“Temos uma contribuição a dar não só às nossas organizações, mas também a este país, que espera da RNP o exemplo de como vencer os desafios de uma plataforma digital e um ambiente seguro.” A declaração foi dada pelo diretor-geral da RNP, Nelson Simões, ao abrir o Fórum RNP 2024, na manhã desta terça-feira (27). Em sua 13ª edição, o evento discute como as tecnologias emergentes e as novas formas de colaboração estão moldando o futuro da educação e da sociedade em geral. Inteligência artificial, saúde, liderança e muitos outros assuntos serão debatidos em apresentações ao longo de três dias.
No discurso de abertura, Simões falou sobre os 35 anos da RNP e citou os elementos essenciais que contribuíram para o crescimento da instituição: governança, alianças estratégicas, comunidade e previsibilidade.
“Esta história de 35 anos é como um rio. Parte do que fazemos tem a ver com a contribuição de cada um. Tomando emprestado o poema de Thiago de Mello [1926-2022], que reconhece que o rio é aquele formado pela contribuição de pequenos veios, percebemos o que nós da RNP criamos em conjunto. Dá muito orgulho e muita felicidade”, ressaltou.
A primeira apresentação do dia foi de José Salibi Neto, que explicou conceitos de liderança disruptiva. O keynote speaker, uma referência na área de liderança no Brasil, falou sobre os diferentes tipos de líderes e inspirou o público a evoluir e desenvolver novas competências.
“No mundo pré-tecnologia exponencial, as empresas morriam por deixarem de fazer bem alguma coisa. Neste novo mundo exponencial, em constante transformação, as empresas morrem porque fazem bem as mesmas coisas por tempo demais. O modelo de liderança atual foi forjado em um mundo que já não existe mais. Hoje precisamos ter o conhecimento da tecnologia por duas razões: para fazer as perguntas certas e para não sermos iludidos pelas respostas enganosas”, disse.
Após a palestra, Salibi Neto foi acompanhado por Thiago Brant, CEO da Agilers, em debate sobre inovação e colaboração em tempos de mudança. Os conferencistas responderam questões da plateia sobre liderança, educação e carreira, entre outros temas. Mediada por Gino Terentim, a mesa discutiu, ainda, o papel dos grandes líderes na colaboração entre as pessoas dentro de uma organização.
“É importante que os líderes consigam desenvolver a capacidade de gerir polaridades para conseguir aproveitar o melhor termo entre dois opostos. Existe algo no meio do caminho que é a medida certa”, afirmou Brant. “Cada vez mais temos que trabalhar com equipes pequenas de alta performance. Então temos que tomar cuidado com a supercolaboração, se não você enlouquece. Imagine receber 200 mensagens por dia com pessoas querendo colaborar? Sem uma boa gestão, isso pode gerar caos e afetar a saúde mental, algo que muitas vezes não é levado em conta”, alertou Salibi Neto.
Como usar a Inteligência artificial com ética
Em outra palestra, a pesquisadora Dora Kaufman, autora do livro Desmistificando a Inteligência Artificial, falou sobre a necessidade do uso ético desta tecnologia, para que possa contribuir positivamente com a sociedade. Para ela, regulamentar essas ferramentas é uma necessidade.
“Não é fácil regulamentar a IA. Cada domínio de aplicação tem suas especificidades. Sempre defendi que o protagonismo fosse das agências reguladoras setoriais. Tentar fazer uma regulamentação geral cai em dois riscos. Um é produzir uma coisa inócua, tão generalista que não serve para nada. E o outro é fazer uma coisa tão complexa que tem como grande desafio implementar. É o caso da Europa, que vê esse desafio de como implementar essa coisa enorme que criaram ao tentar incluir todas possibilidades de tudo que pode acontecer em todos os setores”, afirmou Kaufman.