Cooperação entre Brasil e Moçambique: da telessaúde à segurança
A colaboração entre dois membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Brasil e Moçambique, tem rendido frutos que vão da telessaúde à segurança cibernética. Já são cinco anos de parceria desde que os ministérios de Ciência e Tecnologia de ambos os países firmaram um acordo bilateral de cooperação entre as redes acadêmicas RNP e MoRENet.
O acordo deu início a um intenso intercâmbio de informações que se estruturou em três eixos: boas práticas em gestão e governança; capacitação em TI; e informações técnico-operacionais. Depois de uma série de visitas e reuniões, os resultados rapidamente começaram a aparecer. Hoje, a MoRENet leva internet a 59 universidades, 33 centros de investigação e pretende ampliar o alcance de sua rede a escolas do ensino técnico-profissional.
Para formar profissionais capacitados a atuar nessas instituições, o país investe cada vez mais em capital humano. Até o final de 2017, a Escola Superior de Redes (ESR), unidade de capacitação da RNP, chegou a formar 2.479 alunos moçambicanos, por meio de cursos presenciais no polo em Maputo, capital do país, e turmas distribuídas com transmissão remota do Brasil para Moçambique.
Em 2017, a ESR formou uma turma de 24 especialistas em TIC enviada ao Brasil durante três meses, que realizou dez cursos em Brasília nas áreas de Administração de Sistemas, Administração e Projeto de Redes e Segurança. O objetivo foi capacitá-los para implementar serviços de TIC em suas instituições de origem.
Em maio deste ano, foi a vez do curso de Formação em Segurança Cibernética ser levado até Maputo e oferecido a 50 técnicos do governo de Moçambique em modalidade híbrida, ou seja, parte presencial e parte a distância (EaD), com previsão de término em julho. O conteúdo do curso traz conceitos básicos em segurança da informação para serem implementados nas organizações dos participantes, com abordagem prática e interativa.
Em junho, outra grande conquista foi o lançamento do núcleo de telessaúde de Moçambique (Telessaúde MZ), que oferece apoio a distância aos profissionais de saúde que atuam em toda extensão do país africano. Sua finalidade é ajudar na prestação de serviços de saúde à população, priorizando os Cuidados de Saúde Primários, que integram ações preventivas e comunitárias.
A estruturação do núcleo contou com a experiência do Telessaúde Rio Grande do Sul, referência no Brasil em teleconsultorias feitas por telefone, e com o apoio técnico de instituições como a Johns Hopkins University (EUA) e o Center for Disease Control and Prevention (CDC – EUA). A iniciativa torna viável a participação de moçambicanos nos 50 Grupos de Interesse Especial (SIGs) da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), em projetos comuns com o Brasil.
O país africano enfrenta grandes desafios de saúde pública, como a malária e o aumento da prevalência de HIV e AIDS. Para isso, mantém o Programa Nacional de Controle de Malária (PNCM), que presta serviços de pulverização, distribuição de redes mosquiteiras com inseticida e tratamento intermitente preventivo. Também elaborou a Diretriz Nacional de Melhoria de Qualidade dos Cuidados e Tratamento para HIV (MQHIV), documento que orienta a implementação do tratamento a nível nacional.
*O caso foi divulgado no blog de redes acadêmicas internacionais, In the field.