Projeto utiliza jogos educacionais para ensino de matemática no interior de São Paulo
A matemática é uma das disciplinas em que os estudantes brasileiros costumam ter mais dificuldades. No entanto, os alunos da rede municipal de ensino em Batatais, no interior de São Paulo, estão provando que aprender números e cálculos pode ser uma experiência mais prazerosa com o uso de jogos educacionais em sala de aula. Graças a uma parceria entre o Laboratório de Objetos de Aprendizagem (LOA) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a secretaria municipal de educação em Batatais, alunos do 3° ano do ensino fundamental de sete escolas públicas participaram de um projeto piloto para a elaboração de jogos que pudessem favorecer a aprendizagem em matemática.
Para isso, o projeto utiliza a plataforma REMAR, desenvolvida pelo laboratório da UFSCar, que permite a criação e reuso de jogos educacionais abertos. Os jogos são tipos de Recursos Educacionais Abertos (REAs), publicados com licença aberta Creative Commons, o que facilita a sua reutilização por terceiros e a criação de novos jogos. De acordo com a definição dada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), “pode ser considerado recurso educacional aberto qualquer tipo de ferramenta, material ou técnica de ensino e pesquisa, desde que seja suportado por uma mídia e esteja sob domínio público ou sob uma licença livre, de forma a permitir sua utilização ou adaptação por terceiros”.
Segundo a professora do Departamento de Computação da UFSCar e uma das coordenadoras do projeto REMAR, Joice Otsuka, os jogos podem ser customizados diretamente pelos professores na plataforma de acordo com seus objetivos educacionais, sem depender de uma equipe técnica especializada. Atualmente, entre os modelos disponíveis, é possível encontrar o LabTeca, laboratório virtual 3D para experimentos em química; Escola Mágica, jogo de plataforma e quiz; Forca; entre outros.
A plataforma REMAR inicialmente foi adotada em disciplinas de graduação e pós-graduação da UFSCar. Em agosto e setembro de 2017, 19 professores do 3º ano da rede municipal participaram de palestras e oficinas para aprender o processo de construção de jogos. O resultado foi a customização de 46 jogos em 2017. Pela plataforma ser acessível por dispositivos móveis, a prefeitura também investiu na compra de 1,6 mil tablets para o uso dos alunos.
O primeiro contato dos docentes com REAs surgiu no Simpósio Internacional de Educação a Distância e Encontro de Pesquisadores em Educação a Distância, promovido pela UFSCar em 2016, durante uma palestra sobre jogos educacionais abertos. A parceria entre o LOA e a secretaria de educação de Batatais foi estabelecida em janeiro de 2017 e, cinco meses depois, a professora Fabiana Nazzar, da escola municipal Ana Bonagura de Andrade, foi eleita a responsável pela elaboração de temas que possam ser transformados em jogos educacionais, como situações-problema, tabuadas, operações fundamentais, medidas de tempo e capacidade, entre outras nas áreas de matemáticas e ciências em geral.
Para a educadora, trata-se de mais uma ferramenta a favor do professor para potencializar o aprendizado dos alunos. “O aluno tem se desafiado mais respondendo a questão pelos jogos do que por uma prova. Estamos tentando envolver esses alunos de forma diferente nessa aprendizagem”, avalia Fabiana.
Com a aquisição de um servidor local no final de 2017, a intenção da prefeitura de Batatais é expandir o uso da plataforma REMAR para outras escolas públicas do município e também para a educação infantil. Até o momento, capacitações foram realizadas com coordenadores pedagógicos da rede. Também foi criada uma página do projeto no Facebook.
A plataforma REMAR – Recursos Educacionais Multiplataforma e Abertos na Rede – recebeu apoio dos Programas de P&D Temáticos em Ensino a Distância (EaD), coordenados pela RNP, a partir de dezembro de 2014, com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Esperamos que o REMAR contribua para o amadurecimento do movimento de recursos educacionais abertos no Brasil, motivando desenvolvedores a compartilharem modelos de jogos abertos e motivando professores a criarem seus jogos customizáveis”, declarou a coordenadora adjunta do REMAR, Joice Otsuka.
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