Primeiro dia do #wrnp2020 debate inovação, infraestruturas para pesquisa e blockchain

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Na abertura da 21ª edição do Workshop RNP (WRNP 2020), a diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação da RNP, Iara Machado, explicou aos participantes todo o contexto que envolveu a decisão de adiar o evento, seguindo a decisão da SBC com rela´[ao ao SBRC, e realizá-lo online, em razão da pandemia. Ela destacou a importância da realização do encontro virtual, apesar de todas as dificuldades.

“Estamos tentando trazer uma nova experiência. O espírito do WRNP é esse: compartilhar nossas atividades, os planos pro futuro e ouvir vocês participantes. Falem tudo que vocês acharem. Tudo será acolhido, porque queremos construir um futuro em conjunto com vocês”, afirmou a diretora.

Programa de Grupos de trabalho da RNP: presente e futuro

No primeiro painel do dia, o diretor-adjunto de Gestão de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação, Lisandro Granville e o gerente de Gestão de P&D, André Marins, apresentaram a reestruturação da área dentro da RNP com a absorção do Centro de Tecnologias Digitais para Informação e Comunicação (CTIC) e  falaram sobre as mudanças de paradigmas que aconteceram no edital de P&D desde o ano passado.

“A transformação visou, justamente, buscar a aproximação de startups com os Grupos de Trabalho (GTs). Ou aproximar de existentes ou criar novas startups. Com isso, o novo edital busca uma oferta de valor mais rápida. Os GTs recebem capacitação empreendedora no início do desenvolvimento do projeto e têm o compromisso de desenvolver o primeiro modelo de negócios e a visão do produto ou serviço em três meses”, explicou Marins.

Na sequência, oito representantes dos GTs selecionados nos editais de 2019 e 2020 apresentaram pitches, de cinco minutos, com os objetivos e status dos projetos.
Confira quais são:

Primeira fase
Michele Nogueira – GT Arquimedes
Fabiola Greve – GT CHainID
Rafael Ferreira Mello – GT FeedbackBot
Dianne Scherly Medeiros – GT RLProvide-MI

Segunda fase
Andrey Brito – GT LiteCampus
Wagner Monteverde –  GT Periscope
Jairo de Souza – GT RecMEM
Giuliano Maia – GT V4H

Painel debate as perspectivas da Blockchain no Brasil em diferentes esferas

As perspectivas sobre a tecnologia Blockchain no Brasil em diferentes esferas – em educação, governança, infraestrutura, identidade e aplicações – foram alvo de painel pela manhã, no primeiro dia do WRNP 2020, moderado pela professora e pesquisadora da UFBA, Fabiola Greve, que também coordena o Comitê Técnico Blockchain da RNP.

A pesquisadora defendeu as possibilidades da tecnologia como solução de identidade digital. “Blockchain é uma rede que contribui para o avanço da sociedade, pois é bastante centrada no humano. Tem transparência, permite auditabilidade, é inclusiva e democrática, oferece privacidade de dados. É o que chamamos de descentralização da economia, porque ela traz um novo paradigma nas relações de confiança”, afirmou Fabiola Greve.

O painel contou com a participação de palestrantes como: Igor Machado, professor da UFF e coordenador do GT-Educação; Marcela Gonçalves, Chief Development Officer da Multiledgers e coordenadora do GT-Governança e padrões; Billy Pinheiro, Chief Technology Officer da Amachains e coordenador do GT-Infraestrutura; Reynaldo Formigoni, gerente de soluções em Blockchain do CPqD, representando o coordenador do GT-Identidade digital descentralizada, Alberto Paradisi; Antonio Rocha, professor da UFF e coordenador do GT-Aplicações; e Glauber Dias Gonçalves, da UFPI, também do GT-Aplicações.

Tem interesse em saber mais? Acesse a página do CT-Blockchain na Wiki

Compartilhamento de plataformas e infraestruturas para o apoio à pesquisa e ensino de redes

“Você sabe o que é um testbed? Em português, o termo poderia ser traduzido como uma plataforma de teste, um teste de conceito ou de um produto, como um protótipo. Esses experimentos controlados em espaços reais são executados para comprovar a viabilidade técnica e econômica de soluções que aplicam conceitos da internet industrial. Foi sobre um testbed, que conta com mais de 20 organizações participantes e um orçamento de 20 milhões de dólares, que Ilya Baldin falou quando os microfones ficaram a sua disposição no primeiro dia do WRNP 2020. O primeiro keynote speaker do evento a se apresentar compartilhou sobre o projeto FABRIC: Infraestrutura de Pesquisa Adaptável e Programável em Ciências da Computação e Aplicações Científicas.  

