SIG Covid-19 Brasil encerra primeira semana de atividades com discussão sobre o uso dos EPIs

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O SIG Covid-19 Brasil, criado emergencialmente pela Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) para aprofundar a discussão sobre o novo coronavírus, encerrou a primeira semana de atividades nesta sexta-feira, 27/3, com uma apresentação sobre os Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs).  No encontro, foi abordada a importância da utilização adequada e consciente dos EPIs pelos profissionais de saúde e outros trabalhadores que atuam em unidades que estão na linha de frente do combate à epidemia.

Capacitação e treinamento

A enfermeira e mestranda Mariana de Jesus Meszaros, responsável pela Seção de Enfermagem em Educação Continuada do Hospital das Clínicas da Unicamp (HC-Unicamp), apresentou a estratégia utilizada pela instituição para capacitar e conscientizar os cerca de quatro mil colaboradores que atuam na unidade sobre os protocolos adequados para o uso dos EPIs.

 “Conseguir capacitar este quantitativo tão grande de profissionais, desde médicos à equipe de limpeza, neste curto espaço de tempo, tem sido o maior desafio. Estamos contando com parcerias, que têm sido muito importantes para acelerar o processo. Estamos fazendo uma campanha de utilização racional, porque não sabemos quanto tempo iremos enfrentar o coronavírus, para que não falte no futuro para nossos profissionais”, contou Mariana Meszaros.

O planejamento conta com o envio de vídeos com instruções para os colaboradores do HC-Unicamp, distribuição de folders e a fixação de banners ilustrativos com os cuidados a serem tomados na hora da paramentação e desparamentação, que são os momentos mais críticos quanto à infecção. Além disso, o treinamento também tem acontecido de forma presencial, o que tem deixado os profissionais mais confiantes.

“Estamos tendo um retorno satisfatório dos colaboradores que estão sendo treinados, se sentindo mais seguros.  É importante que todos saibam qual a via de transmissão e como acontece a contaminação ou não. O treinamento ao vivo deixou a equipe mais tranquila com relação aos cuidados, conseguindo diminuir a ansiedade inicial”, explicou a enfermeira.

Já a infectologista Profa. Dra. Cristieni Rodrigues falou sobre a experiência no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Incor-FMUSP) e em outras unidades de saúde particulares nas quais atua. Segundo a Dra., os médicos e profissionais de saúde aprendem, desde cedo, nas universidades, como deve ser o uso adequado dos EPIs, mas a tensão gerada pela chegada da pandemia ao país gerou uma ansiedade que atrapalhou a realização dos procedimentos no começo.

“Primeiro, temos que lembrar que paramentação não é nova. As medidas de precaução e isolamento existem há muito tempo. Temos conhecimento e sabemos como as doenças se transmitem na maioria das vezes. Não é nada novo. Mas sempre que temos uma doença nova, quando temos um medo, temos dificuldade de assimilar. Todo mundo desesperado achando que é algo diferente. Eu me paramento para evitar que eu adquira a infecção e transmita para outras pessoas. É uma patologia nova que todo mundo do mundo inteiro está com medo e a gente entende isso”, disse Cristhieni.

Alinhamento é fundamental

A infectologista ressaltou a importância de uma definição dos protocolos adequados para cada unidade de saúde. Mesmo que haja pequenas diferenças entre os processos adotados em cada uma das delas, é fundamental haver uma diretriz em cada local para que a mesma seja seguida pelos profissionais que ali atuam. Ela destacou que a palavra deste momento deve ser união, em qualquer setor da sociedade brasileira, não somente na saúde.

“Queria falar sobre a importância de nós, profissionais da saúde, estarmos alinhados. Porque não é só um trabalho, temos que perceber a ação humanitária que estamos nos envolvendo, a grandeza dela. A gente olha de frente para as pessoas. Vivi a epidemia da Aids e da H1N1, que já achava muito complicada.  Essa epidemia, nunca pensei enfrentar. Estou vendo esse momento com um divisor de aguas na nossa união como país, entre as pessoas. Claro que vamos ter problemas econômicos, estão acontecendo em todos os países, mas temos que pensar na união das pessoas para que possamos trabalhar de forma coerente, sem pânico, com cautela, cuidado e de forma humana”, finalizou a Dra. Cristhieni.

Próxima sessão contará com participação de radiologista brasileira que trabalhaem Milão

A próxima sessão do SIG Covid-19 Brasil, na segunda-feira, 30/3, contará com a participação especial da radiologista Fabiane Barbosa, brasileira que vive e trabalha em Milão. Ela contará a experiência vivida na Itália, um dos países que mais está sofrendo no combate ao novo coronavírus e que contabiliza mais de oito mil óbitos.

As sessões do SIG Covid-19 Brasil acontecem nas segundas, quartas e sextas-feiras, das 12h às 13h. Os encontros são destinados aos médicos e pesquisadores na área da saúde.