Projeto Alunos Conectados do MEC leva internet para que mais de 150 mil estudantes possam continuar estudando

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Matéria atualizada em 1/4/2021

Se, no início do ano, alguém contasse para a estudante Daiane Brabo que ela precisaria cursar o terceiro e último semestre do curso Técnico em Agropecuária, no Instituto Federal do Pará (IFPA), remotamente, assistindo as aulas pelo celular, ela ficaria não apenas surpresa, como todos impactados pela pandemia da Covid-19. Ela também ficaria preocupada. A jovem paraense, de 22 anos, filha de agricultores familiares, não tem internet em casa e não poderia acessar os conteúdos educacionais fornecidos pela instituição em que estuda. “Sou de família muito pobre, a gente não tem condição de instalar Wi-Fi em casa, nem colocar crédito no telefone toda semana”, explica ela.

Mas mesmo sem avisar, a pandemia chegou. Inclusive, onde Daiane mora, em Breves, município no arquipélago do Marajó, a cerca de 221 km da capital Belém. Para assistir as aulas online, a estudante contava com o sinal de internet cedido por uma vizinha. Contava, no passado. Porque hoje, a aluna contemplada no Projeto Alunos Conectados, do Ministério da Educação (MEC), tem internet móvel à disposição para continuar seus estudos.

Daiane Brabo recebeu um dos 150.061 chips entregues pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) a 97 universidades e institutos federais, desde que o projeto percorreu Brasil afora para disponibilizar internet gratuita para estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica matriculados em instituições de ensino superior da rede federal. 

“Nós moramos em uma região muito pobre. Nesse momento de pandemia, em que não podemos estar presencialmente na instituição, esse chip veio para minimizar nossas dificuldades. Os chips disponibilizados pelo MEC são maravilhosos. A internet muito boa! A gente consegue acessar às aulas online sem interrupções, manter nossas atividades em dia e satisfazer nossas necessidades como estudantes. Isso é muito importante! Como a gente sabe que ao final do plano automaticamente ele se renova, sabemos que não vamos ficar sem internet”, elogia a estudante do curso Técnico em Agropecuária.

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Daiane-Brabo---Nossas-histórias

 

Assista vídeo com a estudante.

Além de possibilitar que os estudantes continuem suas atividades acadêmicas remotamente, o projeto contribui para democratizar o acesso à educação, impulsionar a inclusão digital e diminuir as desigualdades no acesso a Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), principalmente em áreas mais afastadas dos grandes centros, onde a oferta de internet ainda é incipiente. Essa é uma realidade bem comum onde Daiane mora. Ela precisou migrar da zona rural para morar em Breves, para estudar, assim que entrou no Ensino Médio. Mas muitos colegas dela, no IFPA, moram nas regiões interioranas ou fazem parte de populações ribeirinhas. Na região Norte, a menos conectada do país, além da vulnerabilidade socioeconômica, a distância e o acesso dificultado por rios extensos reforçam a necessidade do projeto encabeçado pelo MEC.

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Prof. Claudio Alex Jorge da Rocha - Reitor do IFPA - Crédito Reprodução/IFPA

Prof. Claudio Alex Jorge da Rocha, Reitor do IFPA, recebe chips na instituição | Crédito: Reprodução/IFPA

Eliani Neves, assistente social, integrante da pró-reitoria de Ensino e chefe do departamento de assistência estudantil e ações inclusivas no IFPA explica que a maioria dos estudantes da instituição se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica. “Sem dúvida, esse projeto é de grande importância, é a democratização do ensino mesmo. Com a ação, a gente possibilita condições para que todos os estudantes possam continuar os seus estudos, conquistar êxito acadêmico e concluir seu curso. Que os estudantes em situação de vulnerabilidade social, que moram em áreas mais longínquas, na zonal rural ou nas regiões ribeirinhas possam ter as mesmas possibilidades de educação que aquele aluno que mora na zona urbana, onde o acesso à internet é mais fácil.”, defende a assistente social.

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150 mil

O Secretário de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), Wandemberg Venceslau, reconhece que o momento é de grande desafio para todos: para os estudantes que não podem ir às escolas e instituições, para os familiares deles que estão impedidos de exercer suas profissões. “São pessoas que não têm acesso a todos os recursos tecnológicos necessários para acompanhar as aulas ministradas de maneira não-presencial. Uma das principais necessidades identificadas pelo MEC foi o acesso à internet. Por isso, contamos com a parceria com a RNP, que têm sido já muito exitosa em disponibilizar uma rede de alta velocidade para as instituições federais. A Secretaria de Educação Superior (Sesu) e a Setec perceberam o potencial da ação de disponibilizar o acesso à internet por meio de chip de celular”, explica.

O desafio assumido pelo MEC e RNP era grande: possibilitar que a conectividade chegasse aos alunos, de forma imediata. A ação foi inovadora. Diante da urgência da demanda, até o círculo da política pública foi invertido, conforme explica o secretário. “Não conseguimos dedicar muito tempo à fase de formulação da política pública, já fomos direto para a implementação”, detalha. 

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Wandemberg - Reconhecimento

De acordo com Wandemberg, com essa visibilidade ao estudante atendido, o MEC disponibiliza recursos e contribui para que a ocorrência de evasão não seja elevada. Ele acredita ainda que a ação tem potencial de alcançar maior amplitude e escala no país, para além dos efeitos da pandemia. 

O diretor-adjunto de Soluções da RNP, Antônio Carlos Fernandes Nunes, afirma que a RNP se sente privilegiada em fazer parte dessa ação com tamanho impacto social para os estudantes atendidos, que são o centro do processo. “São gratificante os resultados gerados de um projeto como esse, fomentado pelo MEC, e que está beneficiando diretamente milhares de estudantes espalhados pelo território nacional, cujos desdobramentos e impactos são ainda mais amplos na sociedade, democratizando o acesso ao ensino, e ao mesmo tempo garantindo a continuidade na formação dessa futura geração de profissionais”, defende Antônio.

Fonte: Ministério da Educação (MEC)