Rede metropolitana alavanca projeto de cidades inteligentes em Mossoró

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O Rio Grande do Norte é um dos estados brasileiros que sofre com o impacto do grande número de motos em circulação no trânsito, o que contribui para um alto índice de mortes causadas por acidentes. Segundo dados de 2015 do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a frota de motocicletas no RN corresponde a 40% do número total de veículos, principalmente na capital Natal e no município de Mossoró, onde esse percentual chega a 49,1%. No Hospital Regional de Mossoró, Dr. Tarcísio Maia, 76% das internações hospitalares são de pacientes feridos por acidentes com moto.

Para minimizar esse problema, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e a Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) estão desenvolvendo uma plataforma de gerenciamento de trânsito em Mossoró. A proposta é um sistema de informação geográfica onde são registrados dados como acidentes de trânsito e ocorrências de segurança, que podem ser visualizados em mapas georreferenciados, o que facilitaria o uso dessas informações para a formulação de políticas públicas. A solução se enquadra no conceito de cidades inteligentes, em que os sistemas de informação contribuem para centros urbanos mais eficientes e para a qualidade de vida dos seus habitantes.

A expectativa é de que o projeto seja impulsionado pela nova rede metropolitana de Mossoró, a Giga Mossoró, uma rede de fibra óptica de 25 quilômetros de extensão que vai conectar três instituições públicas de ensino superior do município: a UERN, a Ufersa e o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). Lançada oficialmente no dia 15/8, em uma cerimônia que reuniu entidades interessadas em utilizar essa nova infraestrutura, a rede metropolitana será implantada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), com entrega prevista para agosto de 2018. Após sua ativação, ela será operada e mantida pelas instituições participantes.

De acordo com o coordenador da Giga Mossoró, André Pedro Fernandes, a rede terá um impacto imediato nas atividades dessas instituições de ensino, que poderão dispor de internet de alta velocidade para suas pesquisas, inclusive para o projeto de cidades inteligentes. “A parceria chegou no momento certo, vamos ter a rede necessária para rodar esse tipo de aplicação”, explicou André Pedro, que também é diretor de Informatização da UERN e professor da Ufersa. Uma das possibilidades é a instalação de redes sem fio para facilitar o acesso do cidadão ao sistema, que poderá alimentar o banco de dados por meio de um aplicativo em seu smartphone.

Em sua primeira fase, o projeto da UERN e Ufersa desenvolveu um sistema para o monitoramento do trânsito, que será utilizado para análise das vias da cidade e monitoramento do tráfego em tempo real, com o objetivo de melhorar a mobilidade urbana. Segundo o secretário municipal de Segurança Pública, Defesa Civil, Mobilidade Urbana e Trânsito, General Eliéser Girão Monteiro Filho, atualmente oito câmeras monitoram o trânsito em Mossoró, e esse número poderá aumentar para 42 câmeras, que serão integradas à plataforma.

Além da questão do trânsito, outro exemplo de uso da ferramenta está na área da saúde. “Caso ocorra algum acidente, pelo sistema será possível ver a menor rota até o pronto-socorro mais próximo e encaminhar o ferido para o hospital onde há leitos disponíveis, ou ainda para o centro de saúde onde há o especialista naquele trauma”, cita o coordenador da Giga Mossoró, André Pedro.

Dentre as possibilidades para a gestão municipal, estão a criação de um mapa da criminalidade na cidade, a integração de dados para a cobrança do IPTU, o oferecimento de serviços de limpeza pública, como coleta de lixo, além do monitoramento do meio ambiente e conexão de escolas e unidades de pronto-atendimento (UPAs). “Queremos gerar informação nas cidades e que todas essas soluções estejam disponíveis ao cidadão”, declarou Eric Amaral Ferreira, um dos professores da Ufersa responsáveis pela pesquisa.

A Giga Mossoró será uma das nove redes metropolitanas em fibra óptica que serão construídas no âmbito do Programa Veredas Novas nos Estados, iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), coordenada pela RNP em parceria com o Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti) e do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).

Outras redes metropolitanas serão lançadas em Senhor do Bonfim (BA), Codó (MA), Imperatriz (MA), Pinheiro (MA), Dourados (MS), Caicó (RN), Ponta Grossa (PR) e Londrina (PR).

Foto: traçado da rede Giga Mossoró. Crédito: André Pedro Fernandes (UERN).

Sobre o Programa Veredas Novas nos Estados

O Programa Veredas Novas nos Estados é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), coordenada pela RNP em parceria com o Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti) e do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).

O objetivo é viabilizar a construção e operação de infraestruturas de redes ópticas que conectem instituições de ensino e pesquisa nas cidades do interior, por meio da atuação conjunta e coordenada de entes federais, estaduais, municipais e parceiros locais.

Por sua importância estratégica, o Programa apresenta alta sinergia com outros programas, tais como o Nordeste Conectado, do Ministério da Educação em parceria com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf); e Amazônia Conectada, do Ministério da Defesa, viabilizando o compartilhamento de recursos e consequente redução de custos.

Sobre a Redecomep

O Programa de Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep) da RNP visa expandir a infraestrutura de redes avançadas nas capitais brasileiras e em cidades do interior, para o desenvolvimento de pesquisas científicas e a integração de universidades e centros de pesquisa ao Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Dessa forma, o programa contribui para promover a democratização do acesso à informação e ao conhecimento.

As redes metropolitanas constituem um patrimônio de alto valor agregado, fruto da aplicação de recursos públicos em apoio ao desenvolvimento do sistema nacional de CT&I, e inserem o país no cenário mundial de experimentação de redes ópticas de alto desempenho, oferecendo condições de igualdade aos pesquisadores brasileiros em projetos colaborativos internacionais.