WRNP 2021: Inovação, Ciência Aberta, 6G, Inteligência Artificial e Programabilidade de Redes são os destaques do segundo dia

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No segundo dia do WRNP 2021, a inovação foi o cerne do bate-papo entre o assessor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da RNP, José Henrique Dieguez, e o keynote speaker do evento, Sandro Cortezia, fundador e CEO da aceleradora de startups Ventiur. Na conversa, Sandro contextualizou o papel da sua aceleradora, a primeira da região Sul do Brasil, criada no fim de 2012, e fez um panorama sobre o histórico da formação do ecossistema de inovação no país, destacando o papel fundamental do empreendedor dentro do processo de inovação.

“É unânime que todos os investidores quando vão procurar projetos para investirem olham quem é o empreendedor, qual é o perfil dele ou do time de empreendedores que está à frente desse negócio. No fim da história, é o empreendedor que faz acontecer”, ressaltou Cortezia.

Na conversa, a dupla também lançou luz sobre os desafios que as pesquisas científicas enfrentam no Brasil para que, de fato, gerem inovação para o mercado e como o Marco Legal das Startups pode contribuir nesse sentido.

“Uma questão importante do marco é essa das agências regulatórias poderem direcionar os recursos destinados para P&D para startups. Isso vai abrir um espaço muito interessante para que projetos de pesquisa se transformem em startups. Esse acho que é um dos focos que estamos olhando mais. Eu, particularmente, adoraria investir em startups de base científica, que tenham um diferencial tecnológico mais robusto, mas é difícil, especialmente no Brasil. A gente ainda tem uma distância grande para o trabalho de pesquisa que gera inovação e que vai realmente para o mercado”, analisou Sandro Cortezia.

No mesmo painel, RNP e Anprotec anunciaram o resultado do projeto piloto com parques tecnológicos, que passam a fazer parte do Sistema RNP, com acesso à conexão de alto desempenho e serviços avançados. São eles: Parque ZENIT da UFRGS; Parque CITTA da UFCG; Parque de Ciência e Tecnologia de Guamá; Parque Tecnológico da UFRJ (RJ); Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP); e Parque BIOTIC (Brasília-DF).

Mulheres na TI

O WRNP 2021 também teve como keynote speaker Lindália Reis, CEO do evento Hacking.Rio. Em um painel moderado pela diretora de Pesquisa e Desenvolvimento na RNP, Iara Machado, Lindália combinou suas vivências pessoais e dados que escancaram a desigualdade de gênero em ambientes predominantemente masculinos, para estruturar uma narrativa sobre o lugar das mulheres na TI. Como mostram números apresentados por Lindália, nos conselhos administrativos do Brasil, por exemplo, apenas de 2,5% a 3% contam com a participação de mulheres. “Se não tivermos uma intervenção ativa, não mudaremos esse ciclo e levará cerca de 80 anos para alcançarmos a equidade”, argumenta.

Esse cenário com obstáculos para mulheres ainda foi agravado pela pandemia. Segundo dados de uma pesquisa da empresa Girl in Tech de 2021, especialmente neste período, com os filhos em casa, as mães sentem-se mais sobrecarregadas e exaustas, inclusive, em comparação a homens com filhos. 78% delas relatam que é muito difícil conciliar trabalho com tarefas domésticas e 79% declaram-se esgotadas.

“Eu lembro que na engenharia, tinham turmas em que só tinha eu de mulher. Depois, como executiva ou conselheira, eu era a única mulher. No ramo de investimento, tinha pouquíssimas mulheres quando comecei a ser investidora-anjo. Então, cabe a nós também ajudar e inspirar outras mulheres para que não tenham medo de assumir essas posições”, ela defende.

Ciência Aberta

Como as redes acadêmicas podem apoiar a Ciência Aberta foi o tema do painel com o diretor executivo da Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas (RedCLARA), Luis Eliécer Cadenas, e com a gerente de Engajamento da Géant, Sarah Jones. Os painelistas comentaram os desafios e as oportunidades para ajudar pesquisadores a colaborarem mais entre si.

Antes de tudo, o que é a Ciência Aberta? Segundo Sarah Jones, “é a ciência realizada e comunicada de uma forma que permite que outros contribuam, colaborem e adicionem ao esforço de pesquisa todos os tipos de dados, resultados e protocolos, disponibilizados gratuitamente em diferentes estágios do processo de pesquisa”.

Para Cadenas, “estamos muito focados em oferecer conectividade. Precisamos estar engajados com as universidades e as pessoas que formam a comunidade de ensino e pesquisa”, afirmou. Sarah Jones complementou. “São as pessoas que vão apoiar o desenvolvimento dessas estruturas para fazer uma ciência melhor”. 

Na sequência, a RNP apresentou iniciativas para ampliar o apoio à e-Ciência no Brasil, com exemplos da área de computação de alto desempenho e de gerenciamento de colaborações virtuais, no painel moderado pelo gerente de P&D da RNP Gustavo Dias, com a participação da pesquisadora da Univali Michelle Wangham e do analista da RNP Jeferson Souza.

