interagem, principalmente, quando refere-se ao formato da liderança.
Em sua fala no Fórum RNP 2020, Mario trouxe a analogia do maestro de uma orquestra, comparando a mesma estrutura de comando e controle utilizada em escolas, universidades, na política, na economia e, até mesmo, em casa, onde a potência criada está focada no líder, “todas as construções, de uma forma geral, onde a gente é inserido se baseiam em uma mesma estrutura de comando e controle”, explica.
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Em contrapartida ao modelo da orquestra exemplificado por Mario, ele propõe uma prática mais compartilhada, onde a liderança de uma empresa esteja disposta a aumentar o grau de interatividade entre as pessoas e, assim, navegar pela chamada “jornada da inovação”.
E, nada mais dinâmico e fluido do que o Jazz. Fugindo da arquitetura clássica, Mario mostra como o formato baseado no improviso e na agilidade (do Jazz) podem ser visualizados em respostas mais competentes. “O improviso não é fazer de qualquer jeito, significa que o indivíduo é tão bom tecnicamente que ele consegue usar outras informações do repertório para criar coisas novas”, explica.
Logo, quando pensamos na inovação, o receio é sempre a resposta imediata. Medo de romper culturas, modelos e planos. Assim, uma das contribuições da fala de Mario é justamente questionar e estimular a reflexão sobre a maneira em que a lógica da inovação acontece, ou seja, por meio da interação das pessoas, o que não cabe mais aos antigos modelos organizacionais, “Quanto mais controle, menor vai ser a capacidade de inovação”, pontua.
“Os planos são, de uma forma geral, os inimigos da inovação”
Longe de esquecer métodos e planejamentos, inovar está muito mais interligado à prática como resposta ao que surge como novo e o urgente. Para Mário, se continuarmos repetindo os mesmos feitos, quando estaremos prontos para inovar? Desta forma, ele reforça, “os planos são, de uma forma geral, inimigos da inovação se eles não são abertos para atuar com aquilo que emerge”.
E, em um horizonte muito próximo, as inovações já acontecem. Para quem lidera ou executa, os novos formatos instigam para além da capacidade de realizar um processo, mas sim de comunicar uma cultura da qual todos passam a fazer parte.
Para isso, transformando a lógica, Mário propõe, “A pergunta não é “Como eu faço a inovação acontecer”, mas sim “Como eu crio o contexto para que a inovação aconteça?”. E assim, faz o convite a 6 dicas essenciais para que você possa encontrar e construir respostas na sua cultura pessoal e organizacional.
6 Dicas para uma liderança dinâmica:
1 – Saia da defensiva e aceite o erro!
2 – Diga mais sim do que não;
3 – Todos têm seu tempo para fazer um solo;
4 – Ludicidade é coisa séria e lucrativa;
5 – Provoque as competências das pessoas;
6 – Improvisar é negociar.
Por mais “E” e menos “OU”, não é Gino?
Enquanto pensamos na mudança da cultura das empresas e a sua receptividade à inovação, Gino Terentim, CEO na Gino Terentim, provoca o exercício da transição de um estado para outro. “Quanto tempo passaremos em estado de transição para sermos diferentes?”, questiona.
A diferença nos modelos e nas respostas de transformações são nítidas e tangíveis através de dados e de informações. Como mostrado por Gino, há 10 anos o primeiro vídeo era lançado no YouTube, assim como, conhecíamos o Orkut. De lá para cá, a mudança não só na comunicação, mas na relação entre as pessoas tomou um outro rumo e diferentes formatos.
Nesta mesma lógica, liderar, gerir e inovar partem do conceito de se reinventar. “É muito menos uma mudança de cultura e é muito mais uma cultura de mudança. É muito menos nos prepararmos para uma mudança e é muito mais estarmos mudando o tempo todo”, ressalta.
Uma organização ambidestra
“O grande desafio da era do “e” é olharmos para as coisas com a visão do “e” e não com a visão do “ou”. Ou seja, deixemos de optar pelas coisas e sim passemos a possibilitar novas alternativas que se complementem e não se anulem.
Para Gino, “uma organização ambidestra alcança inovações revolucionárias, enquanto melhora, incansavelmente, a maneira como executa o modelo de negócio, atua e atende os clientes existentes”. Ao entender o que é positivo e inovador para uma empresa, fica cada vez mais fácil trabalhar a inserção da mudança e, consequentemente, a gestão.
Assim como a transição de estados, Gino conclui com uma transição metafórica. “Sabe qual o sentimento da lagarta no momento em que ela se transforma em borboleta? Naquele momento de transição, aquilo que a lagarta chama de fim, o resto do mundo chama de borboleta”.