No propósito de proteger a biodiversidade, plataformas capazes de integrar e disponibilizar informações científicas, como o Global Biodiversity Information Facility (GBIF) e seu nó brasileiro, o Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr), são fundamentais para lançar luz no que precisa ser preservado, promover conhecimento sobre fauna e flora e compartilhar informações. Para isso, mais que um grande de volume de dados, a qualidade deles importa. A disponibilização dessas informações organizadas, atualizadas e padronizadas facilita a divulgação e democratiza o conhecimento científico.
Para fomentar a implementação de diretrizes em relação à qualidade, à publicação e ao uso de dados sobre biodiversidade nos países e em organizações parceiras que contribuem e se beneficiam da plataforma global de dados em biodiversidade – o GBIF –, essa organização intergovernamental apoia iniciativas por meio de editais como o Capacity Enhancement Support Programme (CESP). Anualmente, representantes de países que fazem parte da rede internacional são convidados a submeter propostas de atividades que capacitem os envolvidos, com colaboração entre os participantes nos níveis regional e global.
Em 2020, o GBIF selecionou uma proposta coordenada pelo SiBBr, do Brasil, em parceria com outros sistemas nacionais de informação em biodiversidade de países da América Latina e Caribe. O tema aprovado foi “National Portals Workshop: taxonomic databases, species data information and visualization” (em tradução livre, “Workshop de Portais Nacionais: bancos de dados taxonômicos, informações de dados de espécies e visualização”). São parceiros do Brasil nesta iniciativa: Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México e Peru. A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), representando o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), é responsável pela coordenação e implementação do projeto e preparação de um workshop presencial, que acontecerá na Universidade de São Paulo (USP), em 2022, com a participação da base de dados internacional de vertebrados Vernet e da Atlas of Living Australia (ALA), solução adotada por 27 países, entre eles, o Brasil.
Além do evento presencial, neste ano, acontece uma série de webinars e reuniões virtuais com apresentações dos países da América Latina e Caribe e outros convidados, com temas como bancos de taxonomia, catálogos de espécies e visualização de dados. Os primeiros encontros aconteceram em maio e os próximos acontecerão ao longo do ano. “Nesses eventos, há o intuito de intercambiar experiências, implementar melhorias e boas práticas e consolidar a publicação e a visualização de dados em biodiversidade, na região. Embora os países tenham realidades distintas, a partir das apresentações e discussões realizadas, foi possível entender as dificuldades enfrentadas e similaridades na organização dos dados em biodiversidade. Guardadas as suas particularidades, existe um alinhamento na proposta de compartilhamento de dados e cooperação mútua, além de se construir uma lista taxonômica para as espécies da América Latina e Caribe”, explica a bióloga Clara Baringo Fonseca, analista de negócios na RNP e responsável pela gestão de dados na plataforma SiBBr.