Inteligência Artificial

Na abertura do evento, o pesquisador da Universidade de Cauca, na Colômbia, Oscar Mauricio Caicedo Rendon foi o palestrante convidado no palco B, para abordar os principais avanços da Inteligência Artificial no contexto de redes de computadores. Na sessão, moderada pelo diretor-adjunto de PD&I da RNP Lisandro Granville, o pesquisador afirmou: “O primeiro passo é usar ambientes simulados e controlados para avaliar o comportamento das soluções em redes reais, com tráfego e topologias reais. Tem que ir para a prática, para os protótipos”.

RNP em tempos de pandemia

O diretor de Serviços e Soluções da RNP, Antônio Carlos F. Nunes, apresentou as principais iniciativas da organização frente à pandemia. Ele falou sobre o desafio da RNP em precisar escalar, emergencialmente, seus serviços e ofertas, para atender às instituições de ensino e pesquisa, e argumentou que a necessidade de trabalhar e estudar em domicílio, devido ao isolamento social, gerou novos padrões de uso de redes, com novos perímetros e segurança estendida.

“A pandemia trouxe uma necessidade urgente de que a própria RNP se reinventasse para uma atuação direta nos desafios impostos às nossas instituições. Nós vivemos um verdadeiro processo de transformação digital, para que pudéssemos rapidamente atuar e oferecer às instituições serviços, soluções, produtos e capacitação, com criatividade e inovação, de forma ágil, em escala, com qualidade, segurança e privacidade, atendendo às demandas e urgências que se apresentaram desde 2020, e, assim, essas instituições continuassem funcionando, mesmo que virtualmente, levando adiante capacitação, pesquisa, ensino e educação para uma gama de estudantes espalhados pelo Brasil”, explana Nunes.

Ele ainda destacou fenômenos e iniciativas como: o aumento exponencial no uso do serviço Conferência Web; a oferta de serviços via NasNuvens; a implantação de serviços de identidade e certificação digital, como o ICPEdu e Diploma Digital; atendimento às demandas relacionadas à segurança da informação, especificamente à LGPD; a necessidade de democratizar o acesso à internet, por meio do projeto Alunos Conectados; a conexão das Unidades de Saúde da Família; e ensino à distância, por meio dos cursos oferecidos pela Escola Superior de Redes (ESR). O diretor de serviços e soluções da RNP dividiu os microfones da apresentação com os diretores-adjuntos que detalharam as principais entregas de suas áreas –  Luiz Coelho, de Serviços; Cláudio Silva, de Soluções; Marcello de Jesus, da Unidade de Serviços Digitais Especializados; e Leandro Guimarães, da ESR.

Kloud, o serviço de Kubernetes da RNP

Durante o WRNP, a RNP aproveitou para lançar o seu novo serviço Kloud, um produto que disponibiliza um ecossistema completo para execução e gestão de workloads em containers, dentro de clusters Kubernetes.Os benefícios do serviço foram apresentados pelo analista de TI da RNP Roberto Lauretti, com moderação do gerente de PD&I da RNP Marcos Schwarz.

Nova geração de redes móveis e 6G

O pesquisador do Inatel Luciano Mendes foi o palestrante convidado do WRNP para apresentar o projeto 6G Brasil, que envolve 10 instituições de pesquisa espalhadas por todo o país. O objetivo do projeto é avaliar as demandas nacionais para a futura rede e propor soluções tecnológicas para que os casos de uso prioritários possam ser atendidos. Para o pesquisador, a rede 6G será muito mais do que comunicação. “O 6G vem para atender as visões mais inovadoras. Uma delas é quebrar esse paradigma e criar novas funcionalidades para que a rede ofereça serviços e experiências que vão além da transmissão de dados”. 

Programabilidade de Redes

A viabilidade concreta da Programabilidade de Redes, devido aos avanços de novas tecnologias como o SDN e o NFV, foi o tema escolhido do painel do WRNP 2021 em conjunto com o Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos (SBRC), organizado pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC). 

Moderado pelo diretor-adjunto de PD&I da RNP Lisandro Granville, o painel contou com a participação de Marcos F. Schwarz (RNP), Christian Esteve Rothenberg (Unicamp) e Frédéric Loui, líder técnico da rede acadêmica da França (RENATER) e europeia (Géant).

No painel, Frédéric Loui apresentou os resultados do projeto RARE (Router for Academia Research Education), financiado pela Comissão Europeia, para a implantação de um software controlador para roteamento de dados. Leia mais sobre o projeto RARE

Este ano, o Workshop RNP (WRNP) recebe patrocínio da Microsoft, Bedutech e Google Cloud, Huawei, dataRain e AWS, Grupo Binário, Microhard e Padtec, e apoio da Capes e do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.Br). O WRNP ocorre tradicionalmente em paralelo ao Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos (SBRC), organizado pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC).

Para mais informações, acesse: wrnp.rnp.br.