A e-Ciência foi conceituada e debatida na tarde de hoje, último dia do III Fórum RNP. O tema também comportou palestras sobre ciberinfraestrutura.
Abrindo o debate, o engenheiro de performance da Ohio University, Alex Berryman, falou sobre o projeto Zona Desmilitarizada para Suporte a Ciência, Science DMZ, que estuda e dissemina melhores práticas de infraestrutura de redes de campus para aplicações científicas.
Ele deu exemplos de uso da iniciativa, como a aplicação na revisão colaborativa e manutenção de dados de pacientes de Fisioterapia e o controle de microscópios a partir da sala de aula, no âmbito da Física.
Berryman explicou que “o importante do projeto é ter uma engenharia de performance, o que envolve se reunir com os pesquisadores e entender o que eles pretendem atingir”. Ou seja, destacou a importância do Science DMZ para o planejamento futuro, para “se verificar se a estrutura (computacional) suporta outras atividades, assim como o financiamento”.
Na sequência, os professores Antônio Carlos Costa e Patrícia Alcântara demonstraram a utilização do Painel de Colaboração e Visualização na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (Ebmsp). Mantida pela RNP em parceria com a comunidade acadêmica, a ferramenta permite o compartilhamento de mídia e uma maior interação dos usuários em atividades colaborativas de ensino e pesquisa.
“O residente apresenta o caso clínico e o médico faz o comentário, com a presença de especialistas e alunos. A ferramenta aproxima duas extremidades (o Hospital Santa Isabel da Ebmsp), sem colocar o paciente em situação vulnerável, com um grande número de pessoas na sala”, disse Patrícia. “Para a minha alegria, os jovens e preceptores ficaram muito empolgados (com o portal). A expectativa agora é que a transmissão possa abarcar procedimentos cirúrgicos, pois é o Santa Helena é um hospital de alta complexidade”, completou.
Ciberinfraestrutura
O painel também abordou o tema ciberinfraestrutura. Para o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da RNP, Michael Stanton, no que tange às infraestruturas de pesquisa, “o que interessa para os governos é que os dados sejam compartilhados e as infraestruturas não sejam aproveitadas, apenas, pelos seus donos”.
“No contexto do LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica), quando falamos de e-Ciência nos referimos ao suporte computacional que deve ser ofertado para as diversas áreas da ciência”, conceituou o pesquisador Antônio Tadeu Azevedo Gomes.
Ao apresentar o Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Sinapad), uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) gerida pelo LNCC, Antônio Tadeu revelou que “muitas pessoas não conhecem o sistema. Temos muitos casos de pesquisadores que poderiam usar o sistema, mas não o conhecem. Precisamos de treinamento, capacitação e divulgação. O recurso do Ministério vem atrelado ao desenvolvimento da estrutura computacional, mas não do que está em volta”, declarou
O professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro do Instituto Stela, Roberto Pacheco, defendeu que “ciberinfraestrutras são commons digitais”. “Ciber é a infraestrutura que precisamos para a economia do conhecimento. Commons é todo recurso que um grupo de indivíduos compartilha em que há conflito de interesses”, definiu.
Ele explicou que as ciberinfraestruturas são ativos intangíveis, porque envolvem conhecimento. “Há um conjunto de princípios que, quando os indivíduos respeitam, fazem um commons robusto.Exemplos disso são a Plataforma Lattes, o Portal de Inovação, em desenvolvimento, a plataforma Aquarius”, citou.