Brasil é candidato para sediar centro de operações do maior observatório de astrofísica de altas energias do mundo

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O Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) submeteu uma expressão de interesses para sediar o centro de operações internacionais do Cherenkov Telescope Array (CTA), projeto que, quando concluído, será o maior observatório de astrofísica de altas energias e de partículas do mundo, com operação estimada por 30 anos.

O CTA consiste em cerca de 100 telescópios de observação em raios-gama que serão instalados no Chile, na Cordilheira dos Andes, e também nas Ilhas Canárias. O complexo terá múltiplos repositórios e centros de processamento distribuídos em grid nos Estados Unidos, Japão, Itália, Austrália e no Brasil, passando pelo núcleo do CBPF. Atualmente, a instituição já participa da construção do sistema de interface opto-mecânica dos telescópios de grande porte da rede, através do seu Laboratório de Física Experimental de Altas Energias (LAFEX) e da Coordenação de Atividades Técnicas (CAT), que usam a infraestrutura de rede provida pela RNP.

O Chile, especificamente os Andes, tem características favoráveis à observação astronômica, pela altitude e pelo clima seco. Atualmente, o país abriga o observatório europeu austral (European Observatory – ESO) e será a sede do telescópio óptico Large Synoptic Survey Telescope (LSST), em construção, que movimentará terabytes de dados.

Em vez de usar instrumentos ópticos e infravermelho, como os observatórios citados, o CTA representa a consolidação de um novo ramo da Astrofísica, a observação de raios-gama cósmicos. A astrofísica de raios-gama tem origens na física de partículas e complementa as pesquisas de centros como o CERN, organização europeia para a pesquisa nuclear, que opera o maior acelerador de partículas do mundo, o LHC.

No caso, o CTA investigará a física de partículas elementares para além do que se pode fazer em laboratório, pelo estudo dos chamados raios-cósmicos. “No céu, há muitas fontes de raios-gama. O CTA contribuirá para pesquisas de fenômenos de alta energia, como explosão de estrelas, buracos negros e colisões de gás; de cosmologia, sobre o processo evolutivo do universo; e de estudos sobre as partículas elementares da matéria, num nível que o CERN não consegue alcançar, com melhor chance para detectar matéria escura”, explica o professor do LAFEX, Ulisses Barres.

Para ele, abrigar a sede de um experimento desse porte colocará o país em posição estratégica, com potencial para atrair cientistas de todo o mundo, além de ampliar o papel do Brasil como articulador científico na América Latina.

Os projetos para a candidatura oficial deverão ser entregues ao Comitê Diretor do Consórcio CTA até outubro, e a escolha da sede operacional do observatório deverá ser decidida até o final de novembro 2015.

O CTA também está abrindo chamadas para processo de licitação para construção da infraestrutura do observatório no Chile, que pode ser respondida por empresas de qualquer um dos 30 países membros do consórcio CTA, incluindo o Brasil.

Saiba mais informações no site do experimento: www.cta-observatory.org.