Com Projeto Ilíada, Brasil investirá na tecnologia blockchain
Uma parceria de RNP, CPQD e Softex, iniciativa prevê a criação de um observatório para estudos sobre a tecnologia
Nos últimos anos, a tecnologia blockchain vem ganhando cada vez mais relevância para pessoas, empresas e governos. Ela funciona como uma espécie de banco de dados descentralizado que registra transações de maneira segura e sem possibilidade de alteração, reduzindo o risco de fraudes. Para acelerar a adoção dessa tecnologia no Brasil, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lançou o Projeto Ilíada.
Com investimento de R$ 23 milhões, a iniciativa é uma parceria entre a RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), o CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações). O projeto foi apoiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, com recursos da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991, no âmbito do PPI-SOFTEX, coordenado pela Softex. A meta é criar um laboratório que realizará estudos sobre o uso de blockchain e como a tecnologia pode ser aplicada no contexto brasileiro.
“O Projeto Ilíada visa contribuir para o amadurecimento do ecossistema blockchain no Brasil por meio de ações de pesquisa e desenvolvimento tecnológico para acompanhar o estado da arte da blockchain, de modo que o país obtenha o domínio da tecnologia”, explica Leandro Ciuffo, diretor-adjunto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da RNP, responsável pela execução do projeto.
Será o primeiro laboratório do tipo no país, que ainda terá um ambiente de teste virtual para que os pesquisadores possam realizar experimentos sobre blockchain em um ambiente controlado.
“O CPQD tem colaborado ativamente com o desenvolvimento do ecossistema blockchain do Brasil. Participamos, desde o início, das atividades do CT-Blockchain da RNP, quando nasceram as primeiras ideias sobre o escopo do Projeto Ilíada”, lembra Reynaldo Formigoni, gerente de Soluções Blockchain do CPQD.
A tecnologia
Chamada de "a próxima geração da internet", a Web 3.0 pretende mudar a forma como ocorre a interação online. Ao invés do modelo atual, onde os serviços e tráfego de dados são controlados por grandes corporações, esse novo modelo contará com soluções online descentralizadas, sem o controle de nenhuma empresa ou pessoa.
Com isso, ganha-se uma camada maior de segurança e privacidade. E a blockchain tem um papel fundamental nesse modelo por permitir que as informações registradas fiquem guardadas em locais diferentes. Sendo assim, é mais difícil que algum invasor possa alterar ou mesmo fraudar esses dados.
No Brasil, a blockchain já é usada por empresas e instituições. A RNP, por exemplo, usa essa tecnologia em seu serviço de emissão de diplomas digitais. Já o governo federal usa blockchain na emissão da Carteira de Identidade Nacional.
Iniciativa busca pesquisadores
Previsto para durar até janeiro de 2026, o Projeto Ilíada está em busca de pesquisadores que possam atuar no desenvolvimento do ambiente de testes que será usado para as pesquisas e estudos com blockchain. Cada grupo selecionado receberá até R$ 132 mil para atuar no projeto por um período de um ano. Uma das exigências é que cada grupo seja coordenado por um pesquisador vinculado a alguma instituição de ensino pública ou privada. Além disso, as propostas devem se relacionar a algum dos temas de interesse, como Tokens Não Fungíveis (NFTs), segurança e privacidade em blockchains e outros. Interessados têm até 25 de julho para fazer a inscrição neste link. Leia a chamada pública para mais informações.
O Projeto Ilíada será tema de uma apresentação no evento BlockchainRio, que acontece em 24 e 25 de julho. O painel “Financiamento público para o desenvolvimento de blockchain: MCTI e o caso do Projeto Ilíada” mostrará detalhes da iniciativa e debaterá a importância do investimento em blockchain.