“Amazônia não pode ser apenas fornecedora de matéria-prima”, afirma ministro Waldez Góes no Fórum RNP
Ministro da Integração e Desenvolvimento Regional faz apelo por políticas públicas que estimulem produção de conhecimento verdadeiramente amazônico
Ao iniciar sua participação no painel sobre a Amazônia no Fórum RNP, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, deixou claro que falaria não apenas como membro do governo federal e ex-governador do Amapá, mas principalmente como um “caboclo da Amazônia”, filho de extrativistas da região.
Góes, que presidiu o consórcio interestadual da Amazônia Legal quando era governador, ressaltou a importância de políticas públicas voltadas para a produção de conhecimento verdadeiramente amazônico. “É importante colocar em primeiro lugar os indígenas, os quilombolas, os extrativistas, os ribeirinhos, os assentados”, afirmou o ministro.
O ministro destacou, ainda, o papel da RNP nesse contexto, enquanto instituição capaz de apoiar a consolidação da conectividade na Amazônia, como por meio do Programa Norte Conectado, para que o conhecimento produzido possa ser acessado por todos. “Tudo isso é caro, mas mais caro ainda é a Amazônia ficar sem modelos bem definidos de projetos de desenvolvimento”, alertou Góes.
O painel foi mediado pelo gerente de relacionamentos da RNP, Rafael Pontes Lima. Participaram, ainda, o diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fapesp, Carlos Américo Pacheco, e Patrícia Ellen, sócia-presidente da consultoria Systemiq e ex-secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de São Paulo.
Pacheco fez coro com o ministro, e saiu em defesa de políticas de difusão que melhorem na prática a vida dos 20 milhões de habitantes da região amazônica. Segundo ele, a Fapesp participa do Amazônia+10, hoje ampliada para Amazônia+25, iniciativa de apoio à pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico e sustentável da floresta.
Já Patrícia Ellen aplaudiu o plano de transição ecológica que está sendo estudado pelo Ministério da Fazenda. Para Patrícia, a iniciativa tem todo o potencial para unir ciência, tecnologia e inovação com produtividade, combate às desigualdades e às mudanças climáticas.
Inpe desenvolve novo modelo unificado para previsão do tempo
Mais cedo, também na Arena I, o prof. Dr. Saulo Freitas, um dos keynote speakers do Fórum RNP, apresentou o MONAN, o Modelo Comunitário do Sistema Terrestre Unificado, que está sendo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde 2021.
Coordenador do comitê científico do MONAN, Freitas explicou como supercomputadores, inteligência artificial e machine learning estão sendo usados para desenvolver o novo modelo, que promete maior confiabilidade e precisão para a previsão de tempo, clima e ambiente no país.
Um dos principais diferenciais do MONAN, cujo projeto de desenvolvimento tem duração prevista de 10 anos, é o fato de ser um modelo único para todo o país. Isso, segundo Freitas, vai possibilitar avanços consideráveis em termos de qualidade de informações meteorológicas. Ele contou, ainda, que o acrônimo MONAN, construído a partir da sigla em inglês “Model for Ocean, LaNd and Atmosphere PredictioN”, não foi escolhido à toa: em tupi-guarani, a palavra significa “terra sem males”.
“Nós temos pela primeira vez no país uma comunidade que está focada, organizada e seriamente comprometida em colocar o país na vanguarda do conhecimento científico e tecnológico, provendo cada vez mais para a sociedade brasileira informações que efetivamente salvam vidas, reduzem prejuízos econômicos e permitem planejamento a longo prazo dos diversos setores da economia”, concluiu o Freitas.