Para as questões urgentes da sociedade, a ciência é historicamente uma aliada para encontrar uma resposta à altura do dilema. Quer um exemplo? “Emergência Climática” foi o termo eleito pelo Dicionário Oxford como ‘Palavra do ano’, em 2019. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a mudança climática é um dos maiores desafios do nosso tempo, considerando seus impactos que afetam desde a produção de alimentos até o aumento do nível do mar. E quando essas questões são combinadas com uma outra previsão da ONU que aponta que, em 2050, a população mundial será de 9,7 bilhões de pessoas? É possível prever os impactos causados pelas mudanças climáticas, como a disponibilidade de recursos, considerando tendências como o aumento populacional? A resposta é sim.
O AdaptaBrasil MCTI foi criado para consolidar, integrar e disseminar informações que possibilitem o avanço das análises dos impactos observados e projetados no território nacional, dando subsídio aos tomadores de decisão para ações de adaptação. Isto é, a solução tecnológica oferece informações para que formuladores de políticas públicas, possam tomar decisões mais assertivas, considerando fatores climáticos, ambientais e econômicos. Inicialmente, a ferramenta contempla a região do semiárido, com expansão para todo o território nacional.
A ferramenta foi desenvolvida pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), com fomento e coordenação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e pesquisa e metodologia científica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Talvez você já tenha ouvido falar sobre o AdaptaBrasil MCTI, mas antes ele era chamado de SISMOI (Sistema Brasileiro de Monitoramento e Observação dos Impactos das Mudanças Climáticas).
A plataforma conta com diversos provedores de dados, entre eles, a própria RNP, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e os Ministérios da Saúde; Meio Ambiente; e Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Esses dados alimentam três setores estratégicos: água (com 27 indicadores), alimento (35 indicadores) e energia (23 indicadores). Já o risco de impacto é traçado por três elementos: vulnerabilidade, ameaça climática e exposição. Com base nesses indicadores, é possível ter previsões pessimistas ou otimistas para os anos 2030 e 2050 que podem ser consultadas por gestores e técnicos de governos locais, estaduais e nacional; associações; setor privado e sociedade civil; técnicos que trabalham no Plano Nacional de Adaptação e instituições acadêmicas.
O diretor-adjunto de Soluções da RNP, Antônio Carlos F. Nunes, explica as principais vantagens da solução tecnológica modelada na instituição: “Uma melhor compreensão dos riscos associados às mudanças climáticas, apoiando políticas públicas, pesquisas em diversas áreas e investimentos privados, são alguns dos importantes benefícios que a Plataforma AdaptaBrasil MCTI disponibiliza a partir de hoje para toda a sociedade. Inicialmente com foco no Semiárido brasileiro, a plataforma poderá evoluir gradativamente neste mapeamento para todo o território nacional”.
O lançamento
Nesta sexta-feira (9/10), a plataforma foi lançada em São José dos Campos (SP). Nas palavras do Secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, “simbolicamente no Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações”, comemorado em outubro. Na cerimônia de lançamento, o Secretário contextualizou: “As evidências mostram que muitos sistemas estão sendo afetados pelas possíveis mudanças que o clima apresenta, o que ameaça os múltiplos sistemas do globo terrestre, bem como os sistemas socioeconômicos. As situações associadas as alterações climáticas devem ser sentidas mais intensamente pela sociedade, considerando o aumento de demanda por recursos devido ao aumento populacional. Por esse motivo, o MCTI criou o AdaptaBrasil MCTI. Eu queria agradecer a toda a equipe do INPE, da RNP e do MCTI por hoje estarmos lançando essa plataforma”.
O Ministro de CTI e astronauta Marcos Pontes celebrou o lançamento. “O AdaptaBrasil MCTI é mais uma ferramenta que faz parte do conjunto de programas extremamente importantes para o trabalho para muitas outras organizações. É isso que a gente faz: nós conhecemos a ciência, temos monitoramento, conseguimos ‘puxar’, coletar e tratar os dados e isso ajuda muitas organizações a tomarem decisões. Agora, temos ações efetivas para, em conjunto, unindo esforços, conhecimento e dados, ofertarmos mais conhecimento e riqueza para o país e qualidade de vida para os nossos brasileiros. Essa é a missão do MCTI!”, vibrou Pontes, que foi aplaudido.
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