Para atender a centros de pesquisa, laboratórios multiusuários e instituições que atuam com “big science”, a RNP está implantando a Rede de e-Ciência, com capacidade para transmitir grandes volumes de informação em alta velocidade e conectar de forma segura infraestruturas de pesquisa da comunidade científica.
O termo “big science” é utilizado para descrever projetos científicos de grande escala, que envolvem colaborações entre pesquisadores de várias instituições. As pesquisas conduzidas por meio desses projetos costumam demandar enormes conjuntos de dados e alto poder de processamento. A Rede de e-Ciência surge para atender essa demanda. Entre os benefícios para instituições que atuam com “big science” está a redução no tempo das pesquisas, já que um processo de transferência de dados que levaria dias ou horas poderá passar a tomar apenas alguns minutos.
“A RNP já identifica, há tempos, a necessidade de separar o que é um uso intensivo de dados para pesquisa do que é uso tradicional da rede, composto por pequenas quantidades de informação, como e-mail, navegação ou videoconferência. Quando passa um fluxo grande ‘do nada’, às vezes, a rede até bloqueia, por achar que é um ataque cibernético, por exemplo. Por isso, o ideal é separar as redes”, explica Leandro Ciuffo, diretor-adjunto de e-Ciência da RNP.
Quais os benefícios da Rede de e-Ciência?
A Rede de e-Ciência é exclusiva para supercomputadores, laboratórios multiusuários e outras infraestruturas de pesquisa avançada. Esse sistema garante segurança, pois as conexões funcionam como um túnel de alta velocidade entre pares de instituições com demandas de transferência massiva de dados entre si.
Serviços da RNP como os Centros Nacionais de Dados (CNDs), que permitem o armazenamento de grandes volumes de informação, também serão conectados à Rede de e-Ciência e estarão disponíveis para as instituições que fizerem parte dessa rede.
Com velocidade mínima de 100 Gb/s, a Rede de e-Ciência já está sendo implantada em quatro instituições: o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), o Senai Cimatec, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC-INPE) e o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes).
Ao longo de 2024, outras seis instituições foram selecionadas por meio de chamadas públicas e passarão a integrar a Rede de e-Ciência no âmbito do Programa Conecta: Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Estadual Paulista (Unesp), o Laboratório Multiusuário de Computação de Alto Desempenho da Universidade Federal de Goiás (LaMCAD/UFG) e Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A meta da RNP é conectar 16 instituições à Rede de e-Ciência até 2026 – doze delas via Programa Conecta.
A ampliação dessa rede é parte de algo ainda maior
A ampliação da Rede de e-Ciência é um dos eixos do Programa Conecta, que visa conectar diversas cidades afastadas das grandes capitais com uma rede de comunicação, armazenamento e processamento de dados de alto desempenho.
Um dos desafios é garantir que as instituições participantes da Rede tenham acesso à infraestrutura necessária para suportar velocidades de 100 Gb/s. “Isso vai requerer alguma adaptação dentro da própria rede da instituição”, aponta Ciuffo. Esta velocidade é mil vezes mais rápida do que a média das conexões residenciais de internet no Brasil.
Outro ponto a ser levado em consideração é a necessidade de treinar os pesquisadores para usarem a rede, já que a Rede de e-Ciência não estará disponível em todos os computadores da instituição. Para acessá-la, será preciso usar um terminal específico, de acesso restrito a um conjunto de pesquisadores e técnicos da instituição.
“No processo de escolha das instituições, olhamos a viabilidade técnica e a maturidade da segurança da instituição. Ela precisa ter alguns controles mínimos de segurança. Também avaliamos a necessidade de uma conexão dessas e como a sociedade irá perceber as melhorias nos processos científicos da instituição. Será que a previsão do tempo será feita mais rapidamente? Ou uma vacina será produzida com mais agilidade? Então, a demanda e os impactos para a sociedade são levados em conta na seleção”, ressalta Ciuffo.
O Programa Conecta é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e está sendo executado pela RNP com recursos do FNDCT, integrando o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal.
E vem mais novidade por aí!
Até o final do janeiro, a RNP irá lançar um novo edital para selecionar mais 6 ICTs para a Rede de e-Ciência.
*Imagem: CNPEM é uma das instituições que aderiram à Rede de e-Ciência em 2024