Sessão do SIG Covid-19 Brasil debate a importância da telemedicina no enfrentamento da pandemia

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A sexta sessão do SIG Covid-19, da RUTE, realizada nesta sexta-feira (3/4), contou com um convidado internacional para falar a respeito do tema “O alcance da Telemedicina em meio à pandemia da Covid-19”. O Prof. Dr. Antonio Marttos, da Universidade de Miami e residente nos EUA há mais de 15 anos, abordou a importância do uso da ferramenta virtual como meio de troca de conhecimento, informação e experiência neste momento de combate à pandemia. O encontro virtual contou com 105 participantes.

Casos de sucesso da telemedicina

A apresentação foi iniciada com uma lista de alguns exemplos de utilização exitosa da telemedicina, como na avaliação e tratamento dos aletas durante o Pan-Americano de Guadalajara, em 2011 e na Olimpíada de Londres em 2012, na tragédia da boate Kiss, em Santa Maria (RS), em 2013, e na simulação de contaminação biológica antes da realização da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. “No dia seguinte ao fogo em Santa Maria, realizamos várias reuniões, via videoconferência, com uma colaboração sem precedentes e presença até do ministro da Saúde à época. Antes da Olimpíada do Rio, fizemos várias simulações com o departamento de Defesa com relação à contaminação biológica. Este é um grande legado. Hoje, garanto para vocês que as Forças Armadas estão bem treinadas e podem nos ajudar muito na resposta a esta situação que estamos enfrentando”, afirmou o Dr. Antonio.

Ele mostrou a criação da “Global response to Covid-19,” composta por profissionais da China, onde surgiu a pandemia, e de diversas outras nacionalidades. A rede de colaboração realiza reuniões para a troca de experiências e dados que ajudam os países a se prepararem para a chegada do vírus. Para o professor da Universidade de Miami, a crise vivida atualmente reforça que a telemedicina deve ser reconhecida como essencial, não somente para o tratamento de doenças e enfrentamento de epidemias, mas para todo o setor da saúde, em todos os momentos.

“A telemedicina é uma grande ferramenta. O que está me jogo não é o melhor material, equipamento mais moderno. Hoje, podemos usar monitoramento a distância dos pacientes críticos em casa. Todos nós aprendemos. Quando houve a portaria da telemedicina no ano passado no Brasil, houve uma resistência dos médicos. Hoje aprendemos que bem utilizada a ferramenta pode nos ajudar muito. Uma ferramenta que não vai tirar emprego de ninguém. Vai ajudar a usar equipamentos adequados, na disseminação de conhecimento e, o principal, pode ajudar a salvar vidas. É hora de mostrar para o país como a telemedicina pode ser usada da forma certa, profissional. Para os médicos, sistema de saúde, governo. Pode ajudar não só em momentos de crise, após ela também”, ressaltou Marttos, alertando, também, sobre a seriedade e necessidade de padrões que a teleconsulta deve seguir.

“Primeira coisa que falo em qualquer palestra: videoconferencia não é telemedicina. Para ter uma consulta, preciso de um software que eu consiga documentar, ver a história pregressa, colocar imagem de exame, deixar tudo documentado. Telemedicina e teleconsulta têm que ser gravada, documentada, ter registro do que tem que ser feito. Não dá para ser feita por chamada de vídeo no Whatsapp ou Facetime”.

Panorama na Flórida

Por fim, o Dr. Antonio Marttos comentou sobre a situação que a Flórida está vivendo atualmente com relação ao novo coronavírus e deixou a lição que está sendo globalmente disseminada.

“Aqui na Flórida está diminuindo o número de novos casos, mas aumentando o número de casos graves, o que é natural. As curvas funcionam assim. Achamos que vai ser o quinto estado com mais casos nos EUA. Ainda bem que aqui o metrô não é muito utilizado como em Nova York. Temos que tentar o isolamento social para achatar a curva e transformá-la em como está a da Influenza hoje em dia. No mundo, estão falando isso: quem conseguir concentrar os casos mais leves isolados para evitar a disseminação e manter os mais graves internados, pode conseguir controlar e não sobrecarregar o sistema de saúde, tendo resultados melhores”, explicou.

Sessão do dia 1º/4 discutiu achados radiológicos no diagnóstico da doença

O radiologista Dr. Rafael Grando, da equipe do Hospital Moinhos de Vento (HMV) em Porto Alegre (RS), expôs no encontro do SIG Covid-19 da última quarta-feira (1º/4), uma coleção de imagens radiológicas que identificam o paciente como portador do novo coronavírus. Essa edição contou com 74 participantes, entre médicos e pesquisadores, inclusive um especialista espanhol – país que enfrenta uma das mais altas incidências da doença no panorama mundial.

O especialista em radiologia torácica explicou os diversos aspectos da Covid-19 e apresentou o agente etiológico (Cov-2) da doença, um vírus que apresenta semelhança genética de 70% com o causador da SARS, mas que, visível ao microscópio eletrônico, tem uma superfície cercada por espículas que lembram uma coroa – daí o nome coronavírus. Destacou, também, as formas de contágio: de pessoa para pessoa; por via respiratória; através de objetos ou superfícies contaminadas e contato com olhos, nariz ou boca.

Grando afirmou que mesmo levando em conta a subnotificação do registro de casos, a prevalência aumenta diariamente desde que foram registrados os primeiros casos no estado, no final de fevereiro. Contou que, por ser associado ao Johns Hopkins Hospital, o HMV recebe diariamente o boletim da instituição com a atualização do número de diagnósticos, mortes e altas relacionado à Covid-19. Atualmente o hospital possui uma tenda externa, montada próxima à área de emergência do hospital, para evitar que pacientes recebidos com síndrome respiratória aguda fiquem próximos àqueles que dão entrada por outros motivos.

As sessões do SIG Covid-19 Brasil acontecem nas segundas, quartas e sextas-feiras, das 12h às 13h. Os encontros são destinados aos médicos e pesquisadores na área da saúde. 

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