Ceará anuncia expansão de rede óptica no estado até 2017
Com internet instalada em 116 de 184 municípios, o Ceará mantém a liderança como o estado com a maior rede de banda larga pública do país. Iniciado em 2010 pelo governo estadual, em parceria com a RNP, o projeto Cinturão Digital (CDC, na sigla) promoveu a instalação de um anel de fibra óptica que passa pela capital e pelo interior, em uma extensão de mais de 3.500 quilômetros. Até o primeiro semestre de 2017, deverá ser iniciada uma nova expansão dessa infraestrutura para mais 26 municípios, com investimentos de R$ 6 milhões que serão aportados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Atualmente, o estado se prepara para desafios ainda maiores de conectividade, com a chegada de seis novos cabos internacionais passando por Fortaleza, como o EllaLink, primeiro cabo submarino com tecnologia de 100 Gb/s a ligar o Brasil diretamente à Europa, e o Sacs, um empreendimento da Angola Cables que ligará Fortaleza a Luanda, na África, ambos previstos para o final de 2018.
Para tirar proveito de sua posição privilegiada como hub internacional de telecomunicações, o governo do estado, por meio da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), criou o projeto Polo de Inovação em Nuvem, para atrair provedores de internet, datacenters e startups do segmento e, assim, promover um ecossistema de inovação em nuvem computacional. “Nada mais razoável que, considerando nossa posição geográfica de confluência dos cabos submarinos, nos tornemos local ideal para a construção de uma indústria que se utilize dessa vantagem competitiva. Hoje, já temos datacenters de grande porte instalados e outros vindo se fixar no estado do Ceará e devemos atrair ainda mais”, afirmou o presidente da Etice, Adalberto Pessoa.
Ainda de acordo com a Etice, o estado tem sido pioneiro em substituir sua infraestrutura de TI pela contratação de serviços em nuvem em seus órgãos públicos. “Como primeiro passo, estamos criando um modelo de contratação inovador para serviços em nuvem, baseado no credenciamento de provedores de serviços, visando à migração estruturada de todas as aplicações e serviços pertinentes no governo para a nuvem”, informou Pessoa. A previsão é de que os primeiros credenciamentos ocorram em fevereiro de 2017.
Em contrapartida, as empresas deverão, no prazo de 24 meses, realizar o provimento dos serviços em nuvem com o uso de datacenters locais, dentro do próprio estado. “Queremos atrair conteúdo de maneira sustentável e que os datacenters estejam no Ceará, para que esse potencial estratégico se estabeleça de forma continuada”, reforçou o diretor de TI da Etice, Pablo Ximenes, que ressaltou outra vantagem competitiva do Ceará: a abundância de energia renovável, tanto a solar como a eólica.
Para concretizar essas parcerias, o governo do Ceará contará com o apoio da prefeitura de Fortaleza, que lançou o Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Parques Tecnológicos e Criativos de Fortaleza (ParqFor), que oferece incentivos fiscais para atrair empresas a se instalarem na cidade. A perspectiva é que a Praia do Futuro, porta de entrada para as instalações de cabos submarinos, abrigue um parque tecnológico voltado para companhias do setor de Tecnologias da Informação e Comunicação.
Cinturão Digital
Iniciado em 2010, o projeto Cinturão Digital foi viabilizado a partir da instalação do primeiro anel óptico levado ao estado pela RNP, a rede metropolitana de Fortaleza (GigaFor), durante a execução do Programa Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep). Com custos que chegavam a R$ 2 mil o megabyte e baixa qualidade de acesso, na maior parte das cidades via rádio, a solução encontrada pelo poder público para expandir a rede já instalada nas universidades foi fomentar a concorrência e subsidiar a instalação da fibra óptica em um acordo direto com prefeituras.
Hoje, o Cinturão Digital do Ceará é compartilhado pela Etice, RNP e provedores privados. O anel de fibra óptica atende a 90% dos provedores de internet no Ceará, o que reduziu para eles o custo do megabyte pela metade. Isso se refletiu no barateamento dos serviços de internet oferecidos à população e uma maior democratização do acesso à banda larga, uma vez que 1,5 milhões de cearenses passaram a ter internet de mais qualidade e a uma velocidade duas vezes superior. Ao todo, 95% dos municípios são atendidos por essa rede óptica, incluindo a malha de órgãos públicos estaduais, como secretarias, hospitais e escolas.
Com a maior capilaridade de rede no interior, o Cinturão Digital permitiu que alunos, professores, pesquisadores e funcionários dos Institutos Federais (IFs), Instituições Estaduais (IEESs) e Federais de Ensino Superior (Ifes) do Ceará, além das unidades de pesquisa, também fossem beneficiados. O estado é o primeiro a atingir a meta do Programa Veredas Novas da RNP, de interiorização da rede acadêmica, que visa conectar todos os campi de instituições de ensino e pesquisa distantes dos grandes centros a pelo menos 100 Mb/s.