O diretor de Rede de Pesquisa e Infraestrutura na Renaissance Computing Institute e integrante do time idealizador do FABRIC começou recaptulando o histórico dos chamados testbeds acadêmicos nos Estados Unidos: desde sua criação, em 2010, com capacidades básicas de computação em rede, programabilidade e escopo limitado; até os testbeds de 4ª geração, vigente até hoje, com recursos heterogêneos, usos avançados de aprendizagem de máquina e inteligência artificial, grandes larguras de banda dedicada, vasto leque de programabilidade e configurabilidade. Baldin explica como são construídos e como se sustentam os testbeds de sucesso: “São construídos a partir da combinação favorável das necessidades da comunidade, com uma lacuna nas capacidades dos testbeds existentes!”. 

O FABRIC é um desses casos. Nascido na quarta e última geração existente, com Dados como Serviço (DaaS), o projeto é “um testbed de rede programável em âmbito nacional, com capacidade de armazenamento computacional significativa em cada nó. Na verdade, aonde geralmente encontraríamos um roteador, no FABRIC você encontra um cluster com um switch e roteador capacitado, como também servidores que podem intervir no caminho dos fluxos de pacote capazes de processar esses dados em tempo real, em grande quantidade”, detalha Baldin.  Segundo ele, na proposta, “cada experimento é, de algum modo, independente, mas que traz oportunidades agregando recursos, instrumentos, e capacidades computacionais de fora, para serem incluídos nos experimentos”. 

Baldin defende que o FABRIC está dentro de uma transformação ainda maior na economia de armazenamento computacional. “Se tivermos que fabricar um roteador hoje, começando do zero, considerando o custo de computação e armazenamento que se tem hoje, provavelmente não se pareceria com os roteadores que fabricamos hoje. Há muitas premissas legadas. Houve uma explosão de capacidade computacional aumentada, GPU’s, FPGA’s, entre outros tipos de capacidades computacionais auxiliares. Em suma, tudo isso se resume a uma oportunidade para tentar repensar a arquitetura de redes de forma mais dinâmica, simplesmente porque agora, tecnologicamente, é possível manter e processar mais do que antes era impossível”, argumenta ele.

Desafios na oferta de serviços e cibersegurança durante a pandemia 

O ano de 2020 trouxe novas exigências para garantir a segurança e disponibilidade de serviços remotamente, em ambiente de redes totalmente distribuído. Na tarde do primeiro dia do WRNP, o evento trouxe o painel com gestores da área de Serviços e de Cibersegurança da RNP para falarem justamente desses desafios. O encontro foi moderado pelo diretor de Administração e Finanças, José Luiz Ribeiro Filho, e contou com a participação de Antonio Carlos F. Nunes, diretor de Serviços e Soluções, e Emilio Nakamura, diretor-adjunto de Cibersegurança. 

“A pandemia veio para mostrar o papel que as redes acadêmicas desempenham para suas instituições usuárias”, declarou Antonio Carlos F. Nunes, exemplificando pelo aumento no uso do serviço de Conferência Web para o ensino remoto. Hoje, o serviço alcança a marca de 26 mil usuários simultâneos diariamente, podendo chegar à escala dos 100 mil nos próximos meses. Ele ainda destacou o projeto Alunos Conectados, executado pela RNP em parceria com o MEC, que já entregou mais de 68 mil chips de internet móvel em 70 instituições de educação superior no país.  

Na área de cibersegurança, 2020 foi o ano da entrada em vigor da LGPD, que exigiu ações de adequação, como a transparência no tratamento de dados pessoais e proteção contra vazamentos. O diretor-adjunto de Cibersegurança destacou que o ambiente organizacional passou a ser totalmente distribuído. “No início, a estratégia foi diminuir os requisitos de segurança, para liberação os acessos, para depois a retomada gradual. Outro ponto é a questão do perímetro. A rede da organização passou a ser a rede de todos os seus colaboradores em suas residências”, declarou o diretor-adjunto de Cibersegurança, Emilio Nakamura. 

O que o ecossistema de inovação precisa saber sobre o Sistema RNP?

A RNP e a Anprotec estão trabalhando de forma conjunta para estruturar uma rede de inovação nacional por meio da oferta da ciberinfraestrutura e serviços como uma plataforma para parques tecnológicos e outros atores. Esta parceria foi tema do debate moderado pelo presidente da Anprotec, Chico Saboya.

