Criado em caráter emergencial em março de 2020 para aprofundar o debate sobre o combate à pandemia do novo coronavírus, tanto no âmbito nacional quanto no internacional, o Grupo de Interesse Especial (do inglês, SIG) COVID19 BR, da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), completou quarenta sessões com a expressiva marca de mais de duas mil presenças registradas e participações de profissionais de saúde de países como Itália, China, EUA, Espanha e Equador.
Para celebrar a marca e ressaltar a importância do grupo em um momento tão excepcional, entrevistamos dois coordenadores do SIG, os prof. Dr. Gustavo Fraga, da Unicamp e a profa. Dra. Evelyn Eisenstein, da Uerj, e o coordenador nacional da RUTE, Dr. Luiz Ary Messina, que nos falaram sobre os objetivos alcançados neste período.
Nos dias 20 e 27/7, o SIG COVID19 BR, em parceria com a Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTMs), contará com sessões internacionais especiais. Os profissionais de saúde e pesquisadores brasileiros terão a oportunidade de trocar experiências sobre o enfrentamento da pandemia com especialistas russos e chineses, respectivamente. Saiba mais
Entrevista
Qual a importância do grupo neste momento de pandemia?
Messina: Este SIG foi criado em 23/03/2020 para auxiliar os profissionais da saúde na compreensão da pandemia, como enfrentá-la, quais as práticas utilizadas em hospitais de referência no Brasil e no mundo, e como tratar os pacientes infectados. Portanto, nossa atuação foi organizar um espaço virtual para acolher os profissionais e disseminar mais conhecimento com evidência científica e permitir que pudessem discutir com os especialistas. Os profissionais estavam necessitando deste apoio científico onde pudessem debater e tirar dúvidas com uma vasta gama de especialistas.
Gustavo: A criação deste sig foi algo que ocorreu de maneira muito rápida, pois o nosso grupo acreditava que seria importante discutir este assunto e com urgência e na primeira reuniao já lotou a sala. Ele foi criado de maneira ágil para enfrentar este momento, era necessário.
Evelyn: Este grupo se formou a partir do início da pandemia por iniciativa da RUTE e com a experiencia que já tínhamos na coordenação de outros SIGS (no meu caso sou coord do SIG de Crianças e Adolescentes desde 2008) e o objetivo maior era (e ainda é) a troca de informações e conhecimentos médicos sobre o diagnóstico e o tratamento e as condultas mais adequadas numa pandemia global.
Conseguiram atingir os objetivos esperados?
Messina: Os números respondem que sim. O esforço organizacional foi grande. Realizamos 41 sessões de de uma hora de duração, apresentação e debate com especialistas, 3 vezes por semana, toda segunda, quarta e sexta ao meio dia de Brasília, desde que iniciamos até o dia 29/06. Tivemos a coordenação de três professores, Prof.Dr.Gustavo Fraga Unicamp, Profa.Dra.Evelyn Eisenstein UERJ, Profa.Dra.Cristiane Kopacek UFCSPA e a coordenação nacional da RUTE, Dr.Luiz Ary Messina e equipe. A média de participação até junho foi de 100 participantes por sessão. Muitas das sessões se alongavam até 13:30hs pela quantidade de perguntas.
Gustavo: Sim, acredito que superamos! É um grupo que está atuando em todos os estados do país, discutindo ações em diferentes fases (genéticas, vacinas e vamos começar a discutir o retorno as atividades agora). Tivemos até fila de pessoas para apresentar temas neste SIG. Trouxemos experiências internacionais (de países como Itália, Espanha, Portugal, Israel e Qatar) que muito contribuíram para a discussão e contamos com participantes que participaram de todas as sessões, porque estamos oferecendo informação de qualidade e com pessoas que estão na linha de frente em pesquisa. Já está gerando publicações relacionadas ao SIG e o próprio uso da telemedicina, como além de ferramenta de ensino, este SIG 19 se tornou uma ferramenta de educação.
Evelyn: SIM, não só trocamos experiencias nacionais mas também internacionais com profissionais de Israel, Espanha, Itália, Portugal, Estados Unidos e até Qatar e principalmente construímos uma rede de colegas interessados e compromissados na troca de conhecimentos e cuidados para população. Importante enfatizar que é um serviço público e com acesso gratuito aos profissionais de todos o Brasil inclusive para os jovens universitários e acadêmicos de Medicina, sendo uma fonte de dados, fatos e protocolos e práticas que funcionam nos hospitais.
Quais os principais resultados alcançados e/ ou contribuição deste SIG no controle da pandemia (seja pesquisa, sejam projetos, compartilhamento de experiência que ajudaram algum país etc.?
Messina: A experiência da RUTE, que é coordenada pela RNP Rede Nacional de Ensino e Pesquisa desde 2006, na organização e operação desde 2015 de 55 SIGs anuais, cada um com pelo menos uma sessão mensal, em média 3 sessões diárias, garantiu o sucesso do SIG COVID19. As sessões ocorreram sempre por webconferência. Foi utilizada a plataforma MConf, desenvolvida inicialmente por um grupo de trabalho de pesquisa da UFRGS, hoje um serviço da RNP. A participação dos profissionais de saúde foi nosso termômetro e suas demandas nosso foco. Tivemos participação de participação de 52 palestrantes de 12 estados diferentes e 12 palestrantes internacionais de 9 países: Israel, Itália, Estados Unidos, Espanha, Suíça, Portugal, Canada, Equador e Qatar.
Gustavo: As ações em tele saúde estão deslanchando, tanto a rede privada quanto na rede pública, em que até o SUS está implementando… acreditamos que iniciativas como o SIG contribuem para um melhor entendimento do cenário, das necessidades e das urgências para o momento em que estamos vivendo.
Evelyn: Em 3 meses de atividades desde 23 de Marco até 29 de Junho, tivemos 41 sessões e estiveram conectados mais de 1600 profissionais de todos os estados do Brasil e se formou uma rede aberta de profissionais compromissados de diversas instituições, produzimos 2 publicações de interesse internacional no nosso trabalho, tivemos várias sessões que foram de enorme impacto, como sobre saúde indígena, sobre vacinas, sobre testes laboratoriais, sobre apoio odontológico e de enfermagem e de fisioterapia e cardíaco p pacientes hospitalizados e principalmente se formou uma rede amiga de solidariedade entre colegas na área de saúde que valorizam a troca de experiencia e conhecimento como a base fundamental das ciências e para a construção de um país melhor, é o que todos queremos que a tecnologia seja uma aliada, principalmente nos momentos tão difíceis que estamos passando com esta pandemia.
Este SIG iniciou em março, a ideia é que ele tenha continuidade durante todo o período da pandemia?
Messina: A partir de julho faremos uma sessão semanal e em Agosto passaremos a uma sessão mensal, como a maioria dos outros SIGs na RUTE.
Quais as principais dificuldades encontradas desde o início do SIG?
Messina: Não encontramos dificuldades. Como a RUTE, a Rede Universitária de Telemedicina, já está operacional desde 2006, os profissionais da saúde membros da RUTE, hj 139 Hospitais Universitários e de Ensino, já se habituaram a esta prática e como a demanda por novos conhecimentos era fundamental, a adesão foi ampla e os objetivos foram cumpridos.
Confira os números do SIG COVID19 BR:
- Sessões: 41
- Presenças Registradas: 2170
- Participantes Distintos: 857
- Total Instituições Participantes: 135
- Cidades Participantes: 52
- Presenças Por Região: Sudeste (47%) | Nordeste (18%) | Sul (15%) | Centro-Oeste (10%) | Norte (10%)
- Total Avaliações de Sessão: 802
- Nota Média Relevância Tema em 41 Sessões: 10
- Nota Média Contribuição Profissional em 41 Sessões: 9,5
- Nota Média Qualidade Transmissão em 41 Sessões: 9,0
As sessões do SIG acontecem às segundas, quartas e sextas-feiras, das 12h às 13h.