No início de junho, o Ministério da Educação (MEC) e a RNP lançaram o Eduplay, plataforma universitária de conteúdo audiovisual. O que hoje é tão presente em nossas vidas, o streaming de áudio e vídeo, para atividades de estudo, trabalho e entretenimento, começou a ser desenvolvido há quase 20 anos pela comunidade científica, em uma época em que ainda não existia o YouTube.
A história de desenvolvimento do Eduplay envolveu a contribuição de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Em 2003, a ideia de criar uma rede de distribuição de vídeos foi selecionada pelo Programa de Grupos de Trabalho da RNP, o GT-Vídeo Digital. A título de comparação, o site de vídeos YouTube foi criado em 2005, sendo comprado pelo Google pouco tempo depois.
Este foi o desafio do Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (Lavid-UFPB), coordenado pelo professor Guido Lemos, que construiu a primeira rede de distribuição de vídeo para o Sistema RNP.
Em 2012, quando já havia uma presença maior de vídeos na internet, era preciso criar uma solução para gerenciar esses vídeos. Foi quando surgiu o portal Vídeo@RNP criado por pesquisadores do Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores (LARC-USP), liderados pela professora Regina Silveira. Desse trabalho, também surgiu uma empresa spin-off como resultado do processo de inovação formada por alunos da USP, a BrainyIT.
Na cerimônia de lançamento do Eduplay no MEC, o diretor-geral da RNP Nelson Simões destacou a tecnologia por trás dessas redes de distribuição de conteúdo. “Nós não percebemos, mas existe uma arquitetura por trás que permite que os vídeos sejam entregues para milhares de pessoas simultaneamente com qualidade e segurança”, ele afirmou.
Benefícios para a comunidade
Tecnologia adaptativa
Uma das novidades trazidas pelo Eduplay é a sua tecnologia de transmissão adaptativa, que adequa a qualidade do vídeo de acordo com a qualidade de acesso à internet do usuário final, permitindo a democratização ao acesso. “Isso é possível graças à rede de distribuição de conteúdo (CDN), presente em todas as capitais pela rede Ipê, que facilita essa distribuição de forma mais eficiente”, explica o responsável pelo serviço na RNP, Marcelino Cunha.
Segurança
Por ser um repositório de vídeos, o Eduplay também desonera a instituição da necessidade de investir equipamentos para armazenar esse conteúdo. Ele traz segurança, uma vez que as instituições que podem postar conteúdo fazem parte da Comunidade Acadêmica Federada (CAFe).
Aulas síncronas
Além disso, a plataforma não veicula propagandas comerciais e está integrada ao Moodle e ao serviço de Conferência Web da RNP. “Com essa integração, o professor pode realizar aulas síncronas e esse conteúdo é transmitido para até 4 mil pessoas em uma mesma sala. O curioso é que, com a pandemia, passaram a ser transmitidas não apenas aulas, mas também formaturas e colações de grau”, avaliou Marcelino Cunha.
Player com mais funcionalidades
Após a reformulação, o Eduplay implementou melhorias em sua interface, levando em consideração a experiência do usuário. Também lançou novas funcionalidades como a criação de playlists, a transmissão de conteúdo para a SmartTV, a habilitação de legendas, pelo closed caption, em um ou mais idiomas, e a habilitação de chats.
Inteligência Artificial
Para a evolução do serviço, alguns próximos passos em desenvolvimento são o uso de Inteligência Artificial para geração de legendas automáticas e interpretação de Libras para maior acessibilidade e inclusão.
Vídeo como o futuro da aprendizagem
Para o diretor da RNP, Nelson Simões, além de ajudar a compartilhar vídeos com segurança e equidade, o Eduplay também abre oportunidades de experimentação com as novas linguagens em vídeo que estão surgindo.
“É importante seguir aprimorando as visões de futuro e testando os novos conceitos, para que as nossas plataformas para a educação possam ser seguras, possam permitir uma educação de qualidade, independentemente da localização do aluno e do professor”, disse.
O Eduplay em números
2 mil transmissões diárias por mês
30 mil videoaulas gravadas
Impacto da pandemia
3,5 milhões de acessos em 2019
10 milhões de acessos em 2020