“O que a pandemia trouxe foi um sentido de emergência para o que já enfrentávamos. Chamou atenção para o quanto estamos atrasados ou lentos, por exemplo, para promover a transformação digital, disponibilizar serviços em nuvem ou usar ferramentas para o trabalho remoto. Por isso, a parceria entre a RNP e a Anprotec ganha ainda mais relevância”, destacou Chico.

 O coordenador de Gestão de P&D da RNP, Fausto Vetter, o diretor presidente do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT-GUAMÁ), Rodrigo Quites Reis e o professor da UFCG e diretor técnico do Centro de Inovação e Tecnologia Telmo Araújo (CITTA), Tiago Massoni, apresentaram os resultados do projeto piloto, que também contemplou o Parque Zenit (UFRGS), Parque Tecnológico da UFRJ,  PqTec de São  José  dos Campos e BIOTIC de Brasília.

“O maior desafio que enfrentamos na implementação do piloto foram os parques estarem esvaziados, mas também acabou sendo uma oportunidade. Não tendo gente fisicamente, a equipe técnica conseguiu focar mais na implantação dos serviços. A implantação, no entanto, ficou a desejar. Por isso decidimos expandir o tempo para que eles possam testar e termos esse feedback”, explicou Fausto.

Segundo Rodrigo Quites Reis, o piloto trouxe, entre outros benefícios, uma priorização das demandas do PCT-GUAMÁ. “Deixamos de ser usuário pendurado à UFPA, que é uma das maiores universidades em número de alunos no país. Claro que a universidade tem outras prioridades. Quando entramos no projeto, passamos a ser tratados como prioridades pela RNP, tendo nossas demandas atendidas com celeridade. E, por último, ganhamos um assento principal para a discussão da melhoria das redes ao redor”, contou Reis.

Com relação ao CITTA, Thiago Massoni observou que a pandemia acabou sendo um propulsor para que empresas concorrentes incrementassem seus serviços rapidamente, o que diminuiu o uso dos fornecidos pela RNP.

“O Conferencia Web foi muito utilizado no início da pandemia, mas as outras ferramentas competidoras evoluíram muito e acabaram igualando e ocupando o lugar. Evoluíram muito com relação à escalabilidade e funcionalidades. Recursos que só tinham no Conferência Web agora todos têm. Ficou mais difícil de convencer o pessoal a usar”, citou Massoni.

Empreendedorismo e Inovação 

A última apresentação do primeiro dia de evento contou com o diretor-geral da RNP Nelson Simões e o Secretário de Empreendedorismo e Inovação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MTCI) Paulo Alvim, para falar sobre o tema da pasta de Alvim. 

“Muito do que a gente fala sobre empreendedorismo teve que ser colocado em prática e de uma forma muito rápida em 2020. Muitos dos nossos planos tiveram que ser revistos e atualizados. Não só nos fomos desafiados, mas também fomos chamados a apoiar as instituições, alunos e professores”, argumentou Nelson. O líder máximo da RNP apresentou sobre o sistema RNP pós-Covid-19, explorando horizontes possíveis, oportunidades para transformação digital e elencou três principais impulsionadores de Tecnologia na Educação:  

  1. Segundo Nelson, precisamos pensar e repensar infraestrutura de TIC para educação e pesquisa, conectando além de campus, bem como os domicílios de alunos e professores, e utilizando o mecanismo de universalização para redes públicas essenciais 
  2. Ambiente previsível para aprendizagem: para o diretor-geral da RNP, adotar padrões e diretrizes comuns de outras ferramentas, escalar soluções, aprimorar o digital e fazer curadoria de conteúdos são boas respostas para cenários em que até os recursos encontram-se escassos. 
  3. Capacitação para apreender e ensinar: outro ponto fundamental apontado por Nelson é qualificar os ambientes para que possamos construir soluções de aprendizagem e de inovação, disponíveis a todos. 

Paulo Alvim colaborou com o debate, trazendo com visão do MCTI sobre o tema. “Agora na pandemia, ficou claro que todo o esforço e investimento em ciência e tecnologia se transformam em impacto e melhoria de vida da nossa população”, complementou. Paulo citou alguns dos principais feitos do Ministério e destacou o Plano Nacional de IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas), os marcos em tecnologia 4.0 como investimento em indústria agro e cidades inteligentes e sustentáveis, a disseminação do Turismo 4.0 e a solução de telemedicina como uma resposta à pandemia. “O mundo das tecnologias 4.0 é fundamental no processo de transformação digital”, afirma. O secretário aponta a inovação como um diferencial de competitividade, cada vez mais comum dentro das empresas e parte das raízes de empresas como startups”.