Você conhece a diferença entre Recursos Educacionais Abertos e Objetos de Aprendizagem?
Com a ampliação do acesso a Tecnologias de Informação e Comunicação, a educação hoje é entendida de forma aberta, ou seja, o aluno e o professor passam a ser coautores no processo de ensino e aprendizagem. Essas mudanças fizeram com que as soluções tecnológicas para o ensino a distância (EaD) conquistassem a atenção no mundo como uma alternativa de menor custo para a expansão do ensino, com o benefício de melhorar a experiência de aprendizado do aluno em comparação aos cursos presenciais.
Influenciado pela cultura participativa da internet, esse modelo trouxe com ele novos conceitos como os Recursos Educacionais Abertos (REA), definidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como qualquer material suportado por mídia que esteja sob domínio público ou com uma licença aberta e que possa ser utilizado e adaptado por terceiros. Ou seja, para ser considerado um REA, é preciso que os materiais possam ser retidos, reutilizados, revisados, recombinados e distribuídos, sem a necessidade de pagamento de direitos autorais ou autorização adicional dos autores.
Nesse cenário, surgem os Objetos de Aprendizagem (OAs), que também são recursos, digitais ou não, com fins educacionais. Eles normalmente contêm vídeo, texto, imagem e outras mídias sincronizadas entre si, formando uma aplicação multimídia. No entanto, a principal diferença entre os dois conceitos está no formato aberto, uma vez que os REA precisam estar totalmente disponíveis para acesso e edição. Como exemplos de formatos abertos já consolidados, podemos citar o PNG para imagens, o WebM para vídeo e o HTML para páginas web.
Da mesma forma que esses recursos ampliam o número de materiais disponíveis, eles também podem ajudar os alunos a aprender mais rápido e melhor. Segundo o coordenador do Laboratório de Sistemas Avançados da Web da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Carlos Salles, essas ferramentas dão ao professor a oportunidade de despertar mais facilmente o interesse dos alunos, principalmente dos mais jovens, que consideram natural o hábito de buscar informações na internet para aprender.
“Um grande desafio para o professor é como ensinar certo conteúdo para uma turma plural, já que a aula é a mesma tanto para o aluno mais quanto para o menos preparado. Nesse aspecto, OAs e REAs podem apoiar essa discrepância, oferecendo ao aluno um conteúdo não linear, com diversas opções de navegação, para que ele possa individualizar a experiência de aprendizagem de forma mais próxima de suas necessidades”, explica Salles, que participou do desenvolvimento da ferramenta Cacuriá para a criação de Objetos de Aprendizagem, sem que o professor precise de conhecimentos em programação de computadores ou design. O Cacuriá foi resultado de um projeto da RNP em parceria com o laboratório da UFMA.
Atualmente, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolve a plataforma REMAR, que oferece ferramentas de autoria e publicação de REAs, entre eles a criação de modelos de jogos educacionais. “A possibilidade de oferecermos modelos de jogos abertos em uma plataforma onde eles podem ser facilmente adaptados por professores, para atender a outras demandas, é um grande ganho, com potencial para a difusão de conhecimento. Com a plataforma REMAR, qualquer pessoa pode criar o seu jogo, com o seu conteúdo e tudo fica disponível para todos, como recurso educacional aberto”, afirma a coordenadora do projeto na UFSCar, Joice Otsuka. A iniciativa é apoiada pela RNP e recebe recursos do Ministério da Educação, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Segundo ela, no caso de recursos mais complexos, como jogos e simulações, é necessário oferecer ferramentas que favoreçam a edição desses conteúdos, uma vez que o desenvolvimento de jogos educacionais envolve uma equipe multidisciplinar e, geralmente, um processo longo e complexo. “Dessa forma, é importante que sejam providas soluções que favoreçam um desenvolvimento mais sustentável e a colaboração. E essa é justamente a ideia dos REA”, complementa a pesquisadora.