Sensores conectados a sistemas de irrigação prometem trazer mais precisão e evitar desperdícios

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Uma parceria entre pesquisadores brasileiros e europeus pretende levar o conceito de Internet das Coisas (IoT) para o campo, por meio de um sistema de irrigação a taxa variada. O projeto Plataforma Inteligente de Gerenciamento de Água (em inglês, Swamp) vai desenvolver uma solução que distribui a quantidade exata de água na zona de manejo determinada dentro da lavoura. Com a nova solução, pretende-se utilizar a inteligência artificial para aumentar a precisão na aplicação da água e obter maior produtividade, evitando desperdícios.

A iniciativa é liderada pelo pesquisador Carlos Kamienski, da Universidade Federal do ABC (UFABC). Ele acredita que a maior contribuição do projeto é a produção de conhecimento prático, tendo em vista que os benefícios teóricos já são conhecidos. Para Kamienski, agora será possível testar e avaliar de que forma as técnicas funcionam e se elas são aplicáveis. “O fato de trabalhar em um consórcio com outras regiões, e também outros países, permite que pesquisadores com diferentes bagagens e expertises possam agir conjuntamente e compartilhar os resultados das experiências”, relata.

No Brasil, o Swamp fará a aplicação de projetos-pilotos em dois tipos de irrigação. Na região do Matopiba, que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, será aplicado um projeto de pivô central ligado a sensores inteligentes, nas culturas de soja e algodão. Já na Vinícola Guaspari, em Espírito Santo Pinhal, no estado de São Paulo, um piloto do Swamp será testado em técnicas de gotejamento na produção vinhas. Outras duas unidades serão implementadas e avaliadas também na Europa.

O pesquisador da Embrapa-Instrumentação, André Torre, explica que os sensores irão medir o potencial de água no solo, podendo detectar, por exemplo, a murcha permanente – no qual a planta não consegue mais retirar água do solo – e a capacidade de campo, que é a possibilidade máxima do solo em reter água antes do escorrimento superficial. “O processo ainda leva em conta diversos outros fatores, como a topografia do terreno e a condutividade elétrica do solo”, explica. A partir dessa enorme quantidade de informações, um processador Big Data conectado aos sensores irá interpretar os dados e dar respostas em tempo real, fazendo a gestão adequada do uso da água na irrigação.

Do lado brasileiro, o Swamp é fruto de uma parceria entre a Universidade Federal do ABC (UFABC), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Embrapa, a Fundação Educacional Inaciana “Padre Sabóia de Medeiros” (FEI), o Centro de Pesquisa e Inovação Brasil-Suécia (CISB) e a LeterTech Tecnologia Sustentável. Na Europa, participam outras cinco instituições: Instituto VTT – Centro de Pesquisa Técnica (Finlândia), Ixion – Indústria & Aeroespacial (Espanha), Intercrop – Agronegócios (Espanha), Universidade de Bologna (Itália) e Consorzio di Bonifica dell’Emilia Centrale (Itália).

A iniciativa irá receber R$ 4,8 milhões do governo brasileiro, por meio da RNP, que utiliza fundos da Lei de Informática, além de outros € 1.5 milhões financiados pelo programa H2020 da União Europeia.

Série: projetos selecionados pela 4ª Chamada Coordenada BR-UE em TIC

Esta é a segunda matéria da série de reportagens em que apresentaremos com detalhes os seis projetos selecionados pela 4ª Chamada Coordenada BR-UE em TIC. O objetivo é que os pesquisadores tenham espaço para apresentar de maneira concreta o que será desenvolvido nesse período de três anos de atividades financiadas pela cooperação. No Brasil, a chamada é realizada pela RNP, por meio do seu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologias Digitais para Informação e Comunicação (CTIC), sob a supervisão da Secretaria de Políticas de Informática (Sepin) do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Na próxima semana, você conhecerá o projeto OCARIoT, sigla em inglês para Solução Inteligente de Tratamento da Obesidade Infantil por meio do Potencial da Internet das Coisas.