Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Publicado o Decreto 12.595/2025, que define como será a próxima geração de televisão no Brasil
Às vésperas de completar 75 anos no Brasil, a próxima geração da televisão já está definida. Em cerimônia realizada no dia 27/8, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, ao lado dos ministros das Comunicações, Ciência e Tecnologia, Comunicação Social e Casa Civil, além de representantes do setor de radiodifusão nacional, o presidente Lula assinou o Decreto 12.595/2025. Resultado de pesquisas iniciadas em 2020 pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital e concluídas em 2025 com o apoio da RNP, o novo padrão evolui o Ginga, agora batizado de DTV+ para integrar a televisão aberta com a internet em uma nova experiência de ver TV. Mais de uma centena de pesquisadores trabalharam em testes e desenvolvimentos para chegar as especificações que ampliam e aprimoram o padrão ATSC 3.0.
Alguns pontos de destaque são:
a) Todo cidadão poderá continuar assistindo TV normalmente, do jeito que faz hoje, até a troca do seu aparelho, assim como toda emissora interessada poderá migrar para a nova TV 3.0 com o tempo;
b) A Plataforma Comum de Comunicação Pública e Governo Digital permitirá a prestação de serviços públicos ao cidadão, uma conquista para a sociedade e que reforça o papel central da radiodifusão;
c) Canais da chamada “TV aberta” terão o merecido destaque na tela dos aparelhos receptores, não podendo ser escondidos do público;
d) Está garantido o destaque visual da multiprogramação, recurso fundamental para o pluralismo e a diversidade nas comunicações;
e) Estão garantidas também as faixas de frequência necessárias para a operação e a expansão da televisão brasileira; e
f) Todo receptor de TV trará uma antena interna, permitindo sintonizar imediatamente os sinais disponíveis na região.
Atualização da TV aberta
Por trás da iniciativa está a busca pela manutenção da relevância da TV brasileira, que durante mais de sete décadas tem feito parte da cultura nacional e está presente em 94,4% dos lares do país. Um exemplo disso é que em vez de canais, a TV 3.0 contará com aplicativos das emissoras, o que permitirá acesso a conteúdo ao vivo ou sob demanda. Outra possibilidade é a segmentação da publicidade, como já ocorre na internet.
As possibilidades de interação são outra grande novidade trazida pela nova geração televisiva. Poder votar em uma enquete durante um programa, participar de um chat com outros espectadores, comprar itens apresentados em uma novela ou escolher a câmera durante uma partida de futebol são alguns exemplos de como essa interação pode se dar na prática. Uma aposta é que as emissoras possam recuperar parte de suas receitas, que caíram com a propagação em massa dos streamings e das redes sociais.
A conexão à internet não será requisito obrigatório para acesso à TV 3.0, mas sim aos recursos de interatividade, permitindo ampliar a experiência de ver TV, oferecendo recursos hoje disponíveis apenas nos aplicativos de streaming.
E para tudo isso ser possível a TV 3.0 está propondo uma nova experiência de utilização da TV, integrando a experiência da TV aberta a dos demais aplicativos atuais de TV conectada. A nova TV aberta será apresentada como uma Central de Aplicativos, mas uma vez escolhido um canal, será preservado o zapping, além de trazer a integração com conteúdos sob demanda, tudo na mesma interface de navegação.
Além disso, trará recursos de acessibilidade e funcionalidades como comando de voz, gestos e olhar. A TV das Coisas, como tem sido chamada em referência à integração de dispositivos com a internet, promete quatro vezes mais resolução com imagens em Ultra HD e alta conectividade para que possa ser integrada a diferentes dispositivos inteligentes, como óculos de realidade virtual, sensores de odor, ar-condicionado, luzes inteligentes, entre outros.
“Estamos vivendo hoje um dia histórico com a assinatura desse decreto. É a televisão do futuro, aberta e gratuita, com imagem e resolução 8K par garantir mais cores e contraste além de som imersivo e interatividade avançada. Uma TV que combina o amplo alcance da radio fusão com as possibilidades da internet, oferecendo a todas as pessoas novas formas de assistir, participar e se informar. Uma TV que muda o jeito de ver vídeo, mas ela continua sendo o principal meio de comunicação do país”, afirmou o ministro das Comunicações, Frederico Siqueira, durante a cerimônia de assinatura do decreto.
Essa é a promessa da TV 3.0, projeto do Ministério das Comunicações (MCom) com execução do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) e apoio da RNP que já está em fase de testes.
Transição
A migração para a TV 3.0 deverá ser similar à da TV analógica para a digital: primeiro por meio de conversores e, posteriormente, com a produção de aparelhos adaptados à nova tecnologia.
Atualmente 3 estações experimentais estão em operação, uma no Rio de Janeiro e duas em São Paulo e a expectativa é que já possam ocorrer as primeiras transmissões comerciais no ano que vem, durante a Copa do Mundo.
Papel da RNP
“Em 2008, a RNP montou as redes de colaboração em pesquisa de TV Digital que vêm atuando desde 2019 na definição da TV 3.0. Nesta última fase aplicamos técnicas de facilitação para integrar as diversas equipes pensando principalmente no papel social da televisão e na experiência dos vários perfis de público com ela. Queríamos que a TV seguisse relevante e ampliasse o suporte a políticas públicas para toda a população, de forma inclusiva”, explicou o gerente de Soluções da RNP Adriano Adoryan.