RNP participa de seminário de apresentação dos primeiros resultados do projeto TV 3.0
O seminário promovido pelo Ministério das Comunicações (MCom), nos dias 3 e 4/4, reuniu em Brasília indústria, radiodifusores, e pesquisadores responsáveis pela evolução do Sistema Brasileiro de TV Digital para uma demonstração parcial dos resultados depois de um ano de trabalhos e com previsão de implantação no próximo ano.
O MCom preside o GT TV 3.0, criado a partir do Decreto nº 11.484, publicado em abril de 2023, que dispõe sobre as diretrizes da nova tecnologia e garantia da disponibilidade de espectro de radiofrequências para a sua implantação. A agenda de trabalho inclui a definição de novas tecnologias e a realização de testes durante a terceira fase do planejamento da TV 3.0, coordenado pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), com patrocínio do MCom e apoio à execução das pesquisas e testes da RNP.
A TV 3.0 será implementada em 2025, a fim de melhorar as qualidades de transmissão, áudio, vídeo e experiência para os espectadores, integrando a radiodifusão e a banda larga, assim buscando manter a televisão aberta atualizada e relevante para a população brasileira.
Presente na cerimônia de abertura do evento, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, destacou o grande impacto que o novo padrão irá provocar na sociedade.
“Estamos diante de uma das mais esperadas revoluções do setor, que chega a ser mais significativa do que vivemos na transmissão do analógico para o digital. É o futuro da TV no Brasil. Na prática, é a integração definitiva entre a televisão aberta e gratuita com a internet. Todas as evoluções de imagem e som vão estar disponíveis na TV aberta para a população. A interatividade, com a internet, que vai ser possível é um instrumento a mais, mas não significa que a população precisa ter internet para ter acesso à TV 3.0”, afirmou.
Qualidade e interatividade em foco
A navegação será mais interativa, passando a ser feita apenas por aplicativos, abandonando o atual sistema por números. Isso permitirá que os canais ofereçam, além do que já é transmitido ao vivo por sinal aberto, conteúdos adicionais sob demanda, como séries, jogos, programas e muitas outras possibilidades.
A qualidade da imagem irá, no mínimo, quadruplicar. O padrão atual, que é a TV Digital com Full HD, passará a ser transmitido pelo ar em até 4k, ou até 8k caso seja assistido pela internet. Isso significa que a imagem terá ao menos quatro vezes mais pixels, trazendo mais informações por espaço, melhorando a cor e a nitidez. O contraste também vai ser aprimorado, por meio de tecnologias de HDR (High Dynamic Range).
Com som imersivo, a tecnologia vai permitir que o telespectador tenha a sensação de estar no ambiente que está sendo assistido. O telespectador poderá, por exemplo, escolher entre ouvir apenas o microfone do cantor com a banda ou destacar o som da plateia.
Além disso, será possível personalizar os temas e as propagandas disponíveis nos seus canais, com o objetivo de melhorar a experiência para o telespectador. A migração para o novo padrão deverá ser gradativa, possivelmente começando pelas grandes cidades.
“As mudanças que acontecem no nosso setor nos colocam sempre em momentos cruciais. Hoje, passamos por mais uma etapa chave de transformação digital e a evolução da TV 3.0 é um exemplo concreto de que a tecnologia e a internet são nossas aliadas nesse processo”, frisou Flávio Lara Resende, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert).
Contribuição da RNP
Contratada pelo MCom via 13º Termo Aditivo ao Contrato de Gestão, assinado em dezembro de 2022, a RNP está responsável pela execução da atual fase de desenvolvimento da TV 3.0, que vem sendo desenvolvida desde janeiro de 2023 e seguirá até outubro deste ano.
Ao longo do trabalho, foram adquiridos 63 equipamentos para equipar os laboratórios das sete universidades envolvidas no projeto desenvolvido por cerca de 80 pesquisadores. Também viabilizou a participação deles em quatro eventos, com a realização de três mesas e 15 painéis sobre o tema.
