Atualmente, para fazermos uma transação com segurança, usamos um intermediário como garantia, no qual confiamos. É nesse ponto que entram os bancos. Mas, se não precisássemos desse intermediário? Se pudéssemos fazer as transações diretamente entre as pessoas ou empresas, sem passar por um elo no meio?
É aí que entra a blockchain, tecnologia que usa a criptografia para manter um banco de dados distribuído (‘digital ledger’) ou livro-razão para registro de transações, que todos conectados à essa rede podem ver. Sua concepção parte da premissa de ser peer-to-peer, ou seja, ela dispensa intermediários certificadores para registrar, validar e autenticar documentos (moedas, certidões, contratos etc.).
Segundo o sócio e chefe da área de transformação digital da Kick Ventures, Cezar Taurion, a blockchain funciona como um registro distribuído, sem a necessidade de uma autoridade central para certificar quais transações são válidas e quais não são. “A nova transação apenas será aceita no registro e um novo bloco adicionado à cadeia de transações quando for considerada válida. Caso a maior parte dos nós não reconheça a adição ou modificação da entrada de registro, tal entrada é negada”, explicou Taurion, que conduziu um webinar sobre o tema, promovido pela Escola Superior de Redes (ESR) no dia 14/6.
De acordo com o especialista em TI, a blockchain pode ser usada para qualquer coisa que represente valor, além de moedas, como registros de propriedades, patentes, direitos autorais, certidões de nascimento, casamento e óbitos. Também permite reduzir fraudes, porque toda transação registrada pode ser visualizada por qualquer um. Outra vantagem apontada por ele é a integridade criptográfica de toda a transação, como o exame de múltiplos nós da arquitetura da blockchain, que protege contra ameaças e utilização mal intencionadas da tecnologia.
Para Cezar Taurion, a mudança trazida por essa tecnologia é disruptiva e já reconhecida pelo setor financeiro. “Sabe-se que, com blockchain, existe o potencial de criação de um cenário competitivo muito diferente do atual. Mas blockchain vai muito além do setor financeiro. O potencial de ruptura é grande, inclusive ameaçando os antigos intermediários que mantém modelos de negócios tradicionais baseados em garantia de confiança, como tabeliões e autoridades públicas de registro de automóveis, casamentos, propriedades, patentes, passaportes, registros médicos, entre outros”, afirmou. Ele sinaliza que um dos campos que pode se beneficiar com blockchain é o de educação e pesquisa, uma vez que pode ser usada para aplicações próprias, como registros acadêmicos, patentes e propriedade intelectual, autoria de artigos e estudos.
A recomendação feita pelo especialista é acompanhar e experimentar essa tendência, mas com precaução, por não haver ainda algo relevante em produção por uma grande corporação. “As possibilidades de novos negócios e novos mercados trazidas pela tecnologia descentralizada do blockchain são indiscutíveis. Contudo, na prática, enquanto a tecnologia não estiver mais madura, existem muitos riscos associados ao uso de smart contracts, principalmente no tocante à segurança”, alertou Taurion.
Ele destaca ainda a importância de estudos voltados ao impacto de blockchain na sociedade. “A tecnologia blockchain ainda é novidade, temos muitas incertezas e dúvidas, mas o seu potencial de disrupção é enorme e afetará modelos de negócios e organização das empresas”, avalia. “Quanto mais informações forem divulgadas, estudos e pesquisas realizados, criaremos massa crítica de conhecimento para entendermos e explorarmos seu potencial”, concluiu.
Quer saber mais sobre o assunto? Assista ao vídeo do webinar promovido pela ESR sobre blockchain.