Homenagem a Tadao Takahashi encerra 23º WRNP
Uma homenagem a Eduardo Tadao Takahashi, fundador e primeiro dirigente da RNP, encerrou a 23ª edição do WRNP, nesta terça-feira (24). Um dos pioneiros da internet no Brasil, Tadao morreu em 6 de abril de 2022, aos 71 anos. O tributo foi conduzido por Nelson Simões, diretor-geral da RNP, que destacou o legado de Tadao para a sociedade brasileira.
“A intensidade da presença dele entre nós e a contribuição ampla que ele nos deixou, por seu trabalho e sua visão, nos chamam a celebrar esse momento também como um momento de sua vida. Por isso, resolvemos, em conjunto ao SBRC, prestar esta homenagem”, afirmou Simões. “Tadao foi a pessoa que nos conduziu no início da internet no Brasil”, completou Rossana Andrade, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), que também participou do tributo.
A trajetória profissional do brasileiro nomeado pela Internet Society para o Hall da Fama da Internet foi lembrada durante a homenagem. Reunidos em um vídeo, depoimentos de pesquisadores, assim como de familiares, exaltaram a importância de Tadao para o nascimento da internet no Brasil e para a evolução das tecnologias da informação e comunicação no país.
Na produção, Nelson Simões contou ter conhecido Tadao Takahashi em um período de “grande efervescência”, logo após a Eco-92. “Ele me dizia o que eu deveria fazer na RNP. Eram anos extremamente motivadores. Todos trabalhávamos com a visão de que aquela infraestrutura que tinha começado em 1992 ia ser fundamental para tudo no Brasil. O que Tadao trouxe para todos nós foi essa capacidade de olhar o futuro.”
“Títulos pomposos” não agradavam Tadao, lembrou José Luiz Ribeiro Filho, diretor de Pessoas, Administração e Finanças. “Ele se autointitulava coordenador-geral. Embora estivesse de saída, tomou todos os cuidados de me apresentar, instruir e passar tudo o que conhecia e sabia a respeito da RNP e das parcerias que vinha fazendo para que eu pudesse dar prosseguimento ao trabalho que ele havia iniciado. Não esperava isso de uma pessoa que estivesse de saída, e me trouxe uma certeza muito grande quanto à missão de seguir com seu legado”, disse.
A luta de Tadao por um mundo mais igualitário foi pontuada por sua irmã, Laura Takahashi, que citou a mais recente missão de Tadao: oferecer formação técnica, tecnológica e humana de crianças e adolescentes de baixa renda. “Isso se converteu na associação sem fins lucrativos Instituto Tadao Takahashi (ITT), totalmente dedicada a levar adiante sua visão de futuro e de esperança para o Brasil de hoje e de amanhã.”
Outros pesquisadores e membros da RNP participaram do vídeo. Veja na íntegra:
Painel conjunto abordou a formação dos profissionais de cibersegurança
O último dia do evento também foi marcado pelo “Painel Conjunto SBRC: Transformação digital acelerada e aumento dos riscos de ataques cibernéticos: como preparar a força de trabalho para estes desafios?”. Moderado por Michelle Wangham, assessora de pesquisa, desenvolvimento e inovação da RNP, o debate teve a participação de Emilio Tissato Nakamura, diretor de cibersegurança da RNP; José Sampaio Gontijo, secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTI; Sergio Paulo Gallindo, presidente da Brasscom; e do professor da UFMG Aldri Santos.
O tradicional momento reúne programas do WRNP e do SBRC para debater temas atuais e de relevância. Neste ano, o tópico escolhido foi a formação de profissionais em cibersegurança. “Essa formação precisa ser muito especializada e multidisciplinar, já que a segurança é transversal e necessária nas mais diversas áreas. Isso a torna ainda mais complexa e desafiadora”, disse Michelle.
Segundo Nakamura, os problemas de cibersegurança podem ser resolvidos com capacitação humana e uso de ferramentas e tecnologias. “Quando falamos da formação desses profissionais, temos a questão de adequação de currículo e caminho educacional, pensando em todos os estágios de uma educação; de incentivo aos projetos científicos; e de conexão com órgãos de fomento, investidores, empresas e academias. A criação desses mecanismos para possibilitar que essas pessoas cheguem ao mercado de trabalho, academias e startups é um caminho bastante necessário.”
Uma das medidas para ampliar a formação foi a criação do “MCTI Futuro: Futuro do Trabalho, Trabalho do Futuro”, contou Gontijo. O programa apoia ações de capacitação para a transformação digital a estudantes de diferentes faixas etárias e níveis escolares. “Chamamos a RNP para desenhar o programa conosco, para fazer o ‘hacker do bem’: formar uma gama de profissionais para termos uma prontidão civil. Vamos formar 30 mil profissionais nivelados na área de cibersegurança; os 3 mil melhores vão para uma segunda fase, com um nivelamento maior; os 2 mil melhores vão ter ainda mais qualificação; e os 250 maiores especialistas vão ser bem treinados para formar uma prontidão civil que vai, rapidamente, se conectar em situações de urgência”, explicou.