Três dias, 30 trilhas, 98 palestrantes e 879 participantes inscritos. Esses são os números do Fórum RNP 2015, que aconteceu de 25 a 27/8, em Brasília, e teve a Mobilidade como tema central. Cerca de 200 pessoas acompanharam o evento por webconferência e 2.200 por streaming, com 962 acessos do Rio de Janeiro, 352 de São Paulo, 214 do Distrito Federal, 122 de Santa Catarina e 83 do Ceará. Fora do país, foram contabilizadas conexões dos Estados Unidos, Canadá, Uruguai, Paraguai, França, Alemanha, Holanda e República Eslovaca.
Um dos destaques foi a palestra do pesquisador sênior da Educause, Christopher Brooks (foto), que falou sobre como a tecnologia quebra paradigmas e leva a sociedade ao progresso. “Hoje, vivemos na ficção científica. Para a educação, isso significa que temos os dispositivos à mão. As pessoas querem aprendem de qualquer lugar, a qualquer hora. Em dois anos, o mobile learning vai ser uma realidade”, previu.
Para a advogada e professora especializada em Direito Digital, Patrícia Peck, o maior efeito da mobilidade é que não há muros para a informação. Ela defendeu que “é importante que a regra esteja clara e formalizada. A questão disciplinar na postura do aluno em cumprir ou não a norma da escola deve estar presente no contrato da matrícula, no regimento escolar, no Código de Conduta do Aluno, no contrato de trabalho do educador e nos termos de uso, especialmente do wi-fi”.
Os impactos do tema na saúde também foram debatidos. Em painel sobre o assunto, o professor do Departamento de Informática em Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ivan Pisa, disse que a criação de plataformas e dispositivos móveis na saúde ainda é uma ação incipiente no país. “Precisamos aprofundar diversas questões, como a necessidade de certificar as aplicações móveis na saúde, para garantir a segurança da informação dos pacientes”, explicou.
A trilha de Cultura evidenciou os desafios que a mobilidade traz para bibliotecas, arquivos e acervos digitais. O coordenador de Fotografia do Instituto Moreira Salles (IMS), Sergio Burgi, ressaltou a evolução na disponibilização intensiva de conteúdos museológicos no ambiente digital. “Contudo, precisamos nos atentar que o processo de digitalização e difusão precisa estar diretamente ligado na preservação do arquivo original, pois é ele que vai gerar a estrutura para construir o banco de dados eletrônicos”, alertou.
E com o aumento exponencial da quantidade de dados disponíveis, propiciado pela mobilidade, o uso de computação em nuvem pode ser a solução. “A democratização de acesso que a nuvem proporciona viabiliza o uso de novos conceitos. E quando falamos em nuvem, falamos de nuvem híbrida”, afirmou o Open Source Lead da Microsoft, Alessandro Januzzi.
O Fórum RNP 2015 também abriu espaço para a comunidade apresentar seu trabalho. Um dos projetos selecionados para integrar a grade foi o “De olho no campus”, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI). Em fase de projeto, a iniciativa funcionará como uma ouvidoria inteligente e dará recursos para acompanhar a aplicação de recursos financeiros. Alunos, professores e técnicos-administrativos das unidades da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica poderão postar fotos, vídeos e depoimentos, por meio de uma aplicação móvel instalada em seu smartphone e de uma rede social.
Outra contribuição foi a discussão sobre o alinhamento da TI aos princípios do Itil e Cobit, proposto por Jussara Musse, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Vejo que o planejamento já é um caminho. Quando identifico as necessidades das áreas clientes, defino prioridades, de acordo com os recursos que tenho. Nem tudo do Itil consigo implementar na minha organização. É preciso extrair o que é possível ser aplicado”, destacou o coordenador acadêmico da área de Governança de TI e Segurança da ESR da RNP, Edson Kowask, que participou do painel.
Além das palestras, houve a transmissão da primeira turma distribuída da ESR de Porto Alegre a Belém, cujo curso era Gestão de Riscos de TI. A interação, em alta definição, entre as regiões Sul e Norte foi bem-sucedida e inédita no Brasil.
O público também conferiu demonstrações sobre os sistemas Mconf, de multiconferência para acesso web e dispositivos móveis; SAGE2 (Scalable Amplified Group Environment2) e o GT-Multipresença, grupo de trabalho sobre o sistema adaptável, escalável e interoperável para comunicação por vídeo, de dispositivos móveis a 4K.
Novidades da RNP
Na quarta edição do evento, a RNP apresentou as novidades sobre o projeto de construção da nuvem acadêmica brasileira e do piloto do serviço de e-mail.
O diretor de Serviços e Soluções, José Luiz Ribeiro Filho, atualizou o público presente sobre a iniciativa da nuvem acadêmica brasileira em estruturação, batizada de Compute@RNP. “Será uma arquitetura híbrida, com soluções privadas e públicas, comunitária e federada. E os serviços que estamos desenvolvendo incluem plataforma como serviço (PaaS), infraestrutura como serviço (IaaS), software como serviço (SaaS), além de virtual, storage, networks e data center computing”, explicou.
Já o diretor-adjunto de Gestão de Serviços, Antônio Carlos Fernandes Nunes, mostrou o caminho percorrido pelo serviço piloto de e-mail para as universidades. “No ano passado, iniciamos e apresentamos a prova de conceito no Fórum RNP. Estruturamos internamente o piloto para oferecer 50 mil caixas postais. Mas, por conta do contingenciamento, tivemos que usar a criatividade. Negociamos com a Zimbra e vamos oferecer o piloto para 20.000 caixas postais. Serão múltiplos domínios, caixas de 10 GB, com anti-spam, plataforma Zimbra e consultoria da empresa”, revelou.
Plenária
Durante a sessão plenária, a secretária-executiva do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Emilia Maria Silva Ribeiro Curi, declarou que “o ministério não tem parado, mesmo com toda a crise, estamos buscando outras alternativas”.
“O ministro Aldo Rebelo se reúne toda segunda com a área econômica, buscando o descontingenciamento do FNCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Esse apoio é muito importante para a inclusão social. O setor onde a RNP está inserida não dá retorno imediato. Mas a Ciência, Tecnologia e Inovação não é gasto, é investimento com retorno certo”, defendeu.
Confira a cobertura completa do evento em forum.rnp.br.