Se você pudesse dar um palpite sobre em que podemos investir hoje para construir um país melhor, o que você diria? Se sua resposta envolve a palavra “educação”, temos uma boa notícia para compartilhar. A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) topou o desafio de levar o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para a nuvem. Se você, assim como quem está escrevendo esse texto, não é um “expert” no ramo de tecnologia, esse conteúdo também é para você. Vamos traduzir o “tecniquês” e explicar como implementar soluções tecnológicas como esta, para otimizar processos, economizar recursos e melhorar serviços para a sociedade, é um grande passo dado ao lado do Ministério da Educação (MEC).
Acesso para todos
Abrir a principal porta de entrada para o ensino superior brasileiro, público e gratuito é um compromisso assumido anualmente pelo MEC. O Sisu, um dos sistemas que compõem a política nacional de ensino superior, permite que milhões de estudantes apliquem a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na concorrência de dezenas de milhares de vagas em diversas instituições públicas de educação superior em todo o país. Na prática, os estudantes podem concorrer a vagas em qualquer lugar do mapa brasileiro, sem precisarem sair de casa e custear viagens para prestarem vestibulares. O que já democratiza o acesso e expande as fronteiras do ensino.
Falando em acesso para todos, vamos falar sobre o tal ambiente em nuvem. Pense em todos esses candidatos tentando acessar essa “porta” de entrada ao mesmo tempo. Milhões de conexões, simultaneamente, solicitando serem atendidas. Uma boa analogia para entender esse volume é a Black Friday: durante apenas um dia do ano, milhões de pessoas acessam sites de compras, ao mesmo tempo. No caso, do Sisu, é um único site recebendo todas as requisições simultaneamente e realizando as transações. Para dar conta da demanda e do alto volume de acessos simultâneos no portal, durante o período de inscrições, é necessária uma infraestrutura segura, estável, ágil, resiliente, elástica e escalável, que possa ser expandida conforme demanda. Foi exatamente essa a motivação e o resultado do trabalho de migração e adaptação do Sisu para o ambiente em nuvem, em janeiro deste ano, durante a primeira edição da seleção.
Segunda edição do Sisu
Os resultados da primeira edição do Sisu em 2020 foram tão positivos que o trabalho continuou! Na segunda edição do ano da seleção, com inscrições entre 7 e 10/7, a RNP coordenou a sustentação e operação do portal em nuvem. Quase meio milhão de inscritos entraram na disputa para concorrer a alguma opção de curso e instituição. Um total de mais de 800 mil inscrições, considerando que cada estudante pode escolher até duas opções de curso, cada uma contada como uma inscrição. O portal chegou a ter cerca de 27 mil usuários simultâneos e computou até 2.767 inscrições por minuto. Se o objetivo principal da ação era suportar tantas conexões simultâneas de maneira estável e segura, meta concluída! O portal permaneceu disponível durante 100% do tempo do período de inscrições, resultado superior ao alcançado na primeira edição da seleção em janeiro, com 91,6%.
Outro ganho observado nessa edição, com a ida do portal para a nuvem e adaptação do portal para aparelhos mobile, em janeiro, foi a maior mobilidade e agilidade na hora de fazer as inscrições. Quase 70% dos acessos no site foram feitos por dispositivos móveis, enquanto o uso de computadores desktop somam quase 30%.
Além de “estabilidade” e “mobilidade”, palavras que sintetizam os principais benefícios da ação de migração, na primeira edição do Sisu, com continuidade na segunda, também são acompanhadas de “economicidade”. Vale lembrar que, ao levar o sistema para a nuvem, houve uma redução de gastos de 76%, se compararmos os valores necessários para executar o portal usando computação em nuvem em relação à infraestrutura própria. Segundo um estudo da RNP, apenas em 2020, aproximadamente R$ 15 milhões retornam aos cofres públicos. Nos próximos anos, até 2025, essa economia pode chegar a R$ 22 milhões, valor suficiente para executar o Sisu por aproximadamente mais 5 anos sem custos adicionais.
As histórias atrás dos números
No fim das contas, além dos números robustos, é a experiência do usuário que comprova os benefícios da ação. Uma das histórias encapsuladas em uma das 800 mil inscrições da seleção é a da Ana Beatriz Guimarães, de 18 anos. A estudante sonha alto: quer cursar Medicina. O curso é a combinação de algumas paixões dela: a biologia e a assistência às pessoas. O fato de ser uma das opções mais concorridas, com alta nota de corte, não assusta a jovem. Ela evita fazer comparações com os concorrentes e encara a jornada em busca de uma vaga na universidade como uma oportunidade de testar e superar os próprios limites: “A cada exercício e prova que eu faço, busco ser melhor que o anterior. É muita gente com o mesmo sonho que eu. Se eu focar nisso, desanimo. Acredito que todo mundo tem sua vaga, cada um no seu tempo”. Para conquistar o objetivo, ela estuda intensamente desde o primeiro ano do Ensino Médio. Até conseguiu uma bolsa de estudos em um curso preparatório. Mesmo em casa, em isolamento social, Ana continua estudando diariamente.
No primeiro dia de inscrições do Sisu, a estudante apostou as fichas na Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus Senador Helvídio Nunes de Barros; e na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus Uruguaiana, respectivamente, como primeira e segunda opção. Na edição do ano passado, para evitar o alto tráfego de estudantes no site e possíveis indisponibilidades, a jovem entrou no portal de madrugada. Esse ano não foi necessário: às 17h da terça-feira (7/7), Ana entrou no portal e sem dificuldades concluiu suas inscrições em minutos. “Minha experiência com o portal foi bem simples! Não tive problema nenhum. Carregou rapidamente. Eu só tinha esquecido minha senha, mas logo consegui recuperar. Depois, eu dediquei alguns minutos para navegar pelas opções para escolher. Tinham várias opções em diferentes estados!”, conta ela. Conheça outras histórias aqui.
Os efeitos da pandemia
Mais um desafio para a conta. Além de colocar em prova as vantagens oferecidas pelo uso da computação em nuvem, como elasticidade, segurança e disponibilidade, em tempo real enquanto milhões de conexões requisitam navegação, esta edição do Sisu contou com mais um elemento desafiador. Por conta do isolamento social, devido à pandemia da Covid-19, a sustentação e operação do Sisu em nuvem foi executada remotamente. Por videoconferência, membros da RNP e do MEC se comunicaram para conduzir a operação de uma sala de gestão, em Brasília, e uma sala de operação, em Campinas, além dos colaboradores em home-office. Foi a primeira vez que o sistema foi operado fora das instalações físicas do Ministério da Educação.
Para que a ação fosse realizada com sucesso para os beneficiários e segurança para os profissionais envolvidos, uma força-tarefa foi organizada dentro da RNP. Os colaboradores que trabalharam em conjunto na sala de operação, montada em um hotel em Campinas, seguiram todas as orientações de segurança, como distanciamento social, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e testagem do vírus, antes e depois da operação.
A ação foi considerada um sucesso pelo MEC