Conheça Ingrid Barcelos, vencedora do prêmio “Para Mulheres na Ciência”
Apesar das contribuições para o desenvolvimento científico da sociedade, as mulheres ainda não têm o devido reconhecimento por descobertas históricas e essenciais para o mundo de hoje. Os trabalhos mais conhecidos ainda são de cientistas homens. Dentro deste contexto, pode-se considerar que ser cientista e mulher é um trabalho dobrado. Além da busca pelo conhecimento e inovação, existe ainda o esforço pela valorização e espaço.
O caminho tem seus percalços, mas hoje existem iniciativas com o objetivo promover a equidade de gênero no ambiente científico. É o caso do “Para Mulheres na Ciência”, programa da L’oreal Brasil em parceria com a UNESCO no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), que reconhece e estimula a participação feminina na ciência brasileira.
Nascida e criada em Belo Horizonte (MG), Ingrid Barcelos, de 35 anos, é uma das mulheres notáveis premiadas no programa. No Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), localizado em Campinas (SP), a pesquisadora ganhou reconhecimento na categoria Ciências Físicas pela sua pesquisa sobre o potencial da pedra-sabão.
A pesquisa de Ingrid é centrada na nanofotônica, que estuda como a luz se comporta dentro de materiais de estrutura muito pequena. Uma das possíveis aplicações da pesquisa é a busca por novos dispositivos capazes de interagir com radiação luminosa e matéria - luz e eletricidade - em escala nanométrica. Esse conhecimento abre possibilidades para o desenvolvimento de novas tecnologias com o fim de melhorar a eficiência de dispositivos como computadores e celulares. “A ideia é que esse chip de luz aumente a velocidade e diminua o consumo de energia elétrica”, explica a física.
A descoberta do uso da pedra-sabão diminui os custos de realizar os estudos, uma vez que uma das dificuldades em fazer pesquisa em nanofotônica é o preço dos materiais. “O trabalho com a pedra-sabão foi iniciado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Vários grupos decidiram explorar as propriedades desse novo material de acordo com suas áreas de pesquisa, inclusive eu. A pedra-sabão já demonstrou propriedades com potencial de serem aproveitadas como isolante de baixíssimo custo quando comparado com outros materiais destinados a aplicações similares”, diz.
Sobre vencer o prêmio, Ingrid destaca que esse é um divisor de águas em sua carreira. “Esse reconhecimento vai contribuir para abrir portas e aumentar a visibilidade. É um apoio para participação em eventos, formação profissional e divulgação da ciência. Espero que esse prêmio possa inspirar outras jovens pesquisadoras a continuarem lutando pelos seus sonhos, com dedicação e trabalho”, conta.
Ela ainda ressalta que que a inequidade de gênero é uma questão de peso na carreira de mulheres cientistas, mas se mostra otimista ao participar de iniciativas como o “Para Mulheres na Ciência”. “A situação das mulheres na academia ainda é uma questão complexa. A conquista de espaço no meio acadêmico não é fácil, já que compõe uma luta diária para sermos ouvidas e valorizadas. Uma premiação como essa é muito importante para dar visibilidade à trajetória profissional de jovens pesquisadoras”, finaliza.