Em clima nostálgico e ‘raiz’, WRNP resgata tradições do evento em meio ao debate sobre novas tecnologias
Primeiro dia da 25ª edição foi marcado pelo retorno do evento a um campus universitário, depois de mais de duas décadas
De volta a uma universidade depois de 24 anos, o Workshop RNP (WRNP) começou nesta segunda-feira (20) em clima misto de saudosismo e de expectativa sobre o impacto de novas tecnologias, em especial com os avanços robustos da inteligência artificial.
Realizada no Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ), a 25ª edição teve abertura da diretora de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da RNP, Iara Machado, que reforçou a importância de trazer o WRNP para um campus universitário — a última vez havia sido na 2ª edição do evento, em 2000, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Muito feliz de estar aqui começando mais um WRNP. E este é um WRNP ‘raiz’, voltando às origens. Fazer aqui na universidade foi um desafio e ao mesmo tempo uma experiência muito boa. Voltar para a casa onde me formei é incrível”, disse a física e pesquisadora, que fez mestrado em Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos na UFF.
De fato, todos pareciam estar em casa. Enquanto jovens estudantes percorriam o campus em direção às salas de aula, professores e pesquisadores se abraçavam e aproveitavam o ambiente universitário para relembrar encontros, projetos e, em muitos casos, os tempos de estudos e pesquisas conjuntas.
O passado encontrou o futuro em diversos momentos. No auditório principal, Michael Stanton e Demi Getschko, pioneiros da internet no Brasil, discursavam para o público sobre os 150 anos desde o ingresso do Brasil na “Internet Victoriana”, termo que se refere ao telégrafo. Do outro lado do evento, nos estandes de amostras dos projetos e parcerias que envolvem a RNP, estudantes davam os primeiros passos na carreira fazendo o pitch elevator da futura startup GuardAI, que usa inteligência artificial nos sistemas de segurança das universidades, para identificar furtos, roubos e invasões.
Pedro Rubinstein, de 19 anos, e Alexandre Chiacchio, de 24, alunos de engenharia da computação da UFRJ, se conheceram no laboratório CampusTech, grupo de trabalho da RNP voltado a soluções tecnológicas para universidades.
“Deu frio na barriga antes de chegar, mas assim que montamos nosso estande veio a calma porque acreditamos no projeto. A expectativa é que as pessoas gostem e se interessem pelo nosso trabalho, que está no começo, tem muita coisa para implementar, mas é por isso que estamos aqui. Vamos aprender muito mostrando nosso projeto. É muito gratificante participar”, afirmou Chiacchio, que está em sua segunda edição de WRNP.
O ambiente de aprendizado, que permeia todo o Workshop, também se estende aos veteranos. Diretor da rede e-Ciência na RNP e responsável pela coordenação executiva do 25º WRNP, Leandro Ciuffo, abraçou o cargo temporário de organização do evento em sua 15ª participação no WRNP: “o papel como organizador é diferente e propicia outro tipo de aprendizado. Adaptar o WRNP aqui para o campus foi um desafio, mas também muito gratificante porque conseguimos modificar o espaço, em conjunto com a universidade, para receber o evento”.
Para fechar o primeiro dia, a tradição e o compromisso com as origens do WRNP falaram mais alto, segundo Ciuffo. O diretor conta que nas edições pré-pandemia a música e a dança se misturavam aos projetos de tecnologia. Resgatando esse tipo de atividade, já conhecida pelos mais antigos do WRNP, a ideia desta edição foi uma apresentação de dança telemática, usando realidade virtual. “Nas últimas edições não tivemos isso e, desta vez, fizemos questão de retomar a arte com a tecnologia. As origens, de fato, voltaram ao WRNP”, concluiu Ciuffo.