Transcorria o ano de 2007 e o coordenador Nacional da recém-criada, em 2006 por meiode portaria do Diário Oficial de 23/12/2005, Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), Luiz Ary Messina, estava participando de um evento da Internet 2, rede acadêmica dos Estados Unidos, quando ouviu o termo Special Interest Group (SIG), Grupo de Interesse Especial em português, pela primeira vez. Ficou curioso e resolveu entrar na sessão para entender do que se tratava. Nada mais era do que um fórum para troca de experiências e conhecimentos entre os participantes sobre um determinado tema ligado à tecnologia. No mesmo momento, veio o estalo: “Isso daí pode funcionar na área da saúde, na rede que estamos criando no Brasil”.
E deu muito certo! Rapidamente, foram surgindo os primeiros grupos em 2008, importante para materializar a proposta e serem exemplos para a comunidade, e assim o número foi crescendo. Atualmente, são 50 SIGs em operação sobre as mais diversas áreas da saúde. Desde 2015, foi implementado o sistema registro de presença nas sessões a partir de uma tese de mestrado do analista da RNP Thiago Lima, orientado pelo Dr. Ivan Pisa da (Unifesp) e coorientado pelo especialista da RNP Paulo Lopes, com o objetivo de colher informações dos participantes. E, recentemente, em outubro de 2022, foi superada a marca de 100 mil registros.
“Hoje, estamos ultrapassando os 100 mil registros de presença, um número razoável. São mais de 27 mil participantes distintos, ou seja, há uma colaboração permanente e diária, que continua crescendo. Quando surgiu essa ideia dos SIGs, ninguém estava fazendo discussão de casos com várias equipes, várias pessoas de várias universidades e hospitais universitários diferentes e de regiões distintas do país, e ainda de forma periódica e perene. Aí, com a tecnologia de informação e comunicação e coordenação, começaram as criações dos primeiros SIGs: Oftalmologia, Radiologia Pediátrica, Saúde da Criança e do Adolescente, Cardiologia, Urologia Pediátrica, Saúde Indígena e foi indo. Em 2014, então, a gente já tinha, em média, 50 SIGs em operação durante todo o ano, com duas a três sessões diárias e isso se manteve ao longo de todos esses anos.”, afirma Messina.
Vale ressaltar que registrar a presença até agora não é uma obrigatoriedade para participar das sessões, apenas alguns SIGs vinculados a atividades de extensão fazem essa exigência, portanto, o número real de presentes nos encontros é ainda muito maior.
Atualmente, a estrutura de Grupos de Interesse da RUTE está passando por uma espécie de “exportação”. Há um SIG com a participação dos integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), intitulado SIG Citotecnologia e coordenado pelo INCA que foi aprovado como um Grupo de Trabalho permanente de telessaúde da comunidade.
Com a expansão da RUTE para América Latina em 2021, coordenada pela Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas (RedCLARA), foram criadas a RUTE-Chile, RUTE-Colômbia e RUTE-Equador, baseadas na experiência exitosa da rede no Brasil, e já com seus SIGs nacionais em operação. Nos próximos anos, a expectativa é que sejam criados SIGs de âmbito regional na América Latina e até mesmo que o modelo possa ser utilizado em outras comunidades de ensino e pesquisa em redes de colaboração.