Espaço para o mercado conhecer projetos da academia

- 01/12/2014

Projetos inovadores ligados às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) fazem parte da II Mostra Inova CTIC/RNP, realizada entre os dias 1° e 2 de dezembro, em São Paulo. O evento é a oportunidade de divulgar e colocar à disposição do mercado os produtos e serviços projetados pelos grupos de pesquisa coordenados pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologias Digitais para Informação e Comunicação (CTIC). Na abertura do evento, o diretor do CTIC, Lisandro Granville, fez uma breve explicação sobre o histórico do centro de pesquisa.

“O CTIC foi criado para desenvolver a competência nacional para inovação em comunicações digitais. Em princípio, os projetos tinham foco em TV Digital”, esclareceu. Com o passar do tempo, o escopo do CTIC foi ampliado e novos temas passaram a ser prioridade: cidades inteligentes, computação em nuvem e virtualização de redes e serviços.

Lisandro ressaltou que o CTIC possui atualmente 16 projetos executados, em três ciclos, e conta com mais de 50 instituições envolvidas nessas iniciativas. “Nesta segunda mostra, vamos apresentar os projetos que fazem parte do segundo e terceiro ciclos, além de cinco Grupos de Trabalhos (GTs) internamente selecionados pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), com resultados com interesse para a indústria”, explicou.

A apresentação do projeto Simtur, sistema de monitoramento de tráfego urbano, abriu a apresentação das iniciativas apoiadas pelo CTIC. A coordenadora geral do Simtur, a professora doutora Patrícia Jaques, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), destacou o objetivo do projeto em contribuir para a desobstrução de vias urbanas e incentivar o uso de transportes coletivos. “Isso é possível por meio do uso de tecnologias da informação e da comunicação para gerenciar, controlar e prover informações sobre sistemas de transporte”, explicou Patrícia.

O projeto envolveu 20 pesquisadores de 17 instituições. Um dos produtos desenvolvidos foi a ‘Simulação inteligente de semáforos’, que possibilita gerenciar os semáforos de forma eficaz, para se adaptar às condições do tráfego e melhorar o sistema de trânsito. Outro serviço foi o Antares, disponível no site antares.unisinos.br. “Essa ferramenta apresenta possibilidades de rotas, com tempo estimado de espera do transporte e duração da viagem. Devido à dificuldade de conseguir informações das prefeituras, como as linhas de ônibus e os pontos de paradas, trabalhamos com o sistema crowdsourcing, em que os usuários fornecem essas informações. Já está rodando para a cidade de Porto Alegre”, destacou a coordenadora.

O CIA2, Construindo Cidades Inteligentes, foi o segundo projeto fomentado pelo CTIC apresentado no evento. A iniciativa se propõe a construir uma infraestrutura de instrumentação, computação e comunicação para viabilizar as Cidades Inteligentes. Isso incluiu ferramentas para aquisição dos dados urbanos brutos, por meio de tecnologias de redes de sensores e internet das coisas, além de ferramentas para comunicação, armazenamento e acesso a esses dados por diferentes tecnologias e protocolos de redes sem fio. Além disso, o CIA2 construiu aplicações que se beneficiam de toda essa infraestrutura, para suportar uma melhor gestão pública e do meio ambiente, agregando valor ao cidadão. 

“Nós já temos tecnologia para fazermos aplicação de larga escala dessas tecnologias, mas ainda há muito o que trabalhar em relação à segurança das informações”, ressaltou o vice-coordenador da iniciativa, o professor doutor Antônio Augusto Fröhlich, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).  Ele ainda destacou que o CIA2 já conta com apoio de empresas que fabricam sensores seguros, usando protocolo do projeto.

O professor doutor Celso Saibel, da Universidade Federal do Espírito Santos (Ufes), apresentou aos participantes do evento o projeto Space-4D, Sistema Participativo de Gestão e Monitoramento de Cidades e Serviços Públicos, usando Câmeras de Monitoramento 4D. A iniciativa propôs padronizar câmeras especiais de monitoramento, desenvolver e aplicar técnicas para reconhecimento e rastreamento de pessoas ou objetos, a fim de facilitar a gestão de cidades, por meio da integração de sistemas de monitoramento aos conteúdos multimídia gerados por usuários "comuns" da internet. 

O projeto também resultou na criação de uma ferramenta de apoio à gestão urbana e transporte coletivo que utiliza os dados gerados via crowdsourcing, em que as informações cedidas pelos usuários são usadas na gestão de cidades. “Também foi criado um sistema de apoio à gestão pública, que consiste em uma base de conhecimento para auxiliar o poder público a tomar decisões”, destacou Saibel.

Finalizando o primeiro dia de evento, a iniciativa apresentada foi a Remoa, que utiliza o conceito de Redes de Monitoramento do Ambiente. O projeto propõe um conjunto de ferramentas que explora a participação do cidadão em uma Cidade Inteligente baseada na Internet das Coisas. O protótipo desenvolvido possibilitou o monitoramento remoto de pacientes com doenças crônicas, em suas próprias casa, utilizando dispositivos como sensores de movimento e monitores de pressão cardíaca. Foram propostos meios de prover a comunicação autônoma de dispositivos de monitoramento, viabilizando a constante obtenção de informações a respeito do paciente monitorado e de forma não intrusiva. 

De acordo com a professora doutora Liane Tarouco, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a privacidade das informações dos pacientes foi o foco do projeto. “O agente de saúde só tem acesso aos dados do paciente enquanto estive na residência deste”, explicou. Esse projeto, se aplicado, ainda pode melhorar programas já existentes, como Saúde da Família e SUS em Casa.

Participação dos Grupos de Trabalho da RNP

Na parte da manhã, três projetos de GTs tiveram destaque no evento. O primeiro foi o VOA, Vídeos sob Demanda como Objetos de Aprendizagem, apresentado pelo representante do grupo André Luiz Damasceno, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O objetivo do projeto é permitir o uso de conteúdo multimídia interativo no ensino a distância. Foi criada uma ferramenta chamada Cacuriá, que permite aos profissionais da área da educação criarem objetos de aprendizagem em um processo intuitivo. “O diferencial dessa ferramenta é a possibilidade de criar vídeos não lineares, fazendo com que o conteúdo se adapte à interação do aluno. E para facilitar a manipulação da ferramenta pelos professores, criamos uma interface parecida com o PowerPoint, o que remete a um programa que eles já usam no dia a dia”, explicou Damasceno.

Outro GT que participou da mostra foi o Mconf, apresentado pelos representantes do projeto Leonardo Daronco e Felipe Cecagno, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O Mconf é um sistema de webconferência de código aberto escalável e interoperável para web e dispositivos móveis, que pode ser usada em diversos cenários – eventos, educação e reuniões a distância, por exemplo. “Com esse sistema, temos facilidade de interação com os dados já existentes da instituição, liberdade de customizar a ferramenta para a identidade visual do cliente, código aberto proporcionando um ambiente colaborativo, infraestrutura escalável e monitoramento em tempo real”. Esse grupo já possui hoje uma start-up, a Mconf Tecnologia, que tem o objetivo de expandir o uso da ferramenta no mercado.

O Sistema para Controle Inteligente de Redes Sem Fio, SciFi, foi o terceiro GT em destaque na II Mostra Inova CTIC/RNP. Essa é uma solução de baixo custo para redes sem fio de larga escala (de 10 a 5 mil pontos de acesso - APs), usando um controlador de software e hardware. “O SciFi muda o paradigma de instalação de rede sem fio, pois é um software livre, sem custo, adaptável e com possibilidade à cooperação, possui um ponto de acesso muito barato e o sistema configura isso sozinho”, destacou o representante do projeto o PhD Luiz Schara, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Estandes para divulgação dos projetos

Além das apresentações na sala principal do evento, foram disponibilizados estandes, durante todo o dia, para demonstrar as novas tecnologias. Esses espaços ainda funcionaram como local de reunião com representantes das empresas interessadas nos projetos desenvolvidos.

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