O acesso à internet rápida e segura tornou-se indispensável na sociedade atual e garantir que essa conexão de qualidade alcance cada vez mais pessoas, é uma prioridade crescente. No Brasil, o meio-fio modular surge como inovação que facilita a passagem de cabos no ambiente urbano. Desenvolvida pela RNP, a solução recebeu recentemente a validação técnica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o que confirma que o bloco de concreto é confiável para compor a infraestrutura das cidades e demais áreas abertas.
O grande diferencial do meio-fio modular é contar com dutos para a passagem de cabos, como os de fibra óptica. O bloco idealizado como solução para substituição ao excesso de cabos emaranhados nos postes e, consequentemente, reduzir a poluição visual urbana. Por unir conectividade e eficiência, a peça contribui com a segurança, evitando que a fiação fique exposta, além de contribuir com a drenagem pluvial e delimitação de vias.
“A ideia partiu do uso do bloco de concreto do meio fio, porque ele é parte do arruamento, é robusto, e sempre tem um que está exatamente na frente de um local onde se quer derivar a canalização dos cabos. Olhando para cima, vemos o poste, olhamos para baixo, vemos o meio fio. Daí veio então a ideia de fazer a entrada por baixo, aproveitando o próprio bloco de meio fio para canalizar e para derivar os cabos. alternativamente ao uso dos postes”, afirma Eduardo Grizendi, Diretor de Engenharia e Operações da RNP.
Para construir as redes de telecomunicações e internet. é necessário obter uma licença das concessionárias de energia para passagem de cabos nos postes. Muitas vezes o processo é demorado e custoso, já que os postes frequentemente estão cheios. “Partindo disso, vimos uma oportunidade através do desenvolvimento de um produto, que é o meio-fio modular, para atender às necessidades de mercado na passagem de cabos de telecom. Depois também constatamos que é possível seu uso para cabos de energia”, disse Larissa Marra, analista de negócios da RNP.
O desenvolvimento do meio-fio modular exigiu novos aprendizados já que o seu uso como canalizador de cabos de telecomunicações, necessita atender normas técnicas, e estabelecer parcerias para testes. O projeto-piloto foi desenvolvido na Unicamp e teve como objetivo conectar um trecho de 1,3 quilômetros entre os prédios da Inova Unicamp e da RNP, como uma infraestrutura de canalização de cabos ópticos – estes em uso na rede metropolitana da RNP de Campinas-SP.
Um dos desafios enfrentados durante esse processo de implantação foi a chegada da pandemia de COVID-19 no estado. “Precisávamos testar o produto e encontrar parceiros que pudessem participar do projeto-piloto. Quando acertamos com a Unicamp, chegou à pandemia. Então, tivemos dificuldades na questão do cronograma, mas apesar das adversidades, o meio-fio modular se mostrou um sucesso”, afirmou Larissa.
A execução do projeto-piloto foi realizada em parceria com as empresas Omega Grupo, Prysmian, Duraline e Agretal. O próximo passo é facilitar o uso do produto através do seu licenciamento para que empresas interessadas em seu uso possam produzir e comercializar os blocos.
“Além de seu impacto direto na conectividade, essa solução exemplifica como a ciência pode ser aplicada de forma prática para transformar desafios em oportunidades. Ela viabiliza cidades mais inteligentes, fomenta a inclusão digital e cria um ambiente propício para inovações futuras, atendendo tanto às necessidades atuais quanto às demandas crescentes de conectividade da sociedade. Esse é mais um passo em nossa missão de conectar pessoas, ideias e lugares, sempre com a visão de um futuro mais sustentável, inteligente e justo”, explica Helmann Strobel, Coordenador de Infraestrutura de Rede da RNP.