Presenças confirmadas no evento, o líder indígena e a artista vão abordar a importância da ciência, tecnologia e inovação para um futuro sustentável
Como garantir a convergência entre os recursos científicos, tecnológicos e naturais? Perguntas como esta, que têm inspirado as palestras de Ailton Krenak nos últimos anos, vão permear sua participação na 13ª edição do Fórum RNP – que acontece de 27 a 29 de agosto, em Brasília. Ao lado dele estará a atriz, ilustradora, diretora de cinema e de teatro Rita Carelli, que atua na causa dos povos originários desde pequena quando frequentava aldeias indígenas ao lado de seu pai, Vincent Carelli, documentarista e indigenista francês.
“É sempre muito bom falar junto com o Ailton. Temos uma parceria de longa data. O pensamento dele é um lugar onde me reconheço também porque fui criada em aldeias indígenas e o conheci quando ainda era criança”, comenta Carelli sobre sua parceria com Krenak, que já rendeu livros como Ideias para Adiar o Fim do Mundo (2019) e Futuro Ancestral (2022).
Empossado no ano passado como imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), Krenak vai liderar o debate sobre sustentabilidade, um dos pilares do evento, em meio às crescentes inovações tecnológicas e à onda de negacionismo científico no pós-pandemia.
“Em vez de seguirmos uma trilha em que possamos conjugar ciência e tecnologia, vivemos hoje uma sabotagem da ciência e uma super apreciação dos recursos tecnológicos, a ponto de gastarmos bilhões para enviar sondas a Marte e negarmos recursos do mesmo volume para a distribuição e a expansão da base de produção da ciência aqui na Terra”, opinou Krenak em encontro acadêmico promovido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2020.
O líder e ativista participou da Assembleia que resultou na Constituição brasileira de 1988. Seu discurso, no Congresso Nacional, ficou marcado na história política brasileira, ao mostrar, em rede nacional, o rosto pintado com tinta preta de jenipapo – que significa luto na cultura indígena. “Reconhecer às populações indígenas as suas formas de manifestar sua cultura e sua tradição se coloca como condição fundamental para que o povo indígena estabeleça relações harmoniosas com a sociedade nacional, para que haja realmente uma perspectiva de futuro, de vida, e não de uma ameaça permanente e incessante”, disse, na ocasião.
Krenak tem ganhado cada vez mais espaço nos meios midiáticos, expandindo em seus discursos e escritos a defesa dos povos originários para uma luta mais ampla pela preservação do meio ambiente e combate às desigualdades sociais. A escolha de seu nome para ocupar a cadeira de número 4 da ABL materializa seu reconhecimento como importante voz nas discussões envolvendo o desenvolvimento sustentável do país.
“Fomos nos alienando desse organismo de que somos parte, a Terra, e passamos a pensar que ele é uma coisa e nós, outra: a Terra e a humanidade. Eu não percebo onde tem alguma coisa que não seja natureza”, escreveu em seu segundo livro, Ideias para Adiar o Fim do Mundo (2019).