Science engagement ou engajamento científico é uma nova função cada vez mais estratégica nas redes nacionais para educação e pesquisa (NRENs), para o avanço da ciência orientada a dados, a chamada e-Ciência. Com isso em mente, a RNP criou o cargo de especialista em e-Ciência, posição que será assumida por Alex Moura (foto). O modelo segue os exemplos de outras redes internacionais, como a ESNet, nos Estados Unidos, e a GÉANT, na Europa.
Em entrevista à RNP, o responsável pela atividade na ESNet, Eli Dart, afirmou que os resultados dessa atividade estão centrados nas pessoas. “Um departamento de engajamento científico bem-sucedido ajuda cientistas e instalações a adotar as melhores práticas e os ensina novas tecnologias. Embora haja certamente partes técnicas nesse trabalho, há muito foco nas pessoas”, disse Dart.
Segundo ele, é importante que os líderes entendam que o trabalho de um departamento de Engajamento Científico pode levar mais tempo para ser realizado. “O envolvimento exige o estabelecimento de relacionamentos de longo prazo com a comunidade de usuários e o cultivo da confiança e do entendimento”, complementou o especialista.
Saiba mais sobre o tema na entrevista a seguir com Alex Moura.
– Quais são os desafios de implementar uma área de Science Engagement na RNP?
O essencial é estimular e manter relacionamentos com pessoas de outras organizações e suas diferentes culturas, buscando seu engajamento, para que eles tirem o melhor proveito dos serviços e soluções oferecidos pela RNP para acelerar seus trabalhos de pesquisa científica. Uma medida do sucesso nessa função será viabilizar colaborações científicas bem-sucedidas, o que requer doses de articulação, determinação e paciência para estabelecer e cultivar relacionamentos de longo prazo, com confiança e compreensão mútuas.
– Como você se sente ao ser indicado para assumir essa função?
É um privilégio. Tenho muito orgulho de ser um colaborador há mais de 20 anos e poder contribuir com sua missão, que considero muito importante por seu impacto, abrangência e benefícios para toda a sociedade, no país e no exterior. Ser pioneiro em uma nova e importante função de relacionamento com pessoas e comunidades do Sistema RNP será uma grande responsabilidade.
– Quais seriam as suas estratégias para promover o engajamento de cientistas?
Como na maioria dos relacionamentos, boa parte da estratégia passa pela comunicação, que precisa ser de boa qualidade, para manter o equilíbrio entre o discurso altamente técnico – que é a ferramenta dos pesquisadores e cientistas – e o discurso não especializado, sem deixar de fora aspectos culturais e políticos de cada comunidade. Por isso, será importante aproximação com pessoas da área de jornalismo científico, para ajudá-los a extrair a utilidade pública das pesquisas e também para que nos ajudem a disseminar aos pesquisadores os benefícios alcançados pelos que usam os serviços e soluções da RNP para apoiar suas atividades de e-Ciência.
Outra frente será fazer um mapeamento das pessoas, comunidades e projetos de pesquisa para conhecer mais sobre suas dores, dificuldades e desafios para internalizar esse conhecimento e procurar encontrar caminhos, desenvolver métodos e trabalhar junto com eles para encontrarmos as melhores soluções para seus problemas. Quando o atual ministro do MCTIC afirmou que “queria ver pesquisadores nas capas dos jornais”, gostaria que nessas notícias esses mesmos pesquisadores reconheçam a RNP como um parceiro de valor nas conquistas dos resultados.