Além disso, a RNP ainda contribuiu para identificar novas agendas de pesquisa a serem desenvolvidas no contexto da TV 3.0, dando continuidade aos trabalhos atuais e contribuindo para a inserção imediata das TVs públicas (integrantes do Sistema RNP) na nova tecnologia.
“A RNP formou essa rede de colaboração em TV Digital durante a transição da TV Analógica, cerca de 15 anos atrás, no contexto do projeto CTICs. Agora, essa experiência e competência estão sendo retomadas para contribuir para a realização de um enorme trabalho em curtíssimo espaço de tempo, onde ainda pudemos dar contribuições para além da agenda original, que se refletem principalmente nas propostas de experiência do usuário ou, no caso, telespectador”, explicou Adriano Adoryan, gerente de soluções responsável pela cooperação.
Comunicação Pública
O presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Jean Lima, destacou ressaltou, durante o evento, a importância da união do setor para que a TV Digital possa evoluir e chegar a toda a população brasileira.
“É importante garantir a permanência de todos os canais abertos na TV 3.0 e a permanência dos canais públicos ou estatais. Porque 70% da população brasileira se informa por esse meio de comunicação. E aí, é preciso investimento do Estado brasileiro, do Executivo, do Judiciário e Legislativo”, destacou Jean Lima. “Para o campo público, a TV 3.0 representa a possibilidade de incluir novos atores e democratizar a comunicação", afirmou.
De acordo com Jean, a EBC tem participado de todo o processo de debate sobre a aquisição de novas tecnologias para a TV 3.0, com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) e o MCom, que coordena a iniciativa. A intenção é garantir a isonomia na distribuição dos canais e deixar a liberdade de escolha aos telespectadores.
Segundo a diretora-geral da EBC, Maíra Bittencourt, a nova TV Digital ajudará a aproximar diferentes veículos de comunicação pública, entre eles, os vinculados à Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP), coordenada pela EBC.
“Refiro-me a TVs estaduais; a TVs ligadas a universidades estaduais, municipais e federais; e aos institutos federais. Vejo aqui uma presença massiva de parceiros ligados principalmente a instituições de ensino, que trazem no seu fundamento de existência essa preocupação com a educação, com a cultura, com o desenvolvimento tecnológico. Elas contribuem não somente no campo da comunicação – no fazer chegar a partir da radiodifusão –, mas também no desenvolvimento das próprias tecnologias que nos permitem isso”, argumentou a diretora.
Durante o seminário, o ministro das comunicações também assinou um termo de outorga de 28 novas emissoras, atingindo o total de 100 novos canais de rádio ou TV para a RNCP.
Inclusão digital
Perguntada sobre como a TV 3.0 poderá colaborar para a inclusão digital da população de baixa renda, Maíra disse que este é também um desafio a ser encarado, inclusive, visando uma maior integração dos serviços públicos.
“A gente chegou a levantar essa possibilidade por meio do espaço SouGov. Há a possibilidade de integrar ele, o cadastro da TV e, também, o cadastro de serviços para que se possa ter, pela tela da televisão, acesso a serviços que hoje ainda são difíceis pelos dispositivos móveis em comunidades de baixa renda”, acentuou.
Oportunidades
Engenheiro de telecomunicações da Câmara dos Deputados, Carlos Neiva disse que a TV 3.0 trará uma série de oportunidades para os veículos públicos de comunicação.
“Além de ampliar o alcance, possibilitará a criação de novas faixas de canalização, bem como o direcionamento de políticas públicas nas mais diversas áreas”, disse, referindo-se, em especial, às áreas de saúde e de educação. “Mas para isso, como disse a Maíra, será preciso garantir estrutura de CDN. Só assim seremos acessíveis a todos”, afirmou o engenheiro ao enfatizar serem também necessários “investimento eficiente de recursos e políticas públicas para viabilizar o acesso aos novos receptores”, concluiu.
*Com informações da Agência Gov/MCom e da agência Brasil/EBC
Confira o seminário na íntegra:
Dia 1:
Dia 2: