Mesa redonda sobre fake news é destaque do Disi 2018
A edição de 2018 do Dia Internacional de Segurança em Informática (Disi) se debruçou sobre o tema 'Fraudes virtuais, golpes reais' e abordou os principais tipos de fraudes que existem na web. O evento aconteceu no dia 30/8, na Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC), em Brasília-DF.
Fake news: o fenômeno de notícias falsas
O debate sobre fake news ganhou destaque no Disi 2018. Em período eleitoral, crescem as práticas de disseminação de notícias falsas e, com o objetivo de conscientizar os usuários sobre os prejuízos reais dessa prática, o evento promoveu um painel com representantes dos meios jornalístico, jurídico, de redes sociais e de tecnologia.
O jornalista do Correio Braziliense Leonardo Cavalcanti iniciou o debate e apresentou ao público como funciona os bastidores da atuação de um produtor de notícias falsas. Ele, que trabalha em uma série de reportagens sobre Fake News para o Correio, tem revelado como redes de criminosos provocam a desinformação de forma coordenada e multiplicam agressões a grupos específicos. “As fake news são materiais que embaralham a realidade com a ficção, no tempo e no espaço, para criar a dúvida”, definiu Cavalcanti.
Já o advogado especialista em Tecnologia e Educação Walter Capanema alertou sobre as implicações jurídicas para os usuários que se tornam vítimas de notícias falsas, como ofensa à honra, desinformação e exaltação falsa. “A desinformação reverbera mais que a informação”, afirmou Capanema.
A gerente de Políticas Públicas do Facebook, Rebeca Garcia, reforçou que a rede social procura reprimir contas falsas por meio de sua política de autenticidade. “As pessoas tendem a se comportar de uma forma mais responsável quando elas têm o seu próprio rosto e seu nome autêntico sendo utilizado”, explicou a palestrante, afirmando que as denúncias de usuários são importantes para identificar perfis não autênticos. Ao todo, o Facebook já registrou em sua plataforma 680 milhões contas falsas.
O CEO da UPX Technologies, Bruno Prado, compartilhou com o público do DISI algumas dicas para verificar a veracidade das notícias. Entre as orientações que o especialista passou está a checagem de fonte da notícia, confiabilidade do autor e a desconfiança em casos de erros de digitação e ortografia.
Quando a criatividade é usada para a prática de cibercrimes
No encontro houve espaço também para um painel que mostrou o Brasil como um dos campeões no assunto cibercrime. Aldo Albuquerque, sócio-diretor da Tempest Security, destacou as criações de novos modelos de técnicas de roubos de dados, conhecida como phishing. Expert no assunto, o palestrante ressaltou o forte crescimento dos casos de roubos de dados. “Quanto mais gente na internet, mais gente para ser roubada ou fraudada. Outra razão para isso é nossa legislação, que é frágil e confusa, além da sensação de impunidade. Há também a falta de uma cultura de segurança nas empresas e nas pessoas. Hoje em dia, mais pessoas estão fazendo negócios na internet, logo, mais possibilidade de fraude” explicou durante sua palestra.
Uma viagem no tempo: a evolução dos golpes na internet
Sandro Suffert, Diretor Executivo da Apura Cybersecurity Intelligence e com mais de 20 anos de experiência na área da tecnologia, levou os participantes a uma viagem no tempo para contextualizar a evolução dos golpes na internet. “Lá na década de 80, a gente tinha aquela coisa romântica. Nerds, todos eles de óculos, fazendo e espalhando vírus. Eles mesmos queriam se superar e eram bons desenvolvedores. Outros invadiam departamentos de organizações governamentais só para provar que eram bons. A partir de 2000, isso muda um pouco e começamos a enxergar o crime organizado se utilizando disso. Os criminosos percebem que podem roubar um banco sem precisar entrar lá com fuzil. Esses agentes de ameaça foram se somando e, a partir de 2010, a gente começa a perceber que estados e nações também fazem ataques e espionagem cibernética”, afirmou Sandro.
Ações do Ministério Público em combate aos crimes cibernéticos
A atuação do Ministério Público Federal no combate aos crimes cibernéticos foi o alvo da palestra de Neide de Oliveira, procuradora regional da república da 2ª Região. Em sua apresentação, ela abordou perspectivas, desafios e técnicas de investigação contra as ameaças cibernéticas, as necessidades de aperfeiçoamento legislativo e de cooperação internacional nesse campo.
A procuradora ressaltou o forte impacto que a educação exerce sobre o combate ao crime na internet, principalmente ao cyberbullying. “Um dos projetos criados pelo MPF, o Educação Digital nas Escolas, realiza oficinas com profissionais da educação para trabalhar em sala de aula temas como cyberbullying, sexting, aliciamento, privacidade, canais de denúncia e uso excessivo da rede. A prevenção é o melhor caminho, principalmente em se tratando de adolescentes e crianças”, pontuou Neide.
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