Fruto da longa cooperação entre RNP e Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), responsável pela gestão dos hospitais universitários federais do país, a iniciativa de interoperabilidade de dados em saúde recebeu o prêmio HDI EXPOGOV “Iniciativa de TI ao Cidadão”, por ter sido o projeto de instituição pública que mais gerou valor à sociedade por meio da tecnologia no último ano.
O reconhecimento aconteceu em evento realizado em Brasília no Teatro do Royal Tulip Alvorada, no dia 5/6, e, na tarde do dia 27/6, o diretor de Serviços e Soluções, Antônio Carlos Fernandes Nunes, o gerente de Soluções responsável pela condução da cooperação, Hélder Vitorino, e o analista de projetos Diego de Oliveira estiveram presente na sede da Ebserh para fazer a entrega do troféu para o respectivo presidente, Arthur Chioro. Também participaram do encontro pelo lado da Ebserh o diretor de Tecnologia da Informação, Giliate Coelho, sua assessora de Planejamento, Cláudia Brandão, e o chefe do Serviço de Desenvolvimento de Sistemas, Rodrigo Rezende.
“Iniciada com a Rede de Gestão dos Hospitais Universitários (RGHU), conectando com qualidade os hospitais da Ebserh, e evoluindo para a oferta de novos serviços, capacitação, consultoria em segurança e privacidade, a cooperação da RNP com a Ebserh vem gerando muitos frutos, e mais recentemente também focou nas ações de interoperabilidade e certificação do principal sistema de gestão hospitalar utilizado como padrão pelos mais de 40 hospitais universitários da rede Ebserh – o Sistema de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU), o que viabilizou a integração de milhões de prontuários, registros de consultas e internações, e resultados de exames. Esse prêmio reconhece e valoriza a jornada de trabalho de todos os profissionais e parceiros dedicados à evolução do ensino e formação em saúde, assim como seu impacto direto no atendimento ao cidadão”, ressaltou o diretor da RNP.
A definição da iniciativa vencedora contou com duas fases: a primeira foi a escolha dos três finalistas pelo Comitê de Seleção da HDI BRASIL e a segunda foi a votação (ao vivo) pelos gestores de iniciativas públicas e demais presentes no evento. O case da cooperação entre RNP e Ebserh concorreu com a Transferência Digital de Veículos, do DETRAN-SP e o Integrador de APIs da Prodesp (Cia. De Processamento de Dados do Estado de São Paulo), sendo escolhido o vencedor com 58% dos votos.
Para o presidente da Ebserh, o prêmio mostra que o caminho para a facilitação do acesso a dados tão complexos como os de saúde é o correto a ser seguido, mesmo que não seja o mais simples a ser tomado.
“É o reconhecimento de uma aposta de que vale a pena fazer a integração dos sistemas, avançar na interoperabilidade, vale a pena fazer esforços no sentido de transformar os dados cada vez mais acessíveis para as equipes de saúde, independentemente do lugar onde se está trabalhando, entre os nossos hospitais da rede, entre os hospitais universitários e outros pontos de atenção da rede. Isso, que aparentemente pode parecer uma coisa muito simples para quem não é do ramo, tem um significado muito especial, porque é uma grande conquista para cuidar melhor das pessoas, ter acesso às melhores informações e, com isso, tomar as melhores decisões, tanto do ponto de vista da clinica no dia a dia quanto no ponto de vista da gestão. É um avanço fantástico e muito merecido para as equipes da Ebserh e RNP que estão envolvidas nessa empreitada”, vibrou Chioro.
Sobre a iniciativa
RNP e Ebserh trabalharam em conjunto para promover o compartilhamento de dados em saúde do Sistema AGHU por meio da interoperabilidade, desenvolvendo a Rede Ebserh de Dados em Saúde (REHDS) e a plataforma HU Digital.
“A Ebserh vem fazendo um esforço para integrar seus hospitais, os prontuários, para chegarmos num prontuário único do paciente e também para se integrar ao SUS, aos postos de saúde e ambulatórios de especialidade dos estados e municípios. Esse prêmio representa um reconhecimento desse passo que demos para chegar a esse objetivo de um prontuário único”, destacou Giliate Cardoso.
Composta de barramentos e conectores, a solução tecnológica utiliza padrão HL7 FHIR (Health Level 7 – Fast Healthcare Interoperability Resources) e foi desenvolvida pela empresa Core Consultoria e Serviços Ltda e promove a normalização (interoperabilidade semântica) e unificação das informações de saúde dos pacientes atendidos pela Rede Ebserh em Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) e Registro Eletrônico de Saúde (RES) longitudinal.
Esta solução atende à maior rede pública de hospitais da América Latina, com cerca de 25 milhões de prontuários, 10 milhões de registros de consultas, 5 milhões de resultados de exames e 1 milhão de registros de internações, cadastrados em 41 hospitais universitários federais presentes em 24 unidades federativas.
Qual o impacto dessa iniciativa na sociedade ou para o cidadão?
Cidadão:
– Praticidade em não precisar carregar uma pasta física com todos seus exames a cada consulta. Seu acesso é em formato digital, podendo ser utilizado por profissionais autorizados pelo paciente ou pela Rede em casos de emergências.
– Economia de tempo, evitando a marcação e realização de exames já realizados por não ter acesso aos resultados anteriores.
– Segurança no atendimento de emergência, a equipe possui acesso ao registro de alergias e interações medicamentosas, mesmo com o paciente inconsciente ou que tenha sido atendido previamente em outra unidade hospitalar.
– Economia de custos, o paciente não precisará adquirir novamente os mesmos remédios que não surtiram efeito em tratamentos anteriores.
– Maior assertividade e agilidade para o tratamento – uma vez que o histórico de outros atendimentos em outras unidades pode ser acessado com todas as terapias que funcionaram e as que não funcionaram – focando os esforços do paciente e do médico em um atendimento mais eficaz.
Sociedade:
– Agilidade durante a avaliação dos pacientes, pois o médico tem acesso rápido e unificado aos dados históricos de saúde, não precisando pesquisar em diversas ferramentas.
– Redução de filas e despesas, evitando tanto a duplicidade de exames e consultas quanto marcações ineficazes ao tratamento.
– Integração entre unidades hospitalares de esferas administrativas distintas de forma orgânica.
Como esta iniciativa poderia ser aplicada em outras instituições públicas?
A solução pode ser replicada em qualquer rede de saúde possibilitando interoperar os dados de forma federada com unidades hospitalares de esferas distintas mantendo as regras de segurança dos dados sem a necessidade de troca da solução local.
Como exemplo, citamos o acordo de cooperação realizado entre a Ebserh e a Prefeitura de Recife que conectou a REHDS à plataforma “Minha Saúde Conecta” que possibilitou integrar a rede municipal com a rede federal permitindo que o paciente ao ser encaminhado entre as unidades preserve todo histórico de tratamento e exames de forma automática.
Assim, atualmente, o paciente atendido no SUS no Município de Recife tem acesso aos seus dados clínicos de forma unificada, desde a atenção básica até a atenção especializada nos hospitais universitários federais e vice-versa.
Outras redes podem se federalizar à rede da Ebserh por meio de um barramento que poderá integrar nacionalmente as unidades hospitalares.
Qual a característica inovadora ou disruptiva da iniciativa?
A inovação em saúde significa encontrar novas formas de trabalhar, prestar serviços ou adotar tecnologias.
Este foi o primeiro projeto exponencial de interoperabilidade de dados em saúde implantado na maior rede pública de hospitais da América Latina – uma tecnologia até então limitada a nichos da iniciativa privada ou de menor alcance – e possibilita a entrada de outras redes de forma orgânica.
Por meio do compartilhamento dos dados de saúde, de forma segura e em conformidade com a legislação, foram aperfeiçoadas a precisão no diagnóstico e tratamento e o aumento da satisfação de milhões de usuários que recebem o atendimento na Rede.
Sobre a cooperação entre RNP e Ebserh
A cooperação iniciou com um pedido Secretaria Executiva do MEC (SecEx/MEC) à RNP, em 15 de abril de 2013, para realizar um projeto que integrasse os hospitais geridos pela Ebserh. A partir de então, foi estabelecida uma parceria que se consolidou com o passar dos anos e transbordou para além dos serviços de conectividade, abarcando, também, a implementação de soluções em outras áreas de tecnologia, sempre buscando a inovação e a melhoria contínua dos serviços hospitalares no Brasil.