[[{“fid”:”1297″,”view_mode”:”default”,”fields”:{“format”:”default”,”field_file_image_alt_text[und][0][value]”:””,”field_file_image_title_text[und][0][value]”:””},”type”:”media”,”attributes”:{“style”:”height: 301px; width: 200px; float: left; margin-top: 10px; margin-bottom: 10px;”,”class”:”media-element file-default”},”link_text”:null}]]É fato real e não virtual: os endereços IP – identificação necessária a todo computador ou dispositivo para se conectar à internet – estão acabando. O cenário é similar ao que aconteceu com os CEPs no Brasil, há alguns anos, quando mudamos de cinco para oito dígitos e, recentemente, com os números de telefones celulares, que ganharam um dígito, primeiro em São Paulo e agora nas demais cidades.
É uma mudança tecnológica previsível e solucionável. O IP que está acabando é um endereço de 32 bits, da versão 4 do Internet Protocol, o IPv4. Controlado pela Internet Assigned Numbers Authority (Iana), o “estoque” central de endereços IPv4 já se esgotou. No Brasil, desde junho de 2014, os endereços IPv4 entraram em “terminação gradual”, como definiu o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), que distribui os endereços IP no país. É o “fim” dos recursos da versão 4, o que significa o início de um racionamento severo.
Ainda segundo o NIC.br, a partir de agora, as organizações no Brasil poderão receber, no máximo, 1.024 endereços IP a cada seis meses, mesmo que justifiquem a necessidade de blocos maiores. Foram reservados dois milhões de endereços IPv4. Acabado esse estoque, há, ainda, dois milhões de endereços IPv4 que serão distribuídos somente para novos solicitantes, limitados a uma única alocação de, no máximo, 1.024 endereços.
Já antevendo esse cenário, o Internet Engineering Task Force (IETF) publicou, em 1998, a RFC (Request for Comments) 2460 do IPv6, a versão 6 do protocolo IP, que usa 128 bits para endereçamento, o que representa cerca de 79 octilhões de vezes mais endereços que os disponíveis atualmente em IPv4. Com essa enormidade de novos “CEPs virtuais”, a previsão é que todo tipo de coisa, como eletrodomésticos, acessórios, roupas e seres vivos, possam se conectar à internet, levando-nos a um novo mundo da Internet das Coisas, com tudo conectado e interagindo entre si.
Durante um período de transição, o IPv6 conviverá com o IPv4, inicialmente interconectando ilhas de endereços de IPv6 em uma internet majoritariamente IPv4 e, no futuro, oxalá o contrário, ilhas de IPv4 em uma internet majoritariamente IPv6. Há técnicas para essa transição, que permitem a interoperabilidade dos computadores e dispositivos IPv6 e IPv4. A implementação não tem custo tão alto, pois não demanda a troca de todos os equipamentos.
Há sim que se empreender um esforço de engenharia de rede para, uma vez selecionada a técnica de transição, implantá-la e colocá-la operacional em uma sub-rede, formando ilhas de IPv6 e, gradativamente, expandir os elementos de rede, computados e dispositivos para tomar conta de toda a internet.
Segundo dados do NIC.br, 68% das organizações no Brasil que fazem parte da internet como sistemas autônomos já se conscientizaram e alocaram blocos IPv6. No entanto, a utilização do IPv6 é baixa no mundo inteiro. O Google vê 4,5% de seus usuários utilizando IPv6 no mundo. No Brasil, o percentual é de menos de 1%.
A RNP tem apoiado as ações do NIC.br, de estímulo à adoção do IPv6. Nosso braço de capacitação, a Escola Superior de Redes (ESR), mantém curso para os administradores de redes LAN e WAN na implantação de suporte ao protocolo IPv6 nas redes de suas organizações. Além disso, procuramos sensibilizar as instituições usuárias sobre a importância de adotarem o IPv6, preparando-se para essa transição do IPv4 para o IPv6.
*Eduardo Grizendi é diretor de Engenharia e Operações da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e professor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel).