Durante a pandemia, empresas precisaram se transformar digitalmente. Para os gestores de segurança, esse novo contexto trouxe grandes desafios porque aumentou a necessidade de profissionais com os mais diversos perfis. Esse foi um dos tópicos discutidos durante o RNPSeg’21, evento promovido pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e direcionado aos gestores de TI de nível executivo com ênfase em cibersegurança.
O painel de palestrantes do RNPSeg’21 contou com nomes de peso do mercado de segurança da informação: Marcello Zillo, Chief Security Advisor da Microsoft; Anchises Moraes, Ciber Evangelista da C6 Bank; e Emilio Nakamura, Diretor de Cibersegurança da RNP.
O debate gerou reflexões sobre como, além do contexto pandêmico, as transformações tecnológicas e o desenvolvimento de novas formas de ciberataque geraram uma grande demanda de profissionais para o setor. Questões relativas ao mercado de trabalho e qualificação permearam a discussão.
De acordo com Anchises Moraes, há algum tempo, uma pessoa era suficiente para proteger uma empresa, mas essa realidade mudou. “Eu mesmo trabalhei em uma empresa de grande porte que tinha dois profissionais de segurança, e esse era o padrão de mercado. Hoje, por conta da complexidade tecnológica, dos ciberataques, e das ameaças que nós temos, uma única pessoa não consegue realizar esse trabalho sozinha”, explicou.
A escassez de profissionais entra em voga diante da necessidade de perfis com habilidades diferentes nos times de segurança. A jornalista especialista em tecnologia e repórter do Valor Econômico, Daniela Braun, também participou do evento e suscitou o debate sobre esse déficit no mercado da cibersegurança.
Para responde-la, Emílio Nakamura afirmou ter certeza que existe essa escassez. “A oportunidade não está mais só no Brasil, na nossa cidade, tenho muitos colegas que conseguiram emprego em outros países e continuam morando no Brasil sendo remunerados em dólar ou euro. Fica difícil competir em um cenário dessa natureza. Só no Brasil, existem 441 mil profissionais faltando na área de cibersegurança”, respondeu.
Marcello Zillo aproveitou para destacar que esse déficit pode criar times mais multidisciplinares. “Migrar de TI para cibersegurança é um caminho quase natural. Mas isso está mudando. Eu vejo hoje profissionais de outras áreas, com outras formações, entrando no mercado de segurança. Isso é super positivo. A gente precisa de um time com perfis diferentes. Temos que buscar profissionais generalistas, ajudá-los nesse processo de transição e começar a formar novos profissionais o mais rápido possível. Isso podemos fazer dando chance a pessoas menos experientes, que vão se preparar para serem mais capacitadas daqui a dois ou três anos”, revelou.
Sobre os desafios da profissão, Anchises comentou que o profissional de segurança combate uma luta desonesta contra cibercriminosos. “Eles criam uma nova técnica de ataque e a gente vai buscar formas de correção. Por mais que a gente tente prever as possibilidades de ataque, eles estão na inovação. Na melhor das hipóteses, a gente consegue empatar a guerra. Enquanto nós olhamos para um todo, eles só precisam de uma brecha”, disse.
Ao fim do debate, Zillo estimulou profissionais a fomentarem a formação de jovens e pessoas que tragam mais diversidade para a área da segurança. “A gente tem que ajudar no processo de transformação da nossa área, usando a diversidade também como motor para reduzir o gap de profissionais. Se cada profissional de segurança pudesse mentorar alguém interessado em entrar na área, quantos profissionais não teríamos daqui a três anos? Muitos jovens querem entrar no mercado, mas precisam de ajuda”, finalizou.
O RNPSeg’20 é realizado pelo Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança (CAIS/RNP). Devido à pandemia, o evento contou com plateia online e uma transmissão ao vivo pelo canal do YouTube da RNP. Assista a transmissão completa: