Foi oficialmente inaugurada, nesta quarta-feira (26/1), a conectividade dos trechos terrestres entre Brasil, Argentina e Chile do Programa BELLA (Building Europe Links to Latin America), uma infraestrutura de base que liga diretamente a Europa à América Latina através do cabo submarino EllaLink. O evento aconteceu por meio de videoconferência e contou com a presença de representantes da América Latina, incluindo o Brasil, e da União Europeia.
A conectividade é um marco histórico para o desenvolvimento da ciência, educação, tecnologia e inovação da América do Sul. Com 6.070 km de infraestrutura, e capacidade de até 600 Gbps, o trecho entre Porto Alegre (BR), Buenos Aires (AR) e Santiago (CL) trará inúmeros benefícios para a pesquisa astronômica no Brasil e para o Programa Copernicus do Chile. A conexão beneficiará mais de 1550 campi de ensino e centros de pesquisa no Brasil e no Chile, deixando o caminho livre para uma futura conexão argentina.
Com a nova estrutura, se intensifica a cooperação entre pesquisadores e organizações europeias e latino-americanas. Além disso, o cabo será de suma importância para os serviços de observação da Terra através do satélite europeu Copernicus, que possui um repositório de dados na Universidade do Chile. A conectividade permitirá que seja compartilhado um grande volume de informações sobre a observação da Terra em maior velocidade.
“BELLA representa uma grande oportunidade para nossa região. Gosto de imaginar que este projeto é um abraço digital entre os nossos países. É um abraço que estreita nossos laços históricos e vínculos em todos os âmbitos, incluindo, através da RedCLARA e seus membros, os âmbitos da ciência, tecnologia, educação e inovação, fundamentais para que nossa sociedade se desenvolva economicamente e socialmente”, disse o diretor executivo da RedCLARA, Luis Eliécer Cadenas.
O secretário de inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), Paulo Alvim, aproveitou para a ocasião para parabenizar a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) pelo seu envolvimento no projeto. “A RNP tem desempenhado um papel muito importante no Brasil, que transborda pelo nosso continente, e contribuiu fundamentalmente no projeto BELLA. Para nós, conferir maior independência ao intercâmbio de dados científicos e uma comunicação mais intensa e de qualidade na nossa região é estratégico, é o caminho de um futuro mais inclusivo e sustentável. Essa integração que o BELLA vai nos permitir vai garantir uma transmissão de informações mais célere e segura”, declarou.
As redes de pesquisa na Europa, América Latina e no mundo todo, historicamente, sempre integraram instituições e pessoas com tecnologias emergentes, trabalhando de forma antecipada pela comunidade. Mas, segundo o diretor-geral da RNP, Nelson Simões, projetos como BELLA-T precisam da cooperação para seu êxito.
“Essa infraestrutura não seria possível só com as redes nacionais acadêmicas. Essas redes se tornaram relevantes porque conseguiram materializar e demonstrar os resultados de políticas públicas. Sem nossos governos dos estados, que investem em educação de qualidade e em pesquisa colaborativa, não haveria tecnologia emergente ou organização que fosse capaz de impulsionar ciência e educação para todos”, revelou.
Nelson ainda atribuiu o êxito do projeto aos investimentos das redes acadêmicas na interiorização em seus países, e, em grande parte, aos colaboradores que desenvolvem e disponibilizam suas competências técnicas ao longo do caminho.
“Graças as nossas equipes extraordinárias, nós conseguimos compartilhar junto com a Géant e a RedCLARA a construção e formação de BELLA-T e integrar, como nunca antes, comunidades da Europa com a América Latina. Essas redes são laboratórios que promovem o uso inovador e antecipado de várias tecnologias emergentes, e elas estão sendo aplicadas pelas nossas organizações em projetos de ciência e inovação. Eu costumo dizer ‘Se você gosta de internet, agradeça a sua rede de pesquisa’. Todas elas são veículos de desenvolvimento de novas aplicações, sejam elas ciência de dados, segurança cibernética ou inteligência artificial”, finalizou.