VLibras: tecnologia torna a internet mais acessível para pessoas surdas

abril 25, 2025
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Desenvolvida com apoio da RNP, plataforma consegue traduzir conteúdos online para a Língua Brasileira de Sinais (Libras)

Em uma sociedade cada vez mais conectada, garantir que todos tenham acesso à informação e à comunicação não é somente uma questão de tecnologia, mas sim de direitos. Para milhões de brasileiros surdos, no entanto, navegar pelo ambiente digital ainda representa um desafio diário. Tornar esses espaços mais acessíveis foi o ponto de partida para a criação do VLibras, uma ferramenta de acessibilidade que usa um avatar 3D para traduzir conteúdos em português escrito ou falado para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

A história do VLibras começa em 2010, no Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (LAVID) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Naquele ano, um grupo de pesquisadores se deparou com uma questão prática: como garantir que uma estudante surda tivesse acesso ao conteúdo das aulas?

“Recebemos uma pessoa que influenciou bastante em todos os projetos de acessibilidade, que foi a Hozana. Ela era uma aluna surda, que estava no curso de ciência da computação, sem verba para contratar intérpretes de Libras. Daí surgiu a ideia de tentarmos contribuir com a formação dela. Começamos a desenvolver os projetos de acessibilidade e enviamos ao governo um projeto para construir essa suíte de ferramentas“ explica Danilo Assis, que foi gerente do projeto VLibras na instituição. “A ideia era facilitar e aumentar a inclusão do surdo na sociedade e nos diversos meios digitais”, completa.

A plataforma é o resultado de uma parceria entre o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGISP), o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e a UFPB. Estudante de mestrado da instituição na época, Danilo Assis conta que a proposta era criar uma tecnologia capaz de traduzir automaticamente o português escrito ou falado para a Língua Brasileira de Sinais, com apoio de um avatar 3D. Na prática, isso significava transformar qualquer conteúdo digital em algo compreensível para estudantes surdos.

“Foi um grande desafio construir o tradutor e criar a base de sinais. Na época, creio que já existiam cerca de 20 mil palavras em Libras. Isso exige muito trabalho, porque quem é responsável por criar as animações 3D não sabe Libras. É preciso que um intérprete humano grave o sinal e, depois, a equipe transforme isso numa animação. E depois desse processo de construção do sinal na animação 3D, tem o processo de validação também, para ver o que precisa de ajustes”, conta Danilo, que hoje é diretor da Assista Tecnologia, empresa que desenvolve soluções voltadas à acessibilidade e à inclusão digital.

A RNP foi essencial na consolidação do VLibras como uma tecnologia pública. Por meio do seu programa de Grupos de Trabalho, a entidade fomentou o desenvolvimento do tradutor automático português-Libras, ajudando a transformar um protótipo universitário em uma ferramenta escalável e de alcance nacional. A partir dessa base, surgiram também serviços como o VLibras Vídeo, que permite transformar legendas em vídeos com tradução em Libras, e outras iniciativas voltadas à acessibilidade, como audiodescrição.

“A RNP fomentou a primeira semente”, relembra Danilo. “Foi possível construir e trabalhar nesse tradutor português para Libras, assim como criar uma plataforma onde fosse possível

submeter uma legenda e o serviço te retornar um vídeo desse modelo de avatar 3D, da representação visual dessa tradução”, completa.

A ferramenta também conta com um plugin de navegador, que torna páginas da web acessíveis em tempo real. Além disso, há versões do VLibras para aplicativos móveis e desktop, garantindo que pessoas surdas tenham autonomia para acessar conteúdos diversos.