O OpenRAN@Brasil foi o tema da abertura do 24º WRNP. Lançado pela RNP em parceria com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) há dois anos, o programa busca apoiar o desenvolvimento da tecnologia 5G de forma segura, com alta disponibilidade e desempenho, e acelerar o uso de redes abertas no país. O painel foi apresentado por José Ferreira Rezende, doutor em Ciência da Computação, professor associado do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da UFRJ e assessor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) na RNP.
Rezende destacou que o OpenRAN@Brasil se insere em um movimento global de Open RAN. “Os EUA estão investindo US$ 1,5 bilhão em Open RAN. Na Ásia e na Europa, também estão todos muito envolvidos com essa iniciativa”, ressaltou Rezende.
Os principais objetivos do programa aqui no Brasil consistem em acelerar o desenvolvimento do ecossistema de redes abertas e desagregadas e capacitar engenheiros de rede, desenvolvedores e pesquisadores nos diversos domínios tecnológicos. O OpenRan@Brasil é dividido em três fases, previstas para acontecer em até cinco anos. “As duas primeiras fases já estão em andamento. Estamos elaborando a fase três, com previsão de início em 2024”, explicou Rezende.
A fase 1, iniciada no ano passado, prevê, por exemplo, a construção de um testbed em Campinas e no Rio de Janeiro e uma chamada pública direcionada à academia para desenvolvimento dos componentes do testbed. A fase 2, que está em execução no momento, tem por objetivos desenvolver uma unidade de rádio 5G e avaliar o risco cibernético do programa, entre outros.
Rezende explicou que o desenvolvimento da unidade de rádio precisa estar em conformidade com a O-RAN Alliance, comunidade global com centenas de operadoras, fornecedores e instituições de pesquisa, responsável por definir as especificações para todos os componentes de Open RAN e suas interfaces.
Além disso, a unidade de rádio 5G que está sendo desenvolvida precisa ter grau de programabilidade e flexibilidade, nicho de mercado nacional e permitir a inovação do uso de inteligência artificial e machine learning. “O que nós queremos ao final da segunda fase é a procura de parceiros na indústria nacional para a fabricação dessa unidade de rádio”, detalhou Rezende.
O assessor de PD&I da RNP também pontuou a dificuldade de mão de obra especializada para trabalhar com essas novas tecnologias. “Os pesquisadores discutem muito o perfil que é exigido para se trabalhar nessa área. Precisamos de pessoas que entendam não só de sistema e software, mas também de toda a parte de telecomunicações. Esse nicho exige conhecimento de processamento de sinal e otimização do software. Há muitos desafios, até mesmo para encontrar pessoas com esse duplo perfil, mas acredito que rapidamente conseguiremos sanar esse gap na formação de pessoas”.
CGI.Br organiza Observatório de monitoramento em cibersegurança
Após a apresentação do OpenRan@Brasil, o físico Percival Henriques de Souza Neto, representante titular do Terceiro Setor no Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.Br), falou sobre o Observatório criado dentro da estrutura do CGI.Br para se tornar um hub de informações nacionais sobre cibersegurança. Um dos principais objetivos é monitorar no Brasil e no exterior o desenvolvimento de leis sobre cibersegurança e acompanhar as tendências e a escalada de eventuais ameaças e medir eficácia na contenção de danos. O CGI.Br é um dos patrocinadores do 24° WRNP.