Na abertura oficial do Fórum RNP 2019, o diretor-geral, Nelson Simões, fez uma apresentação contando um pouco da trajetória de 30 anos da RNP, passando pela implementação do primeiro backbone em 1992 até chegar à sétima geração da Rede Ipê a 100 Gb/s.
O diretor também expôs a estratégia da RNP visando o enfrentamento dos próximos desafios dentro do panorama de transformação pela qual o mundo está passando.
“Transformação digital é uma mudança muito mais cultural. Temos que deixar de fazer as coisas de uma certa forma e mudar. Se apostarmos nos nossos talentos, acreditamos que conseguiremos realizar essa transformação. Importante também reconhecer que há um fio condutor em tudo que a gente faz: o espírito público que temos, a neutralidade, e a coragem de empreender mesmo quando não sabemos se é possível alcançar certos resultados”, destacou Nelson.
Desburocratização das universidades
O debate sobre a desburocratização das universidades brasileiras levantou um ponto de concordância e atenção: o início dessa transformação deve ser a mudança na cultura organizacional das instituições e não apenas a transferência de processos para o meio digital.
“Temos que arriscar mais com as experiências inovadoras. Ao contrário do que falam, as universidades são muito conservadoras e o grande risco que corremos é digitalizar a burocracia. Precisamos desenhar projetos sistêmicos mais ágeis e ouvir muito a sociedade como um todo, aproveitando o seu potencial crítico para captar demandas por agilidade e simplificação”, ressaltou o reitor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Dr. Prof. Antonio Guedes Rangel Junior.
Aspectos da Lei Geral de Proteção de Dados
As preocupações com relação às mudanças que as instituições terão que realizar para se adequarem à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entrará em vigor em agosto de 2020, também foram assunto no segundo dia do Fórum RNP. Duas perspectivas diferentes foram apresentadas: uma da segurança jurídica e outra da segurança cibernética.
“Não se trata de uma ‘leizinha’ que chegou como figurante do ordenamento jurídico. Posso garantir para vocês que todas as instituições públicas estão quebrando a cabeça para implementá-la”, afirmou a mestre em Direito da Sociedade de Informação e Propriedade Intelectual Andrea Willemin.
Redes de Governo
O diretor de Engenharia e Operações da RNP, Eduardo Grizendi, moderou um painel sobre as Redes de Governo. Após ele apresentar as redes da RNP espalhadas pelo país e os parceiros que ajudaram a construí-las, Weldson Lima expôs as operações de redes e infraestrutura, além das soluções desenvolvidas pelo Serpro e Frank Pires fez um overview da rede de comunicação do DATASUS atualmente.
A advogada da Abrint, Daniele Frasson, encerrou a mesa apresentando a contribuição dos provedores regionais para a expansão da banda larga no Brasil.
“No tempo que trabalho com provedores, nunca vi uma safra tão engajada no objetivo de fazer a banda larga chegar a todos os locais do país”, disse Daniele.
Blockchain para educação e pesquisa
As aplicações da blockchain para além do mercado financeiro foram o tema do painel que abriu as atividades do espaço Arena Fórum, no segundo dia de atividades do Fórum RNP. Mediada pela professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Fabíola Greve, a mesa contou com a presença de Rosini Kadami, cofundadora da Blockchain Academy, Alexandre Barbosa, pesquisador do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), e Marco Tulio Lima, gerente de produto no Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
Rosini Kadami destacou o potencial esperado da blockchain para a construção de um ambiente de confiança no Brasil. Já o pesquisador do ITS, Alexandre Barbosa, trouxe para o público casos de uso dessa tecnologia, como a criptomoeda do Facebook, disponível em 2020. O gerente de produto Blockchain do Serpro, Marco Tulio Lima, apresentou as iniciativas do Governo Federal na implementação dessa tecnologia.
Acesse o Relatório “Blockchain para aplicações de interesse público” do ITS
Tecnologia e Revolução na educação
O impacto das tecnologias digitais na educação foi debatido no espaço Arena Fórum, no segundo dia de atividades do Fórum RNP. O debate teve a participação do CEO da LEO Learning, Richard Vasconcelos, do membro da Academia Brasileira de Educação e diretor da Digital Pages, Ronaldo Mota, e do professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ney Franco.
“Será que um professor pode ser substituído por um robô?”, provocou Richard Vasconcelos. “O professor precisa transformar seu papel e ser um facilitador”, disse. O diretor científico da Digital Pages, Ronaldo Mota, fez um panorama sobre os três momentos na história de revolução na educação: a criação da escola, depois com a invenção da imprensa e do livro moderno, e hoje a revolução digital.
Já o professor da Fundação Getúlio Vargas, Ney Franco, questionou o papel da videoaula no ensino a distância. “A videoaula é mais uma ferramenta de aprendizagem. Você precisa entender para quem você está falando e como se comunicar”, afirmou o acadêmico.
Ronaldo Mota também marcou presença no auditório como moderador da mesa que abordou o tema “Transformação Digital e Educação em Instituições Não-Governamentais” e contou com apresentações de Claudia Andreatini, da Unip, Jose Alberto do Grupo SER educacional e Felipe Mattos, da Kroton Educacional.
Inteligência Artificial na educação
O uso da inteligência artificial na educação foi discutido durante o Fórum RNP, no espaço Arena Fórum. O coordenador de P&D da RNP, Rafael Valle, apresentou os seis projetos desenvolvidos no âmbito do Desafio RNP Microsoft em Inteligência Artificial.
Conheça os projetos selecionados
Marcelo Vannini, da UNIP, mostrou a experiência da instituição em aplicar a inteligência artificial em sua plataforma de ensino a distância, o que contribui para gerar o engajamento com os alunos. Já Diogo Caetano, da Kasco P&D Tecnologia, mostrou as soluções inovadoras em inteligência artificial da empresa para o setor de educação. Entre elas, está o UHD Player, exibidor de conteúdo digital que faz uso de tecnologia de reconhecimento facial.
Governo sem papel
A Transformação Digital do ponto de vista de governo encerrou as atividades do Arena Fórum, no segundo dia do Fórum RNP. Marilia Câmara, executiva do We Gov, apresentou a instituição, que dá suporte e apoio a instituições públicas em projetos de inovação. “Precisamos trazer o cidadão para o papel de protagonismo para a melhoria dos serviços e aumentar a eficiência da administração pública”, afirmou Marília.
O diretor de Tecnologia e Inovação do Governo de Santa Catarina, Felix da Silva, compartilhou a experiência do Poder Executivo estadual em eliminar o uso de papel em três meses. Para isso, foi criada uma agenda para o projeto Governo sem Papel. “Transformação Digital é entender o que podemos fazer para melhorar a vida das pessoas com tecnologia”, afirmou o gestor.
O painel ainda contou com a participação de Regiani Padeti, do Município de São Bernardo do Campo, que compartilhou a jornada da prefeitura em digitalizar seus processos administrativos.
RNP 30 anos
No encerramento do segundo dia do evento, a coordenadora de comunicação, Leonie Gouveia, exibiu um vídeo com depoimentos de colaboradores que participaram ativamente da pavimentação da estrada dos 30 anos da RNP. E, o diretor adjunto de Engenharia e Operações, Ari Frazão, fez uma apresentação comemorativa pela data, mostrando todo o caminho, com desafios e vitórias, percorrido nessa longa trajetória.
“O mais legal é ver o papel social da RNP. A gente sabe, que lá na ponta final, vamos fazer a diferença. Conseguimos dar melhores condições para um aluno que está em um local remoto, para que ele possa evoluir e contribuir com nosso país”, comemorou